"Big Ben", Festival de Inverno e mais: conheça atrações de Paranapiacaba
O céu claro em São Paulo não quer dizer nada para quem vai até a vila ferroviária forjada por engenheiros ingleses e encravada na Serra do Mar. Distrito administrado pela prefeitura de Santo André, Paranapiacaba derruba qualquer um que aposte na meteorologia antes de um passeio.
É que garoa e neblina formam a atmosfera clássica de Paranapiacaba e servem de cenário para dar o clima ideal a eventos que acontecem por lá, como a Convenção de Magos e Bruxos, o encontro de ufólogos e o Festival de Inverno. Este último, tradicional no destino, reúne shows de MPB, jazz e rock, além de barracas de comidas e bebidas. Em 2015, a festa será nos dias 18, 19, 25 e 26 de julho.
Paranapiacaba parece deslocada da realidade. Mais do que o nevoeiro típico, é o seu isolamento que faz da visita algo tão peculiar. A vila surgiu ao redor de um trecho da estrada de ferro Santos-Jundiaí, a primeira ferrovia palista, construída pela companhia São Paulo Railway (com apoio do Visconde de Mauá) sob a supervisão do inglês Daniel Fox.
A chegada a Paranapiacaba é impactante. O relógio estilo inglês (inspirado no Big Ben), os trens enferrujados, a Maria Fumaça que faz um breve vaivém turístico, o "castelinho" no alto do morro (que hoje guarda o museu da história local): fica difícil não sair fotografando tudo.
Um dos passeios obrigatórios na vila é a visita ao galpão de máquinas, ferramentas e garagem de antigas composições. A Maria Fumaça é a grande atração, principalmente para quem vai com criança. A experiência, porém, é rápida: o trajeto de ida e volta não dura mais do que 10 minutos.
Para aproveitar o local, não é preciso pressa: dividida em duas pela passarela sobre os trilhos, a charmosa vila é minúscula. A chamada Parte Baixa da Vila se estende por quatro largos quarteirões, que ligam a antiga estação até os fundos do encharcado gramado do estádio do União Lyra Serrano - apelidado de Pacaembu pelos mais antigos e tratado por alguns pesquisadores como o primeiro do país.
As glórias do Serrano estão uma quadra abaixo, na sala de troféu da sede do clube: uma das construções mais bem cuidadas de Paranapiacaba.
O privilégio da conservação, finalmente, deve se estender a outros imóveis em breve: depois de anos de discussão sobre a sua deterioração, Paranapiacaba está sendo restaurada.
Inserida no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal para as cidades históricas brasileiras (44 localidades dividem verba de R$ 1,3 bilhão), a vila teve direito a R$ 41 mi. As obras incluirão restauro de galpões e de 242 casas que serviram de residência aos funcionários da estrada de ferro.
De madeira e, originalmente, sem banheiro interno, as construções locais guardam muitas histórias. Afinal, desde a implantação da ferrovia, Paranapiacaba teve de tudo: de cassino clandestino nos fundos de padaria a bailes carnavalescos onde lança-perfume só servia para molhar os umbigos das garotas, e de lendas mal-assombradas aos anúncios de nascimentos e mortes pregados em uma enorme e centenária árvore conhecida como Pau da Missa.
Como chegar
Passageiros da linha Turquesa da CPTM não chegam mais diariamente à antiga estação, desativada em 2002. Desde então, é preciso descer em Rio Grande da Serra e pegar um ônibus da EMTU, que para na parte alta de Paranapiacaba, no final da SP-122, onde também estacionam os carros que se aventuram em meio à neblina espessa até chegar lá.
A alternativa para uma experiência completa sobre trilhos é o Expresso Turístico, um passeio de 1h30 de duração e percurso de 48km em trem reformado da década de 1950. A composição parte da estação da Luz aos domingos, às 8h30, e retorna às 16h30.
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