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Conheça os restaurantes estrelados pelo Michelin em Berlim

O elogiado Horvath, em Berlim, tem vista para o canal Landwehr, em Kreuzberg, que recentemente deixou de ser um bairro considerado decadente para abrigar boutiques, ateliês e cafés - Gordon Welters/The New York Times
O elogiado Horvath, em Berlim, tem vista para o canal Landwehr, em Kreuzberg, que recentemente deixou de ser um bairro considerado decadente para abrigar boutiques, ateliês e cafés Imagem: Gordon Welters/The New York Times

Molly Hannon

New York Times Syndicate

04/05/2013 14h07

Numa noite fria de inverno, o aroma inconfundível do foie gras e da barriga de porco se misturam com o cheiro forte das folhas de mostarda no salão de um restaurante que aproveita a fama que a estrela do Michelin lhe trouxe. O cardápio é digno de um bistrô requintado de Paris, mas o Horvath, na verdade, fica um pouco mais distante, em Berlim. A cidade agora possui nada menos que treze restaurantes estrelados, mais do que qualquer outra na Alemanha. Os símbolos, recebidos nos últimos anos, são um sinal inegável de que o centro culinário do país já não é mais em Munique ou Hamburgo.

"Há dez anos, ninguém nem sonhava em ver restaurantes estrelados por aqui", conta Christian Tanzler, porta-voz do Visit Berlin, principal agência de turismo da cidade. "Porém, depois que o muro caiu, tudo mudou drasticamente e o clima cosmopolita e progressista passou a atrair artistas, escritores e chefs. A cozinha alemã, e principalmente a berlinense, começou aos poucos a mudar."

Entre os mais elogiados estão o Horvath (Paul-Lincke-Ufer 44A; 49-030-6128-9992; restaurant-horvath.de), cujas paredes cobertas de lambris e iluminação discreta de chalé alpino contradizem seus pratos ambiciosos. A casa dá para o canal Landwehr, em Kreuzberg, que recentemente deixou de ser um bairro considerado decadente para abrigar boutiques, ateliês e cafés. "Meu restaurante não se parece com uma casa que tenha sido agraciada com uma estrela do Michelin – não mesmo – porque ainda não ganhamos o suficiente para decorar", conta Sebastian Frank, o chef austríaco, numa tarde tranquila no meio da semana. "No momento, estamos mais preocupados com a qualidade da comida e dos vinhos." O reconhecimento veio em 2011.

A localização do Lorenz Adlon Esszimmer (Unter den Linden 77; 49-030-2261-1960; kempinski.com/de) no elegante Hotel Adlon Kempinski, perto dos Portões de Brandemburgo, sugere a velha Berlim; o lema do restaurante, porém, é: "Tradição é comer modernidade", refletido nos pratos preparados com esmero por Hendrik Otto - como o bacalhau com molho de mostarda e manjericão, que usa ingredientes locais, mas foi inspirado numa viagem de férias durante a qual o chef comeu peixe grelhado simples mergulhado no molho. Esses pratos inusitados lhe renderam a segunda estrela em 2012.

A algumas quadras dali fica o elogiadíssimo Mitte is Reinstoff (Schlegelstrasse 26c, Edison-Hofe; 49-30-3088-1214; reinstoff.eu), que também recebeu duas estrelas no ano passado. Seus pratos são criados para "manipular" o paladar. Durante a visita que fiz, no ano passado, isso se traduziu numa entrada de fígado de ganso sobre waffle de milho e salada de cogumelos cujo objetivo era "despertar os sentidos", segundo o nosso garçom; a seguir, uma montagem de miniaturas de pratos principais: caranguejo gigante da Noruega, carne de cervo, tataki de carne de veado com gengibre, marmelo e alcaçuz e um filé de gado Charolais preparado à perfeição com creme de alho para "mimar os sentidos". As ideias do Reinstoff podem ser um tanto extravagantes para Berlim, mas o chef, Daniel Achilles, consegue, como poucos, fundir os produtos locais com os sabores internacionais.

O fato de os restaurantes de Berlim, cidade onde a reinvenção é norma, terem recriado a cozinha alemã não deveria ser surpresa para ninguém; na verdade, a atenção que estão recebendo é uma consequência natural. É o melhor momento para se comer por ali e o Michelin sabe disso.