Topo

Região de Queen Street West em Toronto se renova com a chegada de novas lojas

Sarah Wildman

New York Times Syndicate

18/11/2012 07h45

A estilista têxtil Julie Jenkinson trabalhou feito louca para dar os toques finais em sua loja de objetos de decoração, a Verso, numa garagem antiga, antes da inauguração. Em outra cidade, no clima econômico atual, abrir um negócio desse tipo num lugar como esse – totalmente escondido da rua – seria suicídio. Não em Toronto. "Adoro esse cantinho, entre o Drake e o Gladstone", disse ela, referindo-se aos dois "art hotels" que ficam na Queen Street West.

Acontece na maior cidade do Canadá uma verdadeira explosão de pequenos núcleos de vanguarda, com bares, restaurantes e boutiques descolados perto de regiões de imigrantes; porém, a origem da nova porção indie de Toronto é a Queen Street West, um trecho onde começaram a pipocar lojas pequenas há pelo menos dez anos e que, recentemente, viu surgir uma nova onda de boutiques que, apesar de novas, se encaixam perfeitamente entre o comércio mais antigo.

A loja de Julie Jenkinson, a Verso (1160 Queen St. W., fundos, 416-605-6894, versocollection.com), está entre as recém chegadas. Abriu em junho, atrás da INabstracto (1160 Queen St. W., 416-533-6362, inabstracto.com), uma loja de móveis vintage que era pioneira há dez anos, quando a área era praticamente abandonada. Propriedade de Kate Eisen, sócia e companheira de Julie, a INabstracto oferece mesas, cadeiras e estantes em estilo moderno canadense dos anos 50 e 60, uma grande seleção de sacolas Freitag e obras de arte caras (como as ampliações de fotos antigas do metrô de Montreal por 130 dólares canadenses, praticamente equivalente ao norte-americano). A Verso oferece itens menores, como luminárias de mesa da Fostoria, Gerald Thurston e Jielde (de CA$ 350 a CA$ 650).

Em vez de encontrar cadeias de lojas, eu me deparei com a Ruins (960 Queen St. W., 416-725- 0723, ruinstoronto.com), uma loja de roupas que funciona há dois anos e vende peças desconstruídas para homens e mulheres da dupla de estilistas Michael Thomas, de 27 anos, que divide seu tempo entre Berlim e Toronto, e Joshua Reichmann, 35 anos, que também possui uma boutique. Entre os itens, um vestido regata longo de linho com costura enviesada perfeito para o verão (CA$ 150) e um blazer masculino sem costura com corte francês (CA$ 345, em promoção por CA$ 210).

Na Devil's Workshop (890 Queen St. W., 416-855-4321, thedevilsworkshop.ca) Sarah Wan, que trabalha com metal, e cinco designers de joias criam alianças e acessórios em prata, ouro e pedras semipreciosas ? e embora esteja nesse endereço há apenas dois anos, a loja existe há sete, sendo considerada uma das veteranas da Queen St. W. Na vitrine há peças como o colar "de pedaços de carvão", uma corrente delicada de prata com pedaços de turmalina preta (CA$ 90). Os materiais são mais macios (literalmente) na Lady Mosquito (1022 Queen St. W., 647-344-3266, ladymosquito.ca), onde os colares são feitos à mão no Peru em feltro reciclado multicolorido (cerca de CA$ 60).

Erin Hall, dona da Robber (863 Queen St. W., 647-351-0724, robberstore.com), diz que oferece criações de "estilistas independentes" como Erin Templeton, de Vancouver, que cria bolsas de couro (a partir de CA$ 190), e Diepo, que faz vestidos de seda levíssimos (CA$ 270).

Os lojistas veteranos veem os recém chegados com certa desconfiança. Lisa Miyasaki, que abriu a Kol Kid (674 Queen St. W., 416-681-0368, kolkid.ca) há nove anos, teme que a natureza independente da rua se fragilize, com "a subida dos aluguéis e a invasão das grandes lojas". Seu negócio é especializado em roupas infantis exclusivas e cestas de lona feitas à mão em cores brilhantes por CA$ 89,95. Colchas em estampas florais ficam penduradas numa das paredes; montadas em Montréal, elas custam CA$ 139,95.

Apesar de tudo, os novatos continuam chegando. Zane Aburaneh vende mochilas de lona e couro na A2Zane (753 Queen St. W., 416-803-7754, a2zane.com) na frente da Kol Kid, do outro lado da rua. Aburaneh trabalhou com a gigante das bolsas canadense Holt Renfrew e, quando finalmente abriu seu próprio negócio, em novembro passado, disse que não havia melhor lugar que a Queen Street West.