Imigrante ilegal por um dia: parque mexicano oferece atração inusitada
Praia ou campo? Para as próximas férias, você tem outra opção. Pode ser ameaçado, xingado, humilhado, correr no escuro em meio ao deserto, e ter que atravessar a correnteza de um rio em condições extremas de frio e calor, com o risco de ser abordado por policiais ou assaltantes, tudo isso ao módico preço de R$ 50. É isso que oferece o excêntrico Parque EcoAlberto, no México.
Localizado em um povoado chamado Alberto, a 20 minutos do centro de Ixmiquilpan - município do estado de Hidalgo, o parque ecológico fica em uma zona de águas termais, com atividades “normais", como canoagem, rapel e tirolesa. Nas noites de sábado, porém, a situação muda.
De uma hora para outra, Alberto se transforma no deserto de Sonora, que fica a mais de dois mil quilômetros dali, na fronteira entre o México e os EUA. E todos os visitantes viram imigrantes tentando atravessar ilegalmente para o lado americano.
A atividade, chamada de Caminhada Noturna, começa em frente à igreja da cidade. De lá, sete veículos utilitários recolhem os participantes para dar início à bizarra aventura. Eles fazem o papel dos coyotes, pessoas contratadas para ajudar na travessia. As regras são claras: sempre obedecer aos coyotes e, se a polícia americana ou os cholos (assaltantes que na vida real se aproveitam da situação frágil dessas pessoas) aparecerem, é preciso correr.
E assim segue a atração, com direito a tiros de mentira, desagradáveis encontros com traficantes de drogas, fugas da polícia, caminhadas pela lama, pântanos, cercas de arame farpado, túneis sufocantes e espinhos. São poucos os que conseguem, enfim, chegar ao outro lado: o que seria a fronteira americana.
Ao cruzar, porém, começa o discurso. Os organizadores da caminhada são todos ex-imigrantes ilegais que têm em sua história a experiência de ter percorrido pelo menos uma vez o famigerado trajeto. “A caminhada nasceu com o objetivo de conscientizar os jovens da comunidade a não arriscarem suas vidas buscando o famoso sonho americano”, avisa o site oficial do EcoParque.
A pequena vila de Alberto é formada por descendentes de indígenas e, esquecida pelo poder público, viu 70% de sua população migrar para os EUA em busca de melhores oportunidades. A criação do parque serviu para trazer uma expectativa à população local, que passou a ter o turismo como fonte de renda. Pelo menos metade dos expatriados do vilarejo já retornou e o local hoje tem cerca de três mil habitantes. Mais informações: www.ecoalberto.com.mx
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