De biquíni a muros, gringos contam o que estranharam ao visitar o Brasil
Ao viajar para o exterior, não é raro que turistas brasileiros não entendam comportamentos, hábitos culinários e o idioma do país visitado.
Mas isso também pode acontecer com estrangeiros que vêm passear no Brasil.
Alguns costumes brasileiros e muitos aspectos da realidade social do território verde e amarelo tendem a surpreender e até assustar muitos viajantes "gringos".
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Abaixo, conheça coisas que provocam estranheza e choque em estrangeiros que visitam o Brasil.
Biquíni curto x topless
Casada com um brasileiro e moradora da cidade de Sydney, a australiana Khara Shaw já visitou o Brasil diversas vezes nos últimos anos. Durante estas viagens, chamou-lhe a atenção uma aparente contradição das praias brasileiras
"No Brasil, mulheres de todas as idades e diferentes formas de corpo usam biquínis curtíssimos, que deixam pouquíssimo espaço para a imaginação. Mas, nas praias do país, não se pode fazer topless para tomar banho de sol! Como isso é possível?", questiona.
Beijos excessivos na bochecha
Casado com uma brasileira, o norte-americano Zack Henry visitou o Brasil pela primeira vez em 2000 e, desde então, já esteve diversas vezes no Brasil (como turista e como morador).
E ele ainda não se acostumou com o que classifica ser uma grande demora nos cumprimentos e despedidas que ocorrem em eventos sociais no Brasil (e o contato físico supostamente excessivo que isso acarreta).
"Toda vez em que vou a uma festa, eu demoro pelo menos 20 minutos para dizer oi para todo mundo", conta ele. "Porque você tem que percorrer todo o evento dando beijo na bochecha das pessoas e coisas do tipo. Então, eu decidi, há alguns anos, que eu só cumpro estas formalidades na minha chegada às festas e reuniões. Na hora de ir embora, eu adoto a chamada 'saída à francesa' [ir embora sem dar tchau a ninguém], porque não quero sair dando beijo em todo mundo de novo".
Marcar encontros e não aparecer
O norte-americano David Day já viajou pelo Brasil e, segundo ele, muitos brasileiros têm o hábito de marcar compromissos e não cumpri-los.
"As pessoas dizem que irão te encontrar no bar, te ligar para marcar um almoço ou comparecer no teu churrasco, mas, no final, acabam não aparecendo. Por que dizer que você vai ir a um lugar sabendo que não irá cumprir a promessa?", pergunta ele.
O Brasil que "parece a Europa"
David também se surpreendeu com algumas paisagens do sul do Brasil. "É uma região que se parece muito com a Europa [a foto acima mostra construções de estilo germânico em Blumenau, Santa Catarina]. Quando estive lá, senti que eu estava fora do Brasil", conta ele. "Antes de visitar o país, muitos de nós, estrangeiros, só conhecemos detalhes do Rio e da Amazônia. Mas agora sei que o Brasil é um país extremamente diversificado".
"Obsessão" por escovar os dentes
Khara também se surpreendeu com o zelo com que muitos brasileiros tratam sua higiene bucal.
"Os brasileiros amam escovar os dentes, e algumas pessoas parecem obcecadas com isso", diz ela. "Lembro de entrar em uma padaria e ver um aviso na porta do banheiro dizendo 'é proibido escovar os dentes aqui'. Na Austrália, ninguém limpa os dentes em um banheiro público, só em casa antes do café da manhã e à noite, antes de dormir".
Muros altos e insegurança
A canadense Grace Jarrett viajou pelo Brasil em meados de 2017 e ficou incomodada com a sensação de insegurança em lugares como São Paulo e Rio de Janeiro.
"Era necessário tomar um monte de precauções ao sair na rua, como garantir que eu não estava carregando muito dinheiro e não exibir meu celular em público, por causa da possibilidade de ser roubada", lembra ela. "Houve inclusive um dia em que, no metrô de São Paulo, uma senhora falou para eu segurar minha mochila de maneira diferente, pois eu poderia ser furtada".
Criada na pacífica cidade canadense de Ottawa, Grace se chocou com o tamanho dos muros e grades protegendo as casas e prédios de São Paulo. Ela diz ter ficado impressionada com o temor de que as residências possam ser roubadas a qualquer momento.
Favelas e motéis
"O contraste entre os ricos e os pobres no Brasil é chocante", avalia também a canadense Grace Jarrett. "Quando visitei o Rio de Janeiro, era inacreditável ver a orla das praias forradas por arranha-céus chiques e, logo ao lado, morros cobertos por favelas".
Houve, entretanto, um aspecto curioso e inesperado que divertiu Grace em sua viagem pelo país. "Foi muito interessante ver diversos motéis se espalhando pelas rodovias do Brasil. Este tipo de estabelecimento, que não existe no Canadá, pareceu algo bem louco para mim".
Blindados e zero álcool no estádio
Moradora de um país que desfruta de altos níveis de segurança, a australiana Khara Shaw se surpreendeu com algumas medidas adotadas por brasileiros para evitar a violência. "Fiquei pasma com a grande quantidade de pessoas dirigindo carros blindados. Isso mostra o tamanho da preocupação dos brasileiros com assaltos no trânsito".
Ela também se decepcionou um pouco com a atmosfera encontrada em jogos de futebol em São Paulo. "Não dá para tomar bebidas alcoólicas dentro dos estádios e, em grandes partidas, só a torcida do time da casa pode estar presente. Foi muito estranho ir a um estádio e só ver uma das torcidas lá dentro".
Dificuldades com o idioma
Mesmo tendo o espanhol como língua materna (um idioma que, em muitos aspectos, se parece com o português), o boliviano Javier Torrico afirma ter enfrentado dificuldades para falar com os brasileiros quando o visitou o Rio de Janeiro há alguns anos.
"Notei que muitos brasileiros não fazem esforço para entender o estrangeiro. Aconteceu de eu estar em um shopping e quase não conseguir me comunicar com os vendedores".
A canadense Grace Jarrett também achou difícil se comunicar com os nativos quando esteve por aqui. "No Brasil, poucas pessoas falam inglês e nem sempre há sinalizações em inglês em locais turísticos. Às vezes, isso dificulta nossa vida".
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