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Ashrams são opção para quem quer desacelerar, meditar e praticar ioga

Marina Oliveira e Thaís Macena

Do UOL, em São Paulo

03/07/2014 07h00

Para colocar em prática uma das três palavras que nortearam seu ano sabático, a autora de “Comer, rezar e amar” (Editora Objetiva), Elizabeth Gilbert, foi parar em um ashram na Índia. Lá, ela trabalhou a devoção em busca da paz interior, aprendeu a meditar e até fez voto de silêncio. A rotina descrita nas páginas do best-seller e retratada nas telas por Julia Roberts, que viveu a protagonista na adaptação para o cinema, é a de milhares de pessoas que anualmente chegam a esses lugares em busca de autoconhecimento.

“A palavra ashram significa: local onde mora um guru ou acharya (professor). É onde as pessoas se reúnem para estudar”, explica Erick Schulz, diretor do Instituto Naradeva Shala, especializado em cultura hindu. “Normalmente, vamos a um ashram com o objetivo de aprender o que se ensina lá, mas ele também pode ser uma opção para um retiro espiritual”, diz.

Na Índia, os mais procurados pelos estrangeiros são os que ensinam ioga, artes ou sânscrito - a língua da literatura e da ciência hindu. O ayurveda, o sistema tradicional de medicina indiana, também pode ser lecionado em um ashram. Porém, nem todos os estabelecimentos aceitam turistas de outros países como hóspedes.

Parmath Niketan: Na cidade de Rishikesh, na Índia - Divulgação - Divulgação
Parmath Niketan, na Índia, tem arquitetura deslumbrante e abriga mais de mil quartos
Imagem: Divulgação

Rishikesh é uma das cidades que recebe bem os estrangeiros. Considerada a capital mundial da ioga, a região concentra diversos ashrams. No entanto, para quem pretende se aventurar nesses locais, o primeiro passo é saber que eles não se parecem em nada com os hotéis tradicionais. A diferença é enorme, inclusive. Além de possuírem estrutura simples – muitos oferecem apenas quartos coletivos e banheiros compartilhados – os ashrams tradicionais estabelecem uma rotina a ser seguida por todos os que decidem se hospedar lá.

“É comum as pessoas acreditarem que, por pagarem uma taxa pela hospedagem, poderão fazer o que quiserem. Mas em um ashram não é assim que funciona. Esse não é um destino para quem pretende simplesmente tirar férias, há tarefas que precisam ser cumpridas independentemente de se gostar ou não delas”, diz Tandava Chaitanya, staff do Centro Sivananda de Yoga Vedanta, em Porto Alegre.

A taxa a que Chaitanya se refere geralmente varia entre R$ 7 e R$ 30 por dia. Ela cobre os custos de hospedagem e alimentação. Porém, em muitos locais, os hóspedes também são convidados a trabalhar voluntariamente, para ajudar na cozinha, para limpar os banheiros ou até para separar o lixo do local.

Ecohar Yoga Ashram: Em Maragogi, Alagoas - Divulgação - Divulgação
Em Maragogi (AL), o Ecohar Yoga Ashram tem ar-condicionado e banheiro privativo
Imagem: Divulgação

O dia em um ashram começa cedo, por volta das cinco horas da manhã, quando todos se reúnem para fazer a primeira prece. As horas seguintes são preenchidas com meditação, aulas de ioga e cerimônias religiosas. O café da manhã só é servido por volta das oito e meia. No local, todas as refeições são simples e, na maior parte das vezes, vegetarianas. Antes das dez horas da noite o silêncio já impera no local, para que todos possam se preparar para um novo dia.  

A escolha certa
Pesquisar sobre o ashram em que pretende se hospedar, antes de decidir, é imprescindível. Isso porque cada local é regido por uma filosofia diferente, apesar de todos terem como base os preceitos do hinduísmo. Ainda assim, as regras e costumes podem mudar. Em geral, esses locais aceitam pessoas de todas as religiões e proíbem o consumo de carnes, bebidas alcoólicas, drogas e cigarro. O tempo livre é limitado a algumas horas do dia.

E para quem não está disposto a abrir mão de alguns hábitos para se espiritualizar, já há, na Índia, muitos estabelecimentos que adequaram sua estrutura para ficarem mais parecidos com um ashram. São hotéis com estrutura turística que oferecem aulas de ioga, meditação, massagens indianas e refeições vegetarianas. Além é claro, de uma rotina mais flexível.

Fora do continente asiático também há opções. Países como Reino Unido, Nova Zelândia e até mesmo Brasil oferecem moradas com inspiração indiana e uma rotina focada no equilíbrio entre corpo e mente.