Em Moscou, dá para ver o cadáver de Lênin e fazer outros passeios mórbidos
A União Soviética se dissolveu oficialmente em 1991 e, hoje, a Rússia é um lugar onde o capitalismo dita regras.
Símbolos da era socialista, entretanto, permanecem firmes e fortes em diversas cidades do país que irá sediar a próxima Copa do Mundo --e isso é muito visível em Moscou, a capital da nação de Vladimir Putin.
Lá se encontra em exibição, para turistas do mundo inteiro, o cadáver embalsamado de ninguém menos do que o líder da Revolução Russa de outubro de 1917, Vladimir Lênin.
É uma atração um tanto mórbida, mas que, mesmo assim, constitui um dos destinos mais famosos de toda Moscou.
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O corpo de Lênin (cuja revolução daria origem à União Soviética) fica dentro de um mausoléu de granito ao lado da murada do Kremlin, em plena Praça Vermelha (o principal ponto turístico da capital da Rússia).
Ao ingressar neste edifício, o visitante se sente dentro de uma câmara secreta: o ambiente é escuro e, no meio do breu, surge a figura de Lênin, iluminada por um foco de luz.
Vê-se com clareza sua vasta careca, os traços finos do nariz e o tom avermelhado do bigode, sobrancelhas e cavanhaque. Com os olhos fechados, ele parece, à primeira vista, uma pessoa viva imersa em um sono profundo, com as mãos repousando sobre um terno preto.
Ao chegar mais perto, porém, nota-se que este cadáver embalsamado há quase um século (Lênin morreu em 1924, depois de um série de derrames) tem um certo aspecto de boneco de cera, mas, ainda assim, é impressionante ficar diante de uma das personalidades mais importantes e controversas do século 20.
E vale lembrar: guardas de plantão exigem que os visitantes adotem uma atitude de respeito enquanto estiverem frente a frente com o líder soviético: qualquer piada, risada ou conversa em alto volume é repreendida com uma bronca em russo (o que costuma soar bem agressivo a ouvidos estrangeiros). Fotografias também são proibidas.
De Lênin a Stálin
O corpo de Lênin é uma atração turística gratuita, mas sua manutenção drena uma boa quantia de dinheiro.
Em 2016, o governo russo divulgou o custo anual para mantê-lo em seu estado de preservação: cerca de 13 milhões de rublos (aproximadamente R$ 700 mil). No meio político da Rússia dos dias de hoje, há muita gente que pede que o líder soviético seja enterrado e que todo o aparato para conservar seu corpo seja desmantelado.
Lênin, entretanto, não está sozinho na Praça Vermelha. Perto de seu mausoléu, junto ao muro do Kremlin, o Estado russo continua preservando, o que talvez seja o mais célebre cemitério comunista do mundo: lá está, por exemplo, a sepultura do ditador Josef Stálin, que comandou a União Soviética dos anos 1920 até 1953 (ano de seu falecimento) e que teria sido o responsável pela morte, com suas políticas repressivas, de dezenas de milhões de pessoas.
Curiosamente, não é raro encontrar flores sobre o túmulo de Stálin, deixadas lá por pessoas nostálgicas da época soviética.
E, no mesmo local, que oferece acesso gratuito para turistas, se enfileiram lápides de gente como Leonid Brezhnev (líder máximo soviético de 1964 a 1982) e Felix Dzerzhinsky (fundador da Cheka, polícia secreta que precedeu a temida KGB). O túmulo do astronauta Yuri Gagarin, o primeiro homem a viajar pelo espaço, em 1961, também fica nesta área.
Outras atrações soviéticas
Em Moscou, turistas também podem visitar o chamado Bunker-42, uma fortificação subterrânea que fica 65 metros sob a superfície e que foi construída durante a Guerra Fria para proteger líderes soviéticos em um eventual conflito nuclear contra os Estados Unidos.
Hoje um museu, o local tem cerca de 7.000 m² e é composto por túneis, salas de comando e até um espaço com uma estátua de Josef Stálin. Durante o passeio, os turistas ouvem detalhes de alguns dos mais importantes episódios da Guerra Fria, como a Crise dos Mísseis de Cuba, quando o mundo chegou muito perto de uma guerra nuclear. É um ambiente um tanto claustrofóbico, onde se pode sentir um pouco as tensões da época.
Para um tour menos bélico, vá até o local conhecido como VDNKh, um complexo arquitetônico erguido nos anos 1930 e que exibe algumas das mais grandiosas edificações construídas em Moscou na primeira metade do século 20, com pavilhões que lembram palácios, fontes decoradas com estátuas femininas douradas e amplas alamedas perfeitas para um passeio a pé.
E o Museu da Cosmonáutica, por sua vez, traz exibições sobre a história da exploração espacial soviética, com réplicas de foguetes e satélites lançados para fora da Terra pela União Soviética (um ótimo passeio para fazer com crianças).
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