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Queridinho dos brasileiros, Los Roques preserva clima de paraíso intocado

Marina Gomes

Do UOL, em Los Roques

23/10/2012 07h52

O coração parte apertado do aeroporto de Caracas, na Venezuela. Ainda que haja alguns aviões maiores, com 40 lugares, a maioria faz o trajeto até o arquipélago de Los Roques em bimotores com 10 lugares. É preciso um pouco de fé para encarar a viagem, mas não se preocupe. O voo de meia hora é muito tranquilo. E nem pense em fechar os olhos, pois o cenário que se descortina é deslumbrante.

Ao se aproximar das ilhas pelo ar, o turista realmente percebe que está no Caribe. Lá embaixo, tons de azul claríssimo e verdes vão se mesclando e mostrando uma cartela de cores inimagináveis. O mar cristalino, barquinhos ao léu e bancos de areia montam uma visão perfeita do paraíso.

Apesar de usar uma pista minúscula cercada de água por todos os lados, o pouso é absolutamente tranquilo e, a partir de então, prepare-se para relaxar e acostumar seus olhos com a beleza de cada canto. Logo na chegada também é preciso pagar a taxa de preservação, já que se trata de uma área de reserva ambiental. Depois, é se entregar ao relaxamento.

Los Roques é um arquipélago venezuelano com 47 ilhas que tem recebido muitos turistas brasileiros no últimos anos. A maior de suas ilhas, Gran Roque, é onde estão a maioria dos 1.200 habitantes do local e a que oferece mais infraestrutura de pousadas e restaurantes. Mas não espere muita coisa. A vila é bastante simples e rústica e as opções de lazer restringem-se aos passeios de barco sobre a água transparente.

Por essa razão todos os dias a rotina é a mesma. Pela manhã o turista acerta o passeio com os barqueiros e segue rumo a uma ilha escolhida. As decisões são sempre muito difíceis. Ver milhares de estrelas do mar, corais exuberantes ou mergulhar com as tartarugas?

Cada ilha tem seu encanto e é impossível dizer que "quem viu uma, viu todas". Em comum, água transparente de tons maravilhosos, areia branquíssima e os pelicanos e gaivotas que serão seus companheiros de viagem. Na maior parte do ano, as ilhas ficam desertas, já que o arquipélago tem capacidade para receber poucos visitantes e ainda não está totalmente assimilado pelo turismo de massa mundial, ainda que um ou outro cruzeiro passe por lá.

  • Grupo de turistas se diverte ao lado do mar cristalino de Los Roques, na Venezuela

Após deixar os turistas nas praias, os barqueiros voltam para alto-mar. Por isso, é necessário ser autossuficiente: água, bebidas, protetor solar, repelente e alimento. Ir para lá sem comprar um snorkel e máscara é quase um crime, já que a melhor parte de Los Roques está embaixo d´água. É possível também alugar o equipamento no próprio arquipélago, embora os especialistas recomendem que cada um tenha seu próprio kit.

Sai ganhando quem já é mergulhador ou pretende fazer o curso por lá. Para se ter uma ideia, em Los Roques são encontradas 97% das espécies de corais existentes no mundo. É ou não é motivo mais que de sobra para convencer qualquer um a colocar a cabeça debaixo d´água?

Rusticidade

Apesar do cenário paradisíaco, não é uma viagem para quem procura conforto e luxo. Raríssimas pousadas oferecem banho quente (não que isso seja necessário) e muitos viajantes carregam seus almoços em um cooler (as chamadas "cavas", inclusas no regime de pensão completa das pousadas). Uma espécie de boia-fria chique, já que você não encontrará nada na maior parte das ilhas que não seja areia, mar e peixes coloridos.

  • Vista aérea de parte do arquipélago de Los Roques

Quem estiver em pousadas que não oferecem a "cava" do almoço precisa antes passar na padaria e garantir o “lanche”.

Ao retornar ao hotel no fim do dia não se preocupe com o jantar, pois a maior parte das pousadas oferece meia pensão, uma vez que não há muitas opções para comer fora.

Pizza e lanches começam a despontar na pracinha central de Gran Roque e três bares pé na areia garantem um pouco de agito noturno.

Nas pousadas mais caras (e geralmente de donos italianos) a variedade do cardápio é grande, enquanto nas médias geralmente o menu não muda: é pescado local, frito, assado ou cozido.

O horário do jantar é pontual: às 19h30, seja em qual pousada estiver, e os venezuelanos não gostam de atrasos.

Antes do jantar a melhor pedida é subir ao farol antigo para apreciar um lindo pôr do sol.

A caminhada é curta, menos de 10 minutos. Para quem pretende ter uma experiência diferente, outra opção é ficar hospedado em um veleiro.

Passeios

Os nomes de boa parte das ilhas de Los Roques vieram da adaptação do inglês para o espanhol. “French Cay”, por exemplo, virou Francisquí, enquanto “Northeast Cay”, é hoje Nordisquí, e assim por diante. Conheça, abaixo, algumas das principais ilhas do local:

  • Madrisquí e Francisquí: São as duas mais próximas de Gran Roque, a 15 minutos de barco. Ambas contam com restaurantes. Em Madrisquí ele fica em Cayo Pirata, uma ponta da ilha, e em Francisquí servem ótimas refeições, com destaque para o pargo frito e a lagosta (apenas em determinadas épocas do ano). Francisquí também é o local perfeito para prática de kitesurf.
     
  • Crasquí: Conta com alguns restaurantes e pousadas para camping, tudo bastante simples. Ótima para fazer snorkel e ver estrelas do mar.
     
  • Noronquí: Esse é o passeio para ver as tartarugas. Fica há meia hora de Gran Roque.
     
    • Passear de barco é uma das principais atividades do arquipélago venezuelano de Los Roques

    • Rabusquí: Local preferido de parada dos barcos para ver estrelas mar.
       
    • Cayo de Agua e Dos Mosquices: Cayo de Agua tem a fama de ser a ilha mais bonita (e é também uma das mais distantes de Gran Roque, cerca de 1h30 de barco). Difícil escolher entre a mais bonita de todas as ilhas, mas ao redor dessa pequena faixa de areia o mar toma cores impressionantes. Na ida para lá o barco faz uma parada em Dos Mosquices, onde fica a Fundação Científica de Los Roques, local de estudos de biologia e arqueologia, com destaque para o tanque das tartarugas.
       
    • Boca de Cote: Um dos melhores lugares para snorquel e mergulho, com variedade impressionante de peixes e corais.
       
    • Sebastopol: Outro ponto muito procurado para snorquel.
       
    • Boca del Bobo: Los Roques abriga 90 espécies de pássaros, sendo 47 migratórias, e a maioria fica nesse local. Também é um bom ponto para encontrar estrelas do mar.

    Serviço

    Como chegar: Voos diretos da Gol e TAM para Caracas, aeroporto de Maiquetia. De lá é preciso pegar avião no terminal nacional (fica ao lado do internacional) paga ir a Los Roques. Quem chega pela TAM precisa dormir em Caracas pois à noite não há voos para Los Roques. A viagem dura em média 30 minutos. Há limite de bagagem de 10kg e o excesso é pago. Uma das companhias que operam voos para Los Riques é a Aerotuy (www.tuy.com). A taxa de preservação para o ingresso no arquipélago custa 132,50 bolívar forte (cerca de R$ 50).