Visite as inspirações de Monet e Van Gogh em regiões francesas
Que tal conhecer duas cidades francesas, agradáveis, cheias de história e que foram cenários para dois artistas: Claude Monet e Vincent van Gogh?
Foi Giverny, na região da Normandia, que Monet escolheu para morar nos últimos anos de sua vida. Autor do quadro “Impressão, Nascer do Sol”, de 1873, que deu nome ao movimento impressionista, Monet escolheu a cidade à beira do rio Sena para viver e trabalhar até a sua morte, em 6 de dezembro de 1926, aos 86 anos. Um mês após se mudar, Monet disse que estava em êxtase. “Giverny é um país esplêndido para mim.”
Na cidade, localizada a uma hora da capital francesa, ele pintou seus quadros mais famosos, como a série “Ninfeias, Ponte Japonesa”, entre outros. E, admirando aquelas paisagens, fez desenhos em diferentes horas do dia para conseguir exprimir a luz que incidia no lugar, nas quatro estações do ano. A ideia, porém, já havia surgido antes, em outros lugares, principalmente por conta de opções de paisagens na época em que esteve em Poissy, nos arredores de Paris, e pintou, por exemplo, a “Cabana do Guarda Fiscal em Varengeville” (1882). As diferentes colorações e o traço impreciso no final da vida, porém, não se deram apenas por conta da incidência da luz, mas também devido à catarata que atingiu seus olhos.
Antes de viver em Giverny, Monet passou por outros lugares, na França e fora dela, munido de pincéis e cavalete, e tratou de eternizá-los. Pintou as pontes de Argenteuil, o inverno em Vétheuil, retratou o Parlamento inglês, o crepúsculo em Veneza, e muitas outras paisagens.
E foi vendendo as suas telas, desde meados dos anos 1880, que conseguiu comprar a sua casa em Giverny. Quando Claude Monet escolheu a cidade para morar, o crítico de arte do jornal Le Fígaro escreveu: “E Giverny vislumbra-se ao fim da estrada: a vila é bonita, mas sem grande caráter. Mas, subitamente, ao atingir a saída do burgo e ao continuar na estrada de Vernon, um espetáculo novo, extraordinário e inesperado como toda a surpresa saúda-nos. Apresenta-nos todas as cores de uma paleta, todas as notas de uma fanfarra: é o jardim de Monet”, conforme reproduz Christoph Heinrich, no livro Monet (Editora Taschen, 1994).
Hoje em dia
Atualmente, na propriedade que fica sugestivamente na Rue Claude Monet, funciona a fundação que leva o nome do artista, inaugurada em 1980. Visitantes podem entrar na casa e passear pelo belíssimo jardim repleto de flores e plantas, como vitórias-régias, azaleias, chorões, lírios e, claro, ninfeias.
Do lado de dentro da casa cor-de-rosa estão os aposentos do pintor e as réplicas de seus quadros, já que os originais encontram-se em diferentes museus do mundo, mas principalmente no Marmottan, D’Orsay, L’Orangerie, todos em Paris.
Em passeios de contemplação do lado externo, não dá para perder o Jardim de Água, onde está a Ponte Japonesa – tema de outros tantos quadros –, construída em 1895, e local onde hoje muitos turistas se acotovelam para tirarem as melhores fotos.
Entre os locais nos quais ele se inspirou, podem ser destacadas as obras: “La Maison de l'Artiste vue du Jardin aux Roses” (A Casa do artista vista do Jardim de Rosas), “La Barque” (O Barco), “Les Roses” (As Rosas), “Le Pont Japonais” (A Ponte Japonesa), “Nymphéas” (Ninfeias).
Lago das ninfeias com a ponte japonesa ao fundo na propriedade de Monet em Giverny, na França
O local é assimétrico, exótico e tem um quê da filosofia japonesa. E a paisagem parece um quadro pronto! Monet submeteu a natureza aos seus caprichos: transformou as belas paisagens em quadros inesquecíveis. Apesar dos motivos de suas obras, Monet não é um pintor de flores. O que ele busca é o encontro de cores, o efeito geral. Conforme escreve Heinrich, “as flores são os elementos que captam a luz, são uma festa para os olhos”. E que festa!
Em um passeio diferente daqueles que se costuma fazer em Paris, é possível passar uma tarde por ali absorvendo a cultura e aprendendo sobre arte, sentir o cheiro das flores, ouvir a água corrente. Ótimo é sentar-se em um dos bancos, esquecer da hora enquanto admira a paisagem. Enquanto isso, vale imaginar como vivia um dos mais importantes artistas e que marcaram as artes plásticas para sempre, fazendo seguidores por onde quer que suas pinturas passem.
Se não resistir, o local onde outrora funcionou um dos ateliês do artista, agora é uma loja de souvenirs bastante simpática e que vende gravuras dos seus quadros impressas em toda sorte de objetos. Uma recordação e tanto.
Fondation Claude Monet
Rue Claude Monet, 84, 27620
Tel.: 02 32 51 28 21
www.fondation-monet.com
De abril a 1º de novembro, das 9h30 às 18h. Ingresso gratuito para crianças de até sete anos, adultos pagam 9 euros.
Como chegar, partindo de Paris
De carro
Vernon está a 75 quilômetros de Paris. Saia pela Pont de Saint-Cloud e pegue a A13 (em direção a Rouen) por 55 quilômetros, até alcançar a saída 14 (Bonnières) ou 16 (Douains). A13 é grátis até Mantes-la-Jolie, mas tenha trocado para pagar 1,80 euro de pedágio e continue. Depois, saia em direção a Vernon ou Giverny, conforme as placas. Atravesse a ponte sobre o rio Sena, vire a direita na D5 e siga em frente por cinco quilômetros. O estacionamento é grátis em Giverny.
De trem
A partir de Paris, é preciso tomar o trem para Vernon na estação Saint-Lazare. O trajeto dura, em media, 45 minutos. Uma vez em Vernon, pegue o ônibus que sai dali mesmo e, em cinco minutos, estará em Giverny. Se preferir, há táxis também (15 euros). A pé, o trajeto possui sete quilômetros.
Auvers-sur-Oise
A 35 quilômetros ao norte de Paris está o local onde o pintor holandês Vincent van Gogh escolheu para viver durante os seus últimos 70 dias de vida. É claro que ele não sabia que a morte estava perto, até porque havia acabado de sair de um hospital onde ficou voluntariamente durante um ano, por conta de suas crises epiléticas. Porém, como estava cansado de ficar no asilo cercado por loucos, Vincent pediu a seu irmão, Théodore, que lhe ajudasse a sair dali e arrumasse outro lugar para morar.
Com a ajuda de outro grande pintor, Camille Pissarro, Vincent foi parar em Auvers: uma pequena e pacata cidade no interior da França, com paisagens deslumbrantes, além do clima ameno. Ou seja: tudo o que um artista como ele poderia querer para descansar a cabeça, mas sem diminuir sua vontade de usar freneticamente os pincéis.
Muitos de seus trabalhos mais famosos (como o dos corvos no milharal ou os das igrejas) foram pintados aqui. O visitante, aliás, pode observar as paisagens sob o mesmo ponto de vista do artista, e ainda recordar o quadro, já que há cópias das originais ao lado da respectiva paisagem.
A primeira coisa a fazer ao chegar ao simpático vilarejo é conhecer o Château d’Auvers-sur-Oise. Lá, o visitante será transportado para a época na qual viveram os grandes pintores franceses do século 19. Isso porque no castelo, que pertenceu a um rico banqueiro italiano, Lioni Zanobi, atualmente funciona um museu que tem como principal exposição a “Viagem ao tempo dos impressionistas”.
Adquirido em 1987 pelo Conselho Geral do Val d’Oise, o prédio foi restaurado e abriga, desde 1994, o percurso repleto de explicações, interatividade e motivos lúdicos para entreter o visitante. Então, como se estivesse em um trem e com outras salas e explicações, sempre em francês, mas com possibilidade de se alugar aparelhos tradutores, é contada uma história e o turista é enviado à época em que viveram os pintores que fizeram parte do movimento que ficou conhecido como Impressionismo.
Gravura da obra "Le champ de blé aux corbeaux" ("Campo de trigos com corvos") e o local de onde ele foi pintado por Vincent van Gogh, em Auvers, na França
Outros passeios
Depois de conhecer o castelo, construído no século 17, outro ponto de interesse é o cemitério de Auvers, pois é ali que repousam Vincent (1853-1890) e Théodore (1857-1891), ao lado de lindas rosas, comuns em diversos jardins da cidade.
Em uma das ruas principais da cidade, está o Albergue Ravoux, conhecido como Maison de Van Gogh. Lá está o pequeno quarto onde Vincent passou dez semanas, pagando 3,50 francos por dia. Na sala de almoço do albergue, está o ambiente animado dos cafés de artistas de outros tempos.
Outro museu da cidade é o do absinto, bebida de cor verde que foi proibida na França desde 1915. Ali há uma coleção de arte e itens relacionados à bebida que permitem ao visitante um olhar incomum sobre a sociedade do século 19. A igreja local, assim como outros pontos da cidade, exibe a gravura do quadro inspirado nela, a obra “L`Eglise d`Auvers”, cujo original está no Museu d’Orsay, em Paris.
Chateau d’Auvers
Rue de Léry, s/n.
Tel.: 01 34 48 48 45
www.chateau-auvers.fr
De abril a setembro, de terça a domingo e feriados, das 10h30 às 18h; de outubro a março, das 10h30 às 16h30 durante a semana. Ingresso gratuito para crianças até seis anos; adultos pagam 13 euros
Auberge Ravoux "Maison de Van Gogh"
Rue du Général de Gaulle, 52
Tel.: 01 30 36 60 60
www.maisondevangogh.fr
Aberto para visitação de quarta a domingo, das 10h às 17h30. Ingresso: 6 euros
Musée de L’Absinthe
Rue Alphonse Callé, 44
Tel.: 01 30 36 83 26
Funcionamento: de meados de junho a meados de setembro, de quarta a domingo, sendo das 13h30 às 18h, de quarta a sexta-feira, e das 11h às 18h, aos sábados e domingos; de setembro a junho, o museu só funciona aos sábados e domingos, das 11h às 18h. Ingresso: 4,5 euros
Como chegar, partindo de Paris
De carro
São 35 km ao norte de Paris pela A15, saída 7, depois N184, saída Méry-sur-Oise para Auvers.
De trem
A partir da Gare du Nord, faça baldeação em St-Ouen L’Aumone (trajeto total de cerca de uma hora).
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