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Trabalho voluntário em fazendas garante hospedagem e novas experiências

Anelise Sanchez

Do UOL, em Roma

16/01/2014 08h05

Se você ama o contato com a natureza, o estilo de vida sustentável e o voluntariado sempre foi o seu forte, memorize essa palavra: WWOOF. Essa sigla, que significa "world wide opportunities on organic farms", transformou-se na modalidade preferida de viagem de muitos jovens europeus.

Ainda hoje, para vivenciar uma nova cultura, muitos brasileiros sonham com a possibilidade de um intercâmbio, quase sempre muito dispendioso, ou com a chance de um trabalho remunerado e temporário em um país estrangeiro.

No entanto, a experiência oferecida pelas diversas sedes da associação WWOOF representa uma alternativa para quem busca algo além do aprendizado de um novo idioma. Transformando-se em um voluntário, também chamado de wwoofer, você abraça uma causa nobre, que é colaborar com uma das diversas fazendas de produtos orgânicos espalhadas pelo mundo.

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A proposta permite a descoberta de uma nova cidade fugindo dos clássicos roteiros turísticos, engajando-se em um trabalho que respeita o meio ambiente e fazendo amizades que superam diferenças culturais.

Tudo começou em 1972, na Inglaterra, quando os primeiros wwoofers passaram um final de semana colaborando com uma fazenda em troca do próprio sustento. Por esse motivo, inicialmente o nome da organização era Working Weekends on Organic Farms. Com o passar dos anos a ideia decolou, não limitando-se somente aos sábados e domingos, e hoje o mundo inteiro conta com mais de 40 grupos da organização.

"Os interessados no programa devem ter pelo menos 18 anos de idade, boa vontade e interesse pela agricultura biológica ou biodinâmica", explica Claudio Pozzi, presidente da WWOOF Italia. “Não se trata de férias grátis, mas de uma troca de experiências”, sublinha.

Contribuindo com uma pequena taxa, que na Itália é de 25 euros, os futuros voluntários inscrevem-se na associação WWOOF do país para o qual pretendem viajar e a hospedagem e a alimentação ficam por conta da fazenda na qual o wwoofer deverá trabalhar.

Cada inscrito recebe uma senha que dá acesso a uma lista das fazendas associadas à rede WWOOF. Em seguida, para decidir qual a estrutura mais indicada para a própria permanência, é possível interagir com outros voluntários nos fóruns online criados pela associação. Quanto mais conselhos e dicas conseguir obter, melhor.

  • Tim Harris/Divulgação

    Em uma fazenda americana, crianças aprendem desde pequena o respeito pela terra e os esforços que a agricultura exige

Traci Wilson-Brown, gerente da WWOOf Australia, comenta que em seu país a associação possui um diretório de mais de duas mil fazendas anfitriãs dispostas a oferecer alimentação e hospedagem em troca de quatro a seis horas por dia de trabalho. “O candidato pode fazer uma escolha baseando-se em critérios culturais, geográficos ou ainda pela afinidade com a filosofia de determinada fazenda, como aquelas que optam pela agricultura biodinâmica, por exemplo”.

Vale a pena acrescentar que não se trata de uma atividade que eventualmente substitui o trabalho remunerado de outros funcionários permanentes, mas de aproveitar a chance real de aprender de perto técnicas como aquelas da extração de azeite, típica de países mediterrâneos, os segredos da apicultura, os métodos para a produção de vinhos, queijos, ou ainda os truques para a criação de cabras alpinas. “Por essas razões, na Austrália os wwofers recebem do departamento de imigração um visto de turismo”, observa Traci.

O programa está presente em países como Estados Unidos da América, com 1.300 fazendas associadas, China, Nepal, Canadá, Itália, Suíça, Grécia, Gana, México, Alemanha e Austrália, entre outros, e aceitam não só viajantes solitários, mas eventualmente um grupo de amigos ou casais.

A duração do programa deve ser definida entre o voluntário e o proprietário da fazenda e pode ser de dias ou até de alguns meses. O ideal é definir antecipadamente as próprias expectativas para tirar o melhor proveito de sua estadia. Se a sua meta for os Estados Unidos da América, lembre-se que o pedido de visto para ingressar no país deve ser feito com muita antecedência e é recomendável obter um seguro de viagem antes de partir.

As fazendas associadas à rede WWOOF não colaboraram com a obtenção de vistos e quase sempre os voluntários participam do programa com um visto de turismo. Para mais informações, visite o site http://wwoof.org para consultar os links das inúmeras organizações presentes nos diversos países.