Hostels investem em infraestrutura para hospedar famílias com mais conforto
Suzel Tunes e Maísa Correia
Do UOL, em São Paulo
29/09/2014 07h15
Com hospedagens mais simples e baratas do que as convencionais, os hostels, conhecidos durante muito tempo como “albergues da juventude”, chegaram ao Brasil na década de 1960, em pleno movimento hippie. Durante muitos anos tiveram sua imagem relacionada ao jovem que coloca uma mochila nas costas e bota o pé na estrada. Para esse público, a oportunidade de fazer amizade com gente de diferentes partes do mundo compensava as limitações de conforto.
Esses estabelecimentos, em geral, ofereciam apenas quartos com banheiros coletivos, armários individuais com chaves e cozinhas para os próprios hóspedes prepararem suas refeições. Hoje em dia o espírito jovem e descontraído desses locais se mantém, mas é cada vez mais comum encontrar hostels com quartos privativos e outras comodidades, com o objetivo de atrair casais com filhos - em cidades como São Paulo, há hostels que investem também em executivos.
Segundo dados do Ministério do Turismo, o número de hospedagens alternativas em 2013 cresceu 33%, em relação ao ano anterior. E muitos desses novos hostels estão investindo em quartos com cama de casal, TV a cabo com programação infantil, salas de jogos com sinal wi-fi e até decoração mais caprichada.
Silvana Furtado, professora do curso de Turismo da Universidade Anhembi Morumbi, diz que, no exterior, é bastante comum encontrar famílias que buscam esse tipo de hospedagem.
Esse é o caso da portuguesa Joana Batista, 38, profissional de marketing e mãe de dois meninos, de 12 e 15 anos. Eles já visitaram Bruges (Bélgica), Amsterdã (Holanda), Curia (Portugal), Estocolmo (Suécia) e Londres (Inglaterra), sempre hospedados em hostels. “Gostamos de ficar em locais centrais nas cidades, que têm edifícios com história, onde há uma sala de convívio e uma cozinha na qual todos podem preparar refeições e partilhar experiências de viagem”, diz.
Segundo Joana, que mantém um blog para compartilhar suas experiências, atualmente os hostels “estão na moda” na Europa. “Há cada vez mais opções e estão mais bonitos: a decoração e o design são muito valorizados. Para escolher, sempre leio o comentário de outros hóspedes e procuro os que têm melhor avaliação”, diz.
No Brasil, a oferta de serviços voltados às famílias é relativamente recente, de acordo com a professora Silvana. E, para garantir a qualidade do atendimento, o ideal é buscar hostels credenciados pela Hostelling International (HI) que, no nosso país, tem como representante a Federação Brasileira de Albergues da Juventude.
Itens como limpeza, segurança, conforto, privacidade e respeito com o meio ambiente são levados em conta para credenciar o estabelecimento. No site http://www.hihostelbrasil.com.br é possível obter informações, fazer reservas e até solicitar uma carteirinha de associado, que dá direito a descontos (a carteira familiar, para hospedagem nacional, tem taxa anual de R$35).
Ramis Bedran, vice-presidente da HI Brasil – Federação Brasileira de Albergues da Juventude, diz que, atualmente, todos os hostels credenciados são obrigados a oferecer quartos de casal e família. Segundo Bedran, o aumento da demanda familiar não é motivado apenas pelas tarifas mais baixas. “Essa opção não é só uma questão de economia, mas de estilo, já que quem se hospeda em um hostel tem a oportunidade de experimentar uma integração e socialização maior. O hostel é feito para jovens de todas as idades”, afirma.
Para a professora Alice Gonçalves Arcuri, chefe do Departamento de Turismo da Universidade Federal de Juiz de Fora, a possibilidade de fazer novas amizades com pessoas do mundo todo é, de fato, o maior atrativo desse tipo de hospedagem, quando comparado ao estilo impessoal dos hotéis tradicionais. A professora, de 51 anos, fica em hostels sempre que pode, e já fez várias dessas viagens acompanhada de seus filhos pequenos, hoje adolescentes. “Mas é preciso ter espírito esportivo”, afirma.
Segundo Alice, quem gosta de um certo requinte pode não se adaptar ao estilo mais despojado. “Os quartos são mais simples, o banheiro não é tão bonito quanto o do hotel, e não tem secador de cabelo. Mesmo com as normas de silêncio à noite, quem ficar ao lado de um quarto coletivo poderá ouvir barulho de gente chegando tarde. E a maioria dos hostels ainda não é adaptada para receber crianças e deficientes físicos. Muitos ficam em prédios com escadas e sem elevador”, diz.
De modo geral, quem pretende ficar nesse tipo de hospedagem com crianças, sobretudo as menores, precisa tomar alguns cuidados para se prevenir de surpresas desagradáveis na estadia. Veja abaixo.
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