Regras do seguro-viagem mudaram: entenda e veja histórias de quem já usou
Uma nova regulamentação para o seguro-viagem passou a valer em 26 de março e muitos passageiros, confusos com as novas regras, estão se perguntando o que isso interfere em sua viagem.
Basicamente, a medida imposta pelo Conselho Nacional de Seguros Privados (CNPS) torna obrigatória a cobertura de tratamentos médicos, hospitalares e odontológicos, inclusive para doenças crônicas e preexistentes, no caso de roteiros no exterior.
O serviço, que antes era vendido como assistência de viagem, passa a ser um seguro de verdade. Na prática, isso faz com que o passageiro seja obrigado a adquirir o produto diretamente com a seguradora, e não mais em agências de viagens, companhias de transporte ou operadoras de cartão de crédito.
Segundo a área técnica da Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão do governo brasileiro que fiscaliza o mercado de seguros, essas empresas podem continuar a oferecer o produto para os clientes se houver parceria com uma corretora.
"A mudança trouxe mais segurança para o consumidor", diz Mario Rolim Almeida, gerente de Marketing e Produtos da Allianz Global Assistance. Até então, as assistências de viagens eram obrigadas a cobrir apenas morte e invalidez por acidente.
Agora, a remoção ou transferência para o hospital ou clínica mais próxima, traslado do corpo para residência em caso de morte, e transporte para casa, quando o segurado não tem condições físicas de tomar voos regulares, também são direitos garantidos. No entanto, ainda são serviços opcionais das corretoras itens como indenização por perda de bagagem, funeral, cancelamento de viagem e regresso antecipado.
Vai pesar no bolso?
Com tantos serviços inclusos, os preços dos seguros-viagem podem aumentar, mas isso não é um consenso entre as empresas. A Allianz Global Assistance, por exemplo, não reajustou os valores de seus produtos em virtude da nova regulamentação.
De forma geral, o custo do serviço não costuma ultrapassar 2% do valor da viagem. A variação é de acordo com o tipo de cobertura. "Para destinos internacionais, o preço é entre R$ 9 e R$ 25 por dia", explica Caroline Gomes, diretora da franquia da corretora de seguros San Martin.
Além disso, de acordo com as novas regras, o cliente pode escolher médicos, hospitais ou clínicas de sua preferência em outro país ao contratar o serviço, e depois pedir reembolso à seguradora quando voltar ao Brasil. O limite das despesas é o valor de cobertura contratado. Contudo, isso não impede que a empresa tenha uma rede de serviços autorizados no exterior para indicar aos segurados.
Auxílio valioso
O produtor de eventos Dario Bongiovanni Poltronieri, 40, estava no deserto do Atacama com a esposa Andréia quando o veículo 4x4 que os transportava capotou próximo ao deserto de sal, na Bolívia. "Eu estava no banco atrás do motorista, sem cinto, e bati a cabeça na alça de segurança. A minha mulher machucou as costas e o nariz, que sangrou muito na hora", conta Poltronieri. Por sorte, a ajuda do hotel chegou logo e os dois tinham seguro-viagem.
Já a jornalista Erika Gentille, 29, não sofreu um acidente, mas também passou apuros ao chegar para um intercâmbio na China. "Eu dormi em cima da perna no avião durante oito horas. Cheguei no aeroporto com dor e dormência, mas achei que iria passar. Só que uma semana depois eu ainda sentia o incômodo", conta.
Erika precisou acionar o seguro-viagem para não prejudicar ainda mais o intercâmbio, que duraria apenas seis semanas. "Fui levada para o hospital com uma pessoa que intermediou a comunicação. Precisei tomar remédio para circulação e ficar uma semana andando de cadeira de rodas. Foi o seguro que providenciou isso", conta.
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