Noronhe-se! Descubra trilhas, mergulhos e atrações do famoso arquipélago
Pode preparar o cartão de memória. O arquipélago de Fernando de Noronha é um dos destinos mais cobiçados do Brasil.
Por cinco anos consecutivos, é endereço de uma das praias mais lindas do mundo, segundo votação do prêmio Travellers' Choice do site TripAdvisor; tem vida animal exibida que deixa ser vista sem muito esforço; abriga a maior concentração de golfinhos oceânicos do planeta (para a alegria de turistas de qualquer idade); e suas águas com temperatura média de 27°C chegam a até 50 metros de visibilidade.
Mas pode preparar também o bolso.
Por ali, uma água de coco custa R$ 10 e o litro da gasolina já passou dos R$ 7. Eis o preço que se paga para se estar isolado, a 545 quilômetros do Recife, longe de tudo e com todos os produtos "importados" do continente.
Ainda assim, é possível economizar em terras tão isoladas, como atrativos com entrada grátis, hospedagens em hostel ou pousadas familiares, e até refeições em restaurantes frequentados por trabalhadores e moradores da ilha.
Em posição geográfica estratégica, entre o Novo Mundo e a Europa, o arquipélago recebeu a visita de diversos europeus que vinham do Velho Continente em direção à recém-descoberta América.
Mas sua fama de Ilha Maldita vem dos anos em que Fernando de Noronha abrigou presídios, em diferentes momentos de sua história. Entre o século 18 e os anos 1960, a ilha serviu de endereço para isolar de presos comuns a perseguidos políticos.
Por ali passaram também, como visitantes (que fique bem claro), o pintor francês Jean-Baptiste Debret e o naturalista Charles Darwin, cuja breve passada na ilha é descrita nos seus diários de viagem a bordo do Beagle, durante sua volta ao mundo, entre 1831 e 1836.
Endereço fácil de celebridades em férias, Noronha é conhecida também como o Havaí brasileiro, cuja geografia de origem vulcânica vê chegar ondas que fazem a felicidade de surfistas profissionais e amadores.
O QUE FAZER
BÁSICO
Alguns clássicos são inevitáveis e imperdíveis. Comece pelo mais famoso, a Baía do Sancho, considerada a praia mais bonita do mundo pelos leitores do TripAdvisor e com acesso por uma trilha de 320 metros e uma escadaria no interior de uma fenda. Do alto, é possível avistar também a cenográfica Baía dos Porcos, conhecida por abrigar o Morro Dois Irmãos.
Para quem tem pouco tempo, vale investir no Ilha Tour, passeio de dia inteiro que passa por atrativos naturais como Buraco da Raquel, Morro Dois Irmãos, praias do Sancho, Cacimba do Padre e Sueste, e finalização com pôr do sol no Fortinho de São Pedro.
Outro básico na ilha é o passeio de barco com saída do Porto de Santo Antônio e passagem pelas Ilhas Secundárias, baías dos Golfinhos e dos Porcos, praia da Cacimba do Padre e a Ponta da Sapata, o ponto mais extremo da ilha principal. Esse tour é conhecido também pelos golfinhos que costumam acompanhar as embarcações (mergulho e interação com os animais são proibidos).
Auto-guiada e gratuita, a Costa Esmeralda, é uma caminhada moderada de 5 quilômetros de extensão por oito faixas de areia do Mar de Dentro, com início na Praia do Cachorro e término nas piscinas naturais da Baía dos Porcos. Não é necessário reservar na sede do ICMBio, na Vila do Boldró.
Quem vai pela primeira vez costuma incluir também no roteiro a Trilha do Atalaia, famosa pela piscina natural que se forma na maré baixa e serve de berçário de animais como tubarões e polvos. A caminhada é dividida em Trilha Curta, com baixo grau de dificuldade e parada para snorkel na piscina natural, e Trilha Longa, conhecida também como Pontinha - Pedra Alta. A reserva antecipada na sede do ICMBio é obrigatória.
PARA QUEM JÁ CONHECE
Se você tivesse que fazer uma única caminhada na ilha (e tem disposição para encarar a mais difícil de todas elas), a sugestão é a cenográfica Trilha do Capim Açu, a mais longa de todo o arquipélago. São 7 (exigentes) quilômetros até a Praia do Leão, no Mar de Fora, visita ao Farol da Sapata e parada em um mirante com vista para uma das extremidades da ilha.
Com cerca de 6 horas de duração, é marcada pela variedade de relevo, caminhada sobre pedras e banhos em piscina natural. Reserva no ICMBio e acompanhamento de guia são obrigatórios.
A Trilha do Piquinho é outra caminhada pouco conhecida pelos turistas. Mirantes naturais em diferentes níveis de altura oferecem vistas únicas da ilha, como o porto, aeroporto, morros do Pico e Dois Irmãos, e a Ilha do Frade, em uma caminhada puxada de 3 quilômetros de extensão. Embora seja auto-guiada, é extremamente recomendado fazer a trilha com guia, pois o local não é sinalizado e são altas as chances de se perder ao longo do caminho.
Uma alternativa para quem não quer encarar a Atalaia, uma das mais procuradas, é a auto-guiada Trilha do Abreu, com pouco mais de 1 quilômetro de extensão e destaque para a flutuação em piscinas naturais.
Em área de parque nacional, o Morro São José é uma das ilhas secundárias de Noronha que podem ser visitadas em uma inusitada caminhada sobre um caminho de pedras que surge na maré baixa, a partir do Mirante da AirFrance, no extremo norte da ilha principal. O atrativo abriga uma piscina natural para banhos.
PRAIAS
A ilha principal de Noronha é dividida em Mar de Fora (praias do Sueste, Atalaia, Caieira e Leão) e Mar de Dentro (praias do Porto, Cachorro, Meio, Conceição, Boldró, Americano, Bode, Quixabinha, Cacimba do Padre, Baía dos Porcos e Sancho).
Cachorro, do Meio e da Conceição são consideradas praias urbanas e têm acesso fácil pela Vila dos Remédios.
ATRAÇÕES GRÁTIS
Se certos endereços pagos de Fernando de Noronha são inevitáveis, o arquipélago dá uma ajuda na hora de economizar e conta também com atrações gratuitas.
Com acesso pela Vila dos Remédios, que abriga também a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios e o Palácio São Miguel, a Caminhada Histórica é autoguiada e leva o visitante às ruínas das dependências da antiga penitenciária que funcionou na ilha, em diversos momentos, a partir do século 18. Destaque para o pôr do sol que dá para ver do forte no alto de uma colina.
Mirantes também são uma boa pedida para ver do alto aquele cenário impactante que colocou o arquipélago na lista de um dos destinos brasileiros mais desejados.
Além da vista privilegiada das praias urbanas, a partir do Forte de Nossa Senhora dos Remédios, a ilha conta com pontos de observação como o Mirante do Boldró e o vizinho Forte São Pedro do Boldró; o da Praia do Americano, entre Boldró e a do Bode, e o da Praia do Cachorro, que tem vista a partir do terraço do Bar do Cachorro.
No Mar de Fora, os destaques são os mirantes da Caracas, da praia do Leão e da Baía do Sueste, que também dá acesso ao Forte de São Joaquim do Sueste.
Em atividade no arquipélago desde 1984, o Tamar é um projeto de educação ambiental e pesquisa de tartarugas marinhas que oferece atividades para o turista como museu com réplicas e esqueletos de espécies marinhas e painéis explicativos, e as tradicionais palestras temáticas que acontecem, diariamente.
Às segundas e quintas, na praia do Sueste, biólogos encabeçam também a captura intencional de tartarugas para estudo. Já a temporada de reprodução, entre dezembro e junho, é possível participar da abertura de ninhos e do monitoramento noturno, na praia do Leão. Todas as atividades têm vagas limitadas, exceto a captura que acontece nas areias do Sueste.
A ilha conta também com dois museus que dão boas contextualizações sobre a história da ilha, como o Memorial Noronhense, na Vila dos Remédios, com painéis que recontam a história do arquipélago, desde sua formação geológica até seu uso com fins políticos.
Outro espaço museológico que vale a pena visitar é o simpático Museu do Tubarão, cujo acervo, em exposição próximo ao porto, abriga arcadas, fotos e painéis explicativos sobre o animal.
MERGULHO COM CILINDRO
Sabe aquela história de ir a Roma e não ver o Papa? É mais ou menos assim também com o mergulho em Fernando de Noronha.
Com profundidades que variam de 12 a 62 metros, a experiência acontece em águas com alta visibilidade e a uma temperatura média de 27º. Sem falar na vida marinha exibida que sempre dá as caras, como cardumes, tubarões, golfinhos e arraias.
No arquipélago, é possível fazer desde batismos (atividade para quem não é certificado, em que o visitante é guiado por um instrutor) a mergulhos avançados como a alucinante descida a uma corveta da Marinha que afundou no Mar de Fora, em 1983.
As empresas costumam oferecer saídas pela manhã e à tarde, além do mergulho noturno para credenciados avançados, no final do dia.
Única associada da ABETA (Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura), em todo o arquipélago, a Atlantis Divers é conhecida por abrigar embarcações para cada nível de certificação, há exclusivas para batismos, outra para credenciados e uma terceira usada para mergulhados técnicos, como o Tek, com misturas de gases.
Atenção ao marcar suas saídas de mergulho. Lembre-se que não é recomendado mergulhar e viajar de avião no mesmo dia, devido ao nitrogênio residual que leva de 12 a 24 horas para ser liberado do corpo.
COMO CHEGAR
O arquipélago tem voos diretos saindo de Natal (operado pela Azul) e do Recife (Gol e Azul) e duram cerca de 1h15.
Curiosamente, a viagem a partir de um destino do Sudeste, por exemplo, pode custar quase o mesmo valor do trecho de Recife ou Natal para Fernando de Noronha. Por isso, adquira todos os trechos em um mesmo bilhete.
Transfers e facilidades
A maioria das pousadas da ilha oferecem transporte gratuito para hóspedes, na chegada e saída do aeroporto.
Empresas de receptivo contam também com serviço de concierge para os trâmites de pagamento das taxas de acesso à ilha.
Para evitar filas ao chegar no aeroporto, a Noronha Tour retira com antecedência o voucher da TPA (Taxa de Preservação Ambiental), bem como a carteirinha da concessionária Econoronha de acesso ao parque nacional, e os entrega ao visitante na chegada.
CIRCULANDO
Quem se hospeda próximo da Vila dos Remédios, onde estão os principais serviços turísticos, pode ir caminhando até o centro histórico da ilha e também a praias urbanas como a do Cachorro, do Meio e da Conceição.
Para ajudar a economizar, não hesite em utilizar o transporte público (R$ 5), um micro-ônibus que faz a linha Baía do Sueste - Porto de Santo Antônio, nas extremidades da ilha principal. Em funcionamento entre às 5h e às 22h, o serviço atende 22 pontos diferentes, como o aeroporto, as vilas do Boldró e dos Remédios, e o Buraco da Raquel.
Para quem procura privacidade, as alternativas são o aluguel de buguee, cujos valores estratoféricos da gasolina podem desestimular, ou a contratação de táxi, que têm as corridas com valores tabelados.
Com o litro da gasolina a mais de R$ 7, alugar um bugue, um dos transportes mais populares da ilha, é um dos gastos que encarecem a viagem em Fernando de Noronha. Assinada no início de 2020 pelo governador de Pernambuco, Paulo Câmara, a Lei do Carbono Zero prevê a proibição da entrada de automóveis movidos a gasolina, álcool e diesel, incluindo sua circulação e permanência, a partir de 2030.
QUANDO IR
A estação seca costuma ir de agosto a fevereiro, quando os dias são ensolarados e as temperaturas elevadas.
É durante a baixa temporada, entre abril e junho, que a campanha Mais Noronha oferece descontos que variam de 10% a 30%, em estabelecimentos como agências, restaurantes e hotéis. O período, marcado por precipitações esporádicas e sol, é conhecido também pela cachoeira temporária que se forma na Praia do Sancho.
Com ventos mais fortes e mar agitado dos dois lados (Mar de Fora e Mar de Dentro), a ilha é procurada por quem vai surfar, entre final de novembro e março, famosa pela temporada de sweel (ondas mais altas).
Se estiver na ilha entre dezembro e junho, não deixe de acompanhar as atividades abertas ao público, lideradas pelo Projeto Tamar, como a abertura de ninhos e o monitoramento noturno na praia do Leão.
Segundo a administração do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, a permanência média do turista é de cinco dias, aproximadamente. Aliás, menos do que isso não vale a pena investir em uma viagem para lá, devido à variedade de atrações e altos custos.
DEBAIXO D'ÁGUA
Embora seja época de chuva, de abril a junho o mar está mais tranquilo tanto no Mar de Dentro como no Mar de Fora, favorecendo melhores condições de mergulho.
Entre junho e setembro, o Mar de Dentro é indicado para mergulhos, quando o Mar de Fora é mais ventoso. A temporada de ondas mais altas (de final de novembro a março) merece atenção pois as saídas para mergulho podem ser canceladas.
* com informações da Atlantis Divers
RÈVEILLON
A passagem do ano já virou um dos eventos mais procurados em Noronha, daqueles com preços nas alturas e celebridades por todos os cantos. No entanto, a ilha pode ir além dos endereços mais baladeiros.
Segundo o empresário Patrick Muller, é nessa época que "a procura para mergulhos é menor e você pode ter uma ilha só para você, caso escolha sair dos roteiros mais tradicionais.
TAXAS
Embora opcional, o ingresso ao Parque Nacional Marinho Fernando de Noronha dá acesso a alguns dos atrativos mais lindos do arquipélago, como a Praia do Sancho, Baía dos Porcos, trilhas como Atalaia e saídas embarcadas para mergulhos. Ou seja, não tem com fugir do ingresso de R$ 111, válido por 10 dias.
Já a TPA (Taxa de Preservação Ambiental) é obrigatória e é cobrada por dia de permanência (R$ 75,93), com descontos a partir do quinto dia.
Para agilizar sua entrada ao arquipélago, cuja taxa pode ser paga no aeroporto, faça o pagamento antecipado pela internet.
AGENDAMENTO DE TRILHAS
Os visitantes precisam encarar as filas na sede do ICMBio para fazer reservas nas trilhas em área de parque nacional, como Atalaia, Abreu, Capim Açu e Morro São José.
Feita por ordem de chegada e com vagas limitadas, é recomendado fazer o agendamento das trilhas logo no primeiro dia, no Centro de Visitantes do ICMBio, na Vila do Boldró, das 17h às 20h.
As caminhadas têm limite de carga como Atalaia (96 vagas por dia), Pontinha-Caieira (40), Abreu (24), Morro São José (16) e Capim-Açu (40).
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