Unesco cobra informações sobre novo aeroporto perto de Machu Picchu
Em construção desde fevereiro, o novo e polêmico aeroporto de Cuzco, principal porta de entrada para Machu Picchu, está incomodando não só os peruanos.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) enviou uma carta para o governo peruano pedindo mais informações sobre as obras e sobre o impacto que pode ter sobre as ruínas incas, maior atração do país e patrimônio da humanidade.
Segundo o jornal The Guardian, o conteúdo da carta não foi divulgado, mas há um pedido explícito para a proteção de Chinchero, vila histórica onde está sendo construído o aeroporto. A Unesco pediu uma resposta oficial até 25 de agosto - prazo que o governo peruano afirmou que irá cumprir.
A atração, que já recebe uma média de 5 mil turistas por dia no verão - mais que o sobro do recomendado pela Unesco -, deve agravar a lotação do local. A intenção é que voos de Miami e Buenos Aires cheguem lotados a Cuzco.
Críticas ao governo
A colocação da pedra fundamental, em fevereiro, foi cercada de polêmicas. Na ocasião, o então presidente do país Pedro Pablo Kuczynski (que renunciaria um mês depois), rebateu as críticas: "Aos críticos, dizemos: calem a boca e nos deixem trabalhar. Nós trabalhamos contra a maré, contra o vento e contra as influências. E persistimos", disparou.
Entre os críticos ao projeto está a Associação de Pilotos Peruanos, que advertiu que o espaço para sua construção é um planalto úmido dos Andes, onde costuma haver neblina, chuvas e fortes ventos em determinadas épocas do ano.
No país reina, além disso, uma sensação de desconfiança nas licitações públicas após o escândalo de corrupção pelas propinas pagas pela Odebrecht entre 2004 e 2015.
Vizcarra afirmou que seu Ministério estará vigilante para garantir que o aeroporto esteja pronto em cinco anos e para que não haja nenhum sobrecusto.
O projeto
O projeto foi concedido em 2014 por 40 anos pelo governo do presidente Ollanta Humala (2011-2016) à Kuntur Wasi na modalidade de parceria público-privada.
Com o adendo assinado, o aeroporto terá um custo de US$ 520 milhões, dos quais US$ 410 milhões serão cobertos pelo governo peruano e outros US$ 109 milhões pela concessionária.
O orçamento está dividido em US$ 145 milhões para o tratamento e terraplanagem de terrenos, US$ 264,8 milhões para a construção da infraestrutura e instalações, US$ 89 milhões para obras complementares e US$ 20 milhões para a supervisão de obras.
A previsão é de que o aeroporto seja inaugurado em 2021, com uma capacidade para receber até 20 mil passageiros por dia, e uma pista de aterrissagem de quatro quilômetros de comprimento e 45 metros de largura.
As novas instalações substituirão o atual e colapsado terminal aéreo Alejandro Velasco Astete, que fica na mesma cidade, a segunda com maior fluxo de passageiros no Peru, atrás da capital Lima, com cerca de 2 milhões de passageiros por ano.
* com EFE
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