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Visita de Kim Kardashian ajuda a estimular turismo já em alta na Islândia

Parte do clã das Kardashian durante visita à Islândia, em abril de 2016 - Reprodução/Instagram.com/kourtneykardash
Parte do clã das Kardashian durante visita à Islândia, em abril de 2016 Imagem: Reprodução/Instagram.com/kourtneykardash

Omar R. Valdimarsson

Da Bloomberg

21/09/2016 16h57

Quando as Kardashian aparecem, você sabe que é um sucesso. Atender a disparada no número de visitantes ansiosos por explorar geleiras, vulcões e a vida noturna de Reykjavík após a passagem das irmãs Kim e Kourtney Kardashian pelo país, em abril, ajudou o turismo a destronar a pesca e a fundição de alumínio, transformando-se no maior setor da Islândia.

No entanto, como as autoridades ainda lidam com os efeitos subsequentes de um boom bancário que perdeu o controle há oito anos, talvez a ilha no Atlântico Norte já esteja iniciando uma nova bolha. "O turismo é um dos setores mais promissores hoje na Islândia", disse Tryggvi Thór Herbertsson, assessor do primeiro-ministro durante a crise financeira e atualmente um dos donos de um restaurante no centro de Reykjavík. Ainda que ele "não esteja particularmente preocupado" com um colapso, ele admite que isso "bem poderia acontecer".

"Se acontecer, aconteceu. Mas olhando para os próximos dois ou três anos, esta é uma boa aposta", disse o ex-banqueiro e legislador em entrevista.

Por enquanto, a perspectiva é promissora. Projeta-se que neste ano o número de visitantes na ilha cresça quase 40% em relação ao recorde de 1,3 milhão de chegadas no ano passado. A projeção para 2017 é de mais um aumento de cerca de 35%, disse o Íslandsbanki, o segundo maior banco da ilha, em uma nota publicada no dia 7 de setembro. Assim, os turistas superariam a população local, de 330 mil pessoas, em uma proporção de sete a um. 

Reykjavik, capital da Islândia, tem uma beleza natural deslumbrante, mas também é conhecida como o centro cultural do país, além do cenário colorido que se destaca nos meses frios - Wikipedia - Wikipedia
Reykjavik, capital da Islândia, e o cenário colorido que se destaca nos meses frios
Imagem: Wikipedia

Os credores ressuscitados que derrubaram a economia em 2008 também estão participando. A Landsbréf, uma subsidiária do Landsbankinn que administra 100 bilhões de coroas (US$ 869 milhões) em ativos, criou o Icelandic Tourism Fund (Fundo de Turismo Islandês), um fundo dedicado que administra 4,1 bilhões de coroas. Alguns investidores são fundos de pensão e a empresa aérea Icelandair.

Como o mercado em Reykjavík agora está à beira da saturação, o setor de turismo está deslocando sua presença para o território virgem da Islândia. Um dos projetos mais espetaculares é um túnel de 500 metros, escavado no interior da geleira Langjökull. A cidade mais próxima fica a 65 quilômetros.

A visita de Kim Kardashian e Kanye West também chamou atenção para uma hospedagem remota, o Hotel Ranga, geograficamente mais próximo do vulcão Eyjafjallajokull do que da capital do país.

Sucesso demais pode atrapalhar?

Na verdade, o setor de turismo da Islândia está indo tão bem que poderia se tornar vítima do próprio sucesso, disse Grímur Saemundsen, CEO da atração turística mais famosa da Islândia, a Lagoa Azul. Embora ele veja "uma demanda enorme por oportunidades de investimento", sua principal preocupação é o fortalecimento da coroa com as exportações.

"Sempre quis vir aqui", disse Steven Rose, um jovem londrino, antes de reclamar do excesso de estrangeiros em Reykjavík.

Outra inquietude é o excesso de capacidade. O número de empresas aéreas que cobrem a Islândia passou de sete para 25 nos últimos sete anos, as licenças para aluguel de carros triplicaram entre 2003 e 2015, e projeta-se que 2.450 quartos de hotel sejam adicionados até 2018, segundo o Íslandsbanki. 

Apesar de os operadores afirmarem que o turismo é um negócio bastante estável, ele ainda é suscetível a mudanças na moda e nas preferências.