Temporada de esqui na América do Sul promete agitação para esportistas e curiosos
Depois de uma temporada complicada provocada pela escassez de neve em alguns pontos e pela erupção do vulcão Puyehue, iniciada em junho de 2011 e responsável pelo cancelamento de diversos voos na América do Sul até o início deste ano, as principais estações de esqui da Argentina e do Chile se preparam para um inverno agitado em 2012. Entre junho e setembro, a expectativa é que milhares de brasileiros curtam as férias na neve em lugares como Bariloche, Villa la Angostura, Las Leñas, Chapelco e Ushuaia, na Argentina, ou Valle Nevado, Portillo, Chillán e Pucón, no Chile.
Entre todos esses destinos, é em Bariloche - chamada carinhosamente de Brasiloche -, como sempre, que mais se ouvirá portunhol. Segundo dados da Secretaria de Turismo da Província de Río Negro, onde fica a cidade, de 15 mil a 18 mil brasileiros devem aportar na região neste ano, boa parte deles vinda em voos semanais regulares fretados durante todo o inverno pelas companhias aéreas Aerolíneas Argentinas, Gol, LAN e TAM.
O que faz de Bariloche a queridinha dos brazucas é o seu caráter versátil. Cerro Catedral, a estação de neve mais famosa do pedaço, é ótima para os novatos que desejam perder o medo de se esborrachar na neve, mas também oferece boas opções de lazer para os experts em riscar a montanha.
Para chegar às 50 pistas da área, o visitante conta com 38 meios de elevação. Uma vez lá em cima, dá para fazer aulas de esqui e se arriscar ladeira abaixo, deslizar pela neve sentado em pranchas de plástico ou até encarar um snowtour, passeio guiado pela estação. E a vila em si, no chamada Centro Cívico, reúne tudo o que um refúgio de inverno deve ter: belíssimas paisagens marcadas pelo Lago Nahuel Huapi, hotéis aconchegantes, lojas de roupas e chocolates, restaurantes com lareiras e baladas para se esquentar madrugada adentro.
Muitos brasileiros também aproveitam a visita a Bariloche para fazer um passeio de um dia até Villa la Angostura, a 80 km dali e também banhada pelo Nahuel Huapi. O esquema bate-volta, porém, tem um quê de desperdício. Afinal, a pequena cidade, repleta de casinhas de madeira, preserva o clima bucólico que a vizinha famosa perdeu há muito tempo. Hospedar-se por lá é uma ótima chance de aproveitar Cerro Bayo, estação de esqui menor, porém bem menos muvucada do que Cerro Catedral, e que fica a 7 km da vila. O lugar é ideal para quem viaja com crianças, que têm mais espaço para brincar, ou para os casais que buscam um pouco de privacidade.
Outra estação que vale a pena conhecer na Argentina é Las Leñas, na província de Mendoza. A viagem desde Buenos Aires é longa - são 1.200 km de distância -, mas quem chega ali é recompensado com hotéis cinco estrelas, cassino e ótimos restaurantes. Isso sem contar as 29 pistas e os 15 meios de elevação - um deles novinho em folha, inaugurado em 2012 -, que fazem os fãs de esqui até tremerem de ansiedade (e não de frio, por favor!).
Febre entre os esportistas mais ousados, Las Leñas tem como característica a possibilidade de combinar três pistas – Apolo, Netuno e Vênus – que se transformam em uma “avenida” de 7 km de extensão montanha abaixo. É a descida de maior distância na Argentina. Tem que ter coragem e muita experiência para esquiar por lá.
Quem viaja em família pode aproveitar o ambiente relaxante da estação argentina de Chapelco para passear em trenós puxados por huskys siberianos
Bem mais calminha é a estação de Chapelco, situada na província de Neuquén. Lá, o grande barato é pilotar trenós puxados por huskys siberianos. Ou então contemplar o vulcão Lanín, vigia eterno do resort de inverno, na hora de passear pela charmosa vila de San Martín de los Andes, a 20 km dali.
Achou pacato demais? Então se mande logo para Ushuaia, a cidade mais austral do planeta, que fica na Terra do Fogo, na pontinha sul da Argentina. A exótica região serve de base para quem deseja curtir a estação de Cerro Castor, onde dá pra esticar o inverno até mais tarde, já que há neve até outubro. O apelido de “Lugar del Fin del Mundo” ajuda a justificar o fato de a montanha estar quase sempre vazia, para o deleite dos esquiadores e snowboarders de carteirinha.
Chile
Se em Ushuaia quase não se vê brasileiros, o mesmo não pode ser dito de Valle Nevado, a estação de esqui mais verde e amarela do Chile. Motivos para a invasão dos brazucas – que representam 70% dos turistas estrangeiros que vão à região – não faltam. O lugar está a apenas 70 km de Santiago, tem uma infraestrutura impecável e conta com 41 pistas cobertas com neve de ótima qualidade.
Valle Nevado é, também, a estação da América do Sul com mais novidades para 2012. Quem passar por lá neste inverno verá o primeiro teleférico de montanha do Chile, com quase 1 km de percurso; uma tirolesa que percorre 150 metros de extensão; e uma nova área de serviços, com direito a escola de esqui e snowboard, além de mais vagas de estacionamento.
Para os iniciantes, foi criado um setor com duas pistas específicas, uma para crianças e outra para adultos. Isso não significa, porém, que os esquiadores velhos de guerra não têm vez por lá. Valle Nevado também é venerado por quem gosta de exibir saltos e outras acrobacias na neve. Ou então praticar o heliski, modalidade que consiste em chegar de helicóptero a picos bem altos e, de lá, começar a descida. Haja espírito aventureiro.
De qualquer forma, quando a noite cai na estação chilena, não importa se você é fera ou novato com um par de esquis. No complexo hoteleiro da região, todo mundo se mistura. Isso porque a oferta de leitos, restaurantes e lojas atende a hóspedes dos mais variados perfis, de famílias a casais em lua de mel ou solteirões convictos. Boa parte dessa galera costuma relaxar do dia na montanha na piscina termal que fica ao ar livre, cercada por montanhas branquinhas.
Mas se esse é o seu ideal de férias de inverno, há um lugar melhor para curtir a temporada no Chile. Trata-se de Termas de Chillán, estação erguida nas encostas de um vulcão, 480 km ao sul de Santiago, e que por isso mesmo conta não só com uma, mas com diversas piscinas de águas borbulhantes que parecem implorar por um mergulho.
Menor, mais aconchegante e sensivelmente mais vazia que Valle Nevado, Chillán atrai casais, famílias com crianças e esquiadores sem experiência em busca de manobras mais fáceis. Prova disso é que a principal pista local, a Três Marias, maior em extensão da América do Sul, com 14 km, tem nível intermediário.
Cercada por um bosque de carvalhos, Chillán oferece ainda passeios em snowmobile (moto para neve) e em trenó puxado por cães ou caminhadas com raquetes nos pés, calçado próprio para andar na neve. E depois dos passeios dá para curtir os dois resorts que ficam na montanha, entre os quais se destaca o Gran Hotel, com restaurante, cassino, pub, spa e, claro, piscinas termais.
Agora, se a ideia é esquiar para valer, uma das melhores pedidas em 2012 é Portillo, estação de esqui chilena situada próxima à fronteira com a Argentina, aos pés do Aconcágua e às margens da bela Laguna del Inca. De 25 de agosto e 1º de setembro, rolará ali o Portillo Insider’s Camp, evento indicado para esquiadores de nível intermediário e avançado. A programação inclui cursos para troca de experiências e aperfeiçoamento de técnicas, além de muitas aulas práticas em algumas das 34 pistas locais.
Com regime de alimentação all inclusive, o resort também agrada a quem busca algo mais sossegado. Tanto que oferece experiências como degustação de vinho e uma série de atividades para crianças. É mais ou menos o mesmo esquema da longínqua Pucón, a quase 800 km de Santiago, onde a estação de esqui, com pistas para quem conhece ou não do riscado – sobretudo os fãs de snowboard, o esporte mais praticado por lá –, é apenas um adereço diante dos bosques, da vila charmosa e dos centros termais que a cercam. Quem viaja em família ou gosta de praticar trekking se dá bem por lá.
Como se pode ver, sobram opções para curtir as férias de inverno na América do Sul. Com neve garantida e a ameaça do Puyehue afastada, basta escolher a estação de esqui que mais atende ao seu estilo e aproveitar 2012 para fazer muita guerra de bolinha de neve. Ou então ficar diante da lareira, tomando um chocolate quente ou um vinho, o que também é uma delícia.
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