Mulheres que viajam sozinhas contam suas experiências pelo mundo
Em 2012, a consultora de viagem Helia Lin, 30, fez um mochilão por onze países. A ideia inicial era ir acompanhada, mas foi sozinha que Helia passou por Peru, Estados Unidos, Nova Zelândia, Austrália, China, Tailândia, Camboja, Índia e África do Sul, entre outros locais. “Queria ir com alguém, mas não encontrava quem tivesse dinheiro, tempo e coragem suficiente para largar tudo por alguns meses. Adiei o plano por um tempo, até que decidi que não abriria mão do meu sonho só por falta de companhia”, conta.
A experiência, segundo ela, foi incrível e valeu a pena. “Viajar sozinha é uma forma de ir longe para se encontrar, o autoconhecimento é o ponto alto. Depois que eu voltei, sei exatamente como ter dias felizes, como fazer amizades, ter jogo de cintura e me virar. São características que influenciam todas as áreas da minha vida, inclusive a profissional”, diz Helia.
A diretora de escola Valéria Castiglioni, 54, viaja sozinha há mais de trinta anos. Ela sempre se sentiu segura para cair no mundo desacompanhada, já que não havia a barreira do idioma, por ser fluente em inglês. Mesmo quando as filhas eram pequenas, fazia questão de tirar um tempo para si. “Não gosto de passar mais de 10 dias fora, mas é uma experiência muito prazerosa administrar o meu tempo e não ter que negociar onde vou almoçar, o que vou fazer agora ou daqui a pouco”, conta.
Ser abordada por homens, quando se está sozinha, é comum no Brasil e também no exterior. Mas as viajantes garantem que é preciso ser incisiva na resposta e demonstrar incômodo, não medo. “Eu sempre faço cara feia e encaro mesmo, sem me intimidar. Aprendi, em aulas de defesa pessoal, que você não pode agir como vítima ou mostrar-se vulnerável, tem que ter postura de quem não está gostando”, diz Helia Lin. “Na Índia, os homens olhavam muito e, quando queriam se aproximar demais, eu só dizia ‘afasta’ na língua local”, conta.
Ana Lúcia utiliza a mesma estratégia. “Começo com educação, falo que quero ficar sozinha. Se houver insistência ou se o homem me tocar, me levanto, chamo o garçom ou procuro um casal no local que possa me ajudar. Mostro que não estou com medo e que é meu direito estar ali sem companhia”, diz.
Precaução não faz mal a ninguém
Os cuidados com a segurança, em uma viagem solitária, não devem ser diferentes daqueles adotados nos passeios em grupo. Fazer um seguro-viagem e andar sempre com uma cópia do passaporte são alguns deles.
Mas há também outras precauções valiosas para quem viaja sem companhia. “Meu roteiro sempre fica com familiares e amigos, para saberem onde estou a cada dia. Escolho aqueles que falam inglês e terão facilidade para me localizar ou auxiliar em caso de necessidade”, conta a publicitária Denise Tonin, 48, que já esteve em países como África do Sul, Alemanha, Angola, Argentina, Bélgica, Luxemburgo e Uruguai sozinha. “Além disso, sempre caminho com passos firmes, como se morasse no lugar e soubesse exatamente aonde estou indo. Nunca olho mapas na rua. Se estou perdida, entro em um café, me localizo e sigo”, afirma.
A escolha do local de hospedagem é igualmente importante. Albergues são perfeitos para viajantes desacompanhados que querem conhecer novas pessoas. Mas, se preferir ficar em hotel, escolha os que estão em regiões centrais, que serão sempre mais movimentadas, inclusive à noite.
Evite resorts, que podem exigir grandes deslocamentos para os passeios e que são muito frequentados por famílias e casais. Aliás, uma ótima pedida é escolher uma hospedagem próxima aos pontos que pretende visitar, para economizar em transporte. “Eu evito ao máximo pegar táxi, por economia e segurança. Faço a maior parte das coisas a pé”, diz Denise.
Se precisar usar transporte privado, peça para o hotel ou albergue chamar um para você ou utilize serviços reconhecidos internacionalmente, como o Uber. Ao escolher o destino, prefira aquele cujo idioma conhece melhor. Vale até começar com pequenas viagens pelo Brasil, para testar se esse tipo de passeio é para você. Cidades grandes tendem a ser movimentadas e, nelas, é mais fácil preencher o tempo: há tanto a ser feito que você nem sente falta de companhia.
Estudar a cultura local é imprescindível, assim como é importante saber qual é a imagem da mulher no destino. “Não dá para chegar na Índia de regata e shorts e falar com todo mundo, porque lá as mulheres não tomam a iniciativa de conversar com os homens”, diz Helia.
No mais, aproveite a experiência. “Eu diria que o mundo tem mais pessoas boas do que ruins e, nas minhas viagens, sempre obtive ajuda quando precisei. Além disso, quando se está sozinha, os sentidos ficam mais apurados. Com isso, a gente acaba se cuidando mais e aproveitando melhor o passeio, mais do que se estivesse com uma galera”, afirma a consultora de viagem. Já Valéria conta que o maior motivo para ela viajar é reconhecer os elementos culturais à sua volta. "Tenho um prazer muito grande de sentar em um café e olhar as pessoas ao redor. Antes, eu fazia isso e escrevia cartões postais. Hoje, tiro fotos e posto”.
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