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Perto de Caraguatatuba, Paraibuna tem cultura e gastronomia tropeira

Elaine Kawabe

Do UOL, em Paraibuna (SP)

14/05/2013 08h05

Paraibuna fica no meio do caminho para quem desce a rodovia dos Tamoios rumo ao litoral norte de São Paulo. Localiza-se a apenas 51 km de Caraguatatuba (SP). No verão e nos feriados, quando a estrada fica congestionada, essa pacata cidade é uma boa pedida para quem está prestes a retornar à capital.

Cercada de montanhas, banhada por rios e represa, Paraibuna proporciona uma temperatura média de 20ºC durante o ano. Na estação mais quente, a máxima é de 32ºC; no inverno, a temperatura pode cair a até 7,5ºC.

A cidade foi fundada em 13 de junho de 1666 e, até o início do século 20, era conhecida como “celeiro do Vale do Paraíba”, devido à produção de café, milho, feijão e aos rebanhos de gado leiteiro. Atualmente, a economia gira em torno do comércio de beira de estrada - restaurantes, bares, lanchonetes - e também das pousadas.

A arquitetura colonial é predominante nas construções do centro, como se vê na Paróquia Santo Antônio de Paraibuna, erguida em 1872, em taipa, e reformada em 1954, no mercado municipal e na bica d’água, local onde, no passado, os tropeiros matavam a sede, descansavam os animais antes de seguir viagem e faziam suas refeições. Em geral, eles comiam o “afogado”, mais conhecido como “fogado”, que é como os paraibunenses chamam o prato típico da cidade.

Feito com carne e acompanhado de farinha de mandioca e arroz branco, o prato é considerado um patrimônio histórico-cultural do município desde 2005. Surgiu no século 19, quando as carroças ainda eram puxadas por gado. Depois de velho, o animal era abatido para virar carne-seca, e o que sobrava - as partes duras, as pernas - destinava-se aos empregados. Eles cortavam a carne em pedaços e a “afogavam”, isto é, cozinhavam tudo numa panela com água e sal a noite inteira para amolecer.

O tutano do osso se derretia, dando um sabor especial à carne. Com o passar dos anos, outros temperos e acompanhamentos foram adicionados à receita original, conquistando até mesmo o paladar das pessoas mais refinadas da região. Ainda hoje o “fogado” é presença garantida nas festas de casamento em Paraibuna e pode ser saboreado no mercado municipal e nos restaurantes da cidade.

Outra iguaria típica da cidade é o pastel do Manezinho, “aquele que vira sozinho”. Durante a fritura, o pastel vira sozinho, ficando igualmente frito nas duas faces. A “mágica” é mantida em segredo a sete chaves pelas irmãs Maria de Lourdes, Maria Aparecida, Terezinha e Bernadete, filhas do falecido Manuel (“Mané”) Stábile, inventor do salgado, feito à base de farinha de milho e recheado com carne ou queijo.

  • Divulgação / Prefeitura de Paraibuna

    Em gincana de Paraibuna, os participantes descem o rio Paraíba do Sul em boias gigantes

Atualmente, o pastel só é vendido aos sábados e domingos num barzinho que tem uma placa com os seguintes dizeres: “O legítimo pastel do Manezinho”. O barzinho fica perto do mercado municipal. E, de sobremesa, não deixe de saborear os doces de banana da marca Bananinha Paraibuna, cuja fábrica existe desde 1975, com produtos vendidos em todo o país.

Mais passeios

Na década de 60, os rios Paraibuna e Paraitinga foram represados, dando surgimento ao rio Paraíba do Sul, cuja vazão é controlada pela usina hidrelétrica da CESP (Companhia Energética de São Paulo).

Localizada no bairro Rio Claro, em Paraibuna, a usina possui duas turbinas de 43 megawatts de potência, capazes de gerar energia para uma cidade com mais de 340 mil habitantes. Aberta a visitação, a usina de Paraibuna também é uma estação de preservação de espécies de vegetação e animais em extinção. Lá se produzem mudas de mais de 100 espécies de plantas nativas da Mata Atlântica e se reabilitam aves como jacutinga, jacu, jacupemba, macuco, maritaca e nambu-chororó.

Há também o Centro de Hidrologia e Aquicultura, dentro da usina, onde é feito o trabalho de reprodução e soltura de peixes como pirapitinga do sul, surubim da Paraíba, curimba e outros.

Outro passeio imperdível é conhecer a fazenda cultural Valsugana, que produz café gourmet orgânico. Durante a visita guiada, o visitante aprende a história da chegada e do cultivo do café no Brasil. No final do passeio, os donos da casa oferecem aos convidados a oportunidade de degustar a bebida. Há também um pequeno museu com utensílios domésticos, ferramentas, moedas e outros objetos, alguns encontrados na fazenda e outros nos arredores dela. 

ATRAÇÕES

Paróquia Santo Antônio de Paraibuna (igreja matriz): Construída em 1872, a igreja era feita de taipa e se manteve assim até 1954, quando foi reformada. Pça. Monsenhor Ernesto Almírio Arantes, s/nº, centro. Diariamente. Gratuito.
Mercado municipal: Vende artigos de couro, panelas, doces caseiros, artesanato e refeições. Diariamente. R. Manoel Antônio de Carvalho, centro. Gratuito.
Marina Tamoios: Localizada dentro da Pousada Iguatiba, oferece passeios de barco e caiaque. Diariamente, das 8h às 16h. Acesso pela rodovia dos Tamoios, km 50 (sentido São José dos Campos). Depois percorrer mais 2 km de estrada de terra.Tel: (12) 3974-7216 / 1117. www.marinatamoios.com.br
Mirante Cruzeiro: Do alto do mirante se tem a vista da cidade de Paraibuna e da rodovia dos Tamoios. R. Vera Cruz, s/nº, bairro Cruzeiro. Diariamente. Gratuito.
CESP (Companhia Energética de São Paulo): Rod. dos Tamoios, km 38, bairro Rio Claro, s/nº, 5 km de estrada de terra. Visitas agendadas. Seg. a sex., das 8h às 12h e das 14h às 17h. Gratuito. Tel.: (12) 3974-2010 / 2024. www.cesp.com.br
Pastel do Manezinho: R. Padre Antônio Pires do Prado, 3 (antiga rua da Bica), centro. Aberto sáb. e dom., das 8h30 às 17h. Tel.: (12) 3974-0370 / 0166.
Bananinha Paraibuna: Desde 1975 a empresa produz doces feitos de banana que são vendidos em todo o país. A loja da fábrica (Armazém Sabores de Paraibuna) fica na pça. Major Marcelino Amanso de Moura, 50, em frente à rodoviária da cidade. Aberta de seg. a sáb, das 8h às 20h, e dom., das 8h às 13h. www.bananinhaparaibuna.com.br

Eventos

Paraibuna foi fundada em 13 de junho de 1666, dia de Santo Antônio, padroeiro da cidade. No dia do aniversário, que coincide com as festividades juninas, os habitantes vão até o centro assistir à missa campal, acompanhar o desfile da cavalaria nas principais ruas e ganhar um pedaço do “bolo casamenteiro”, que é distribuído todos os anos.

Além das tradições religiosas e folclóricas que marcam a fundação da cidade, outros eventos também animam o calendário dos paraibunenses, como a Pamonhada, que chega a atrair até 5.000 visitantes por dia.

Simultaneamente com o Carnaval, a festa da pamonha acontece no largo do mercado municipal. Um batalhão de 200 voluntários corta, descasca, lava e tritura milhares de espigas de milho para preparar a massa da pamonha, nas versões doce e salgada. Depois de pronto, o quitute é embalado um a um na palha do milho e vendido nas barraquinhas. Toda a renda da festa é doada para o Lar Vicentino de Paraibuna.

Depois da Pamonhada, outra atração que agita Paraibuna é a Piaboia. Cerca de 800 pessoas participam da divertida gincana aquática, transformando câmaras de pneus de caminhão em embarcações alternativas - os mais ousados montam jangadas com garrafas pet. O objetivo é conseguir descer um trecho do rio Paraíba do Sul e chamar a atenção para a preservação ambiental. A Piaboia acontece no último fim de semana de novembro.

Pelo fato de ter rio, represa e muita vegetação, a cidade também sedia eventos esportivos como o Iron Adventure São Paulo, enduro a pé em trilhas acidentadas, e o Triptrail, prova de mountain bike, ambos em outubro; o Cross Triathlon, em novembro; o Topave (Torneio Vale Paraibano de Pesca Esportiva), em abril; e a Regata da Cidade, competição de barco à vela que acontece em fevereiro.

COMO CHEGAR

De carro - Saindo de São Paulo, há duas opções: pela rodovia Presidente Dutra ou pela Ayrton Senna. Via Dutra: pegue a marginal Tietê, sentido Guarulhos. Na Dutra, há três pedágios. Siga as placas indicando litoral norte / Tamoios. Na rodovia dos Tamoios, dirija cerca de 33 km. Via Ayrton Senna: na marginal Tietê, pegue o acesso para a rodovia Ayrton Senna. Depois de passar por três pedágios, a rodovia interliga-se com a estrada dos Tamoios. Siga as placas indicando litoral norte / Tamoios.

De ônibus - Do terminal rodoviário Tietê, a empresa Pássaro Marron / Litorânea vai a Paraibuna e outras cidades do Vale do Paraíba. Diariamente, das 7h às 21h. Duração: 1h50. Preço: R$ 26,15. Tel: 0800-285-3047.
www.passaromarron.com.br

ONDE FICAR

Pousada Iguatiba
Possui chalés, suítes, piscina, spa, restaurante e marina. Estrada dos macacos. Acesso pela rodovia dos Tamoios, km 50 (sentido São José dos Campos). 2 km de estrada de terra.
Tel: (12) 3974-7216 / 1117
www.pousadaiguatiba.com.br

Pousada Alto da Serra
A pousada tem cachoeira, represa, trilha, piscina, ofurô, restaurante e suítes. Estrada Pouso Alto. Acesso pela rodovia dos Tamoios, km 67,5 (sentido São José dos Campos). Depois, siga mais 4 km de estrada asfaltada esburacada.
Tel: (12) 3897-4000 / 3027-8617
www.pas.com.br

Sítio e pousada Recanto dos Pássaros
Piscina, salão de jogos, trilhas e passeios de cavalo. Estr. do Ribeirão Branco, Km 6, bairro Capim d’Angola.
Tel: (12) 3974-0145 / (12) 9723-6053
www.paraibunasp.com.br/recantodospassaros

PORTAIS REGIONAIS

Prefeitura de Paraibuna
www.paraibuna.sp.gov.br

Explore Vale
www.explorevale.com.br

Paraibuna SP
www.paraibunasp.com.br
 

Tradutor: Paraibuna é opção de passeio para quem vai ao litoral norte paulista