Um ano após a tragédia, Japão volta a atrair turistas estrangeiros
A alta temporada para o turismo no Japão está prestes a começar, com as flores de cerejeira, símbolo do país, já dando sinais de que logo irão desabrochar. O governo japonês trabalha a todo vapor para atrair os turistas, mas o setor ainda não se recuperou da tragédia de 11 de março do ano passado.
Segundo uma estimativa da Organização Nacional de Turismo do Japão (JNTO), houve uma queda de 27,8% no número de turistas que visitaram o país em 2011 em relação ao ano anterior.
Em 2010, um total de 8.611.500 turistas desembarcaram no arquipélago. Já em 2011, segundo dados preliminares, o país recebeu 6.218.946 visitantes.
Mesmo lugares muito distantes da tragédia, como as paradisíacas ilhas de Okinawa e a histórica Quioto também sofreram forte queda no turismo. O setor só foi fortemente atingido nesta mesma escala no ano de 2009, quando a crise mundial estava no auge.
O desastre afetou também o turismo em outros países, já que os japoneses desistiram de viajar nos meses seguintes à tragédia. Países asiáticos, Estados Unidos - principalmente o Havaí - e Europa sentiram a queda brusca no faturamento do setor - o povo japonês é um dos que mais viajam e gastam no mundo.
Mas segundo dados da JNTO, os japoneses já retomaram com força total o turismo ao exterior. Tanto que em 2011, o número de pessoas que saíram do Japão para fazer turismo teve um aumento de 2,1% em relação ao ano anterior.
Em 2010, um total de 16,6 milhões de japoneses foram para outros países. Já em 2011, o número subiu para 16,9 milhões.
Problema econômico
O terremoto seguido de tsunami deixou um saldo de cerca de 19 mil mortos e desaparecidos, e a tragédia humana acabou se tornando um problema econômico para o país.
O colapso da usina nuclear de Fukushima, atingido pela onda gigante, foi o principal responsável por espantar milhares de turistas. Somente em abril do ano passado, o número de visitantes ao país caiu mais de 60% comparado com o mesmo mês do ano anterior.
Passado um ano, o cenário começou a mudar. Os estrangeiros estão voltando aos poucos ao arquipélago, mesmo com alguns países ainda mantendo a recomendação aos seus cidadãos, como os Estados Unidos, China e Coreia do Sul, de não visitar o Japão. Em janeiro deste ano a queda foi de apenas 4,1% em relação a janeiro de 2011.
Em Iwaki, província de Fukushima, no Japão, turistas começam a voltar
A japonesa Yukiko Manome, que vende lembrancinhas num ponto turístico em Iwaki, cidade da província de Fukushima, reclama da queda no número de turistas.
"Já esteve pior. Aos poucos, os turistas estão voltando, mas a maioria é de japoneses. Os estrangeiros são poucos ainda", lamentou a comerciante, que chegou a perder tudo o que tinha, já que sua loja fica à beira-mar.
"Pensei em desistir, mas recebi muito apoio dos turistas, que querem levar uma lembrancinha daqui", disse à BBC Brasil. "Tenho certeza de que este ano os turistas vão voltar", emendou esperançosa.
O governo local tinha um plano de chegar a 30 milhões de visitantes por ano até 2019, mas o objetivo foi revisto por causa do tsunami e, agora, as autoridades trabalham com um número de 25 milhões.
Iene forte
Para reverter a queda brusca no turismo, o Japão investiu pesado em ações de marketing. Usou Twitter e Facebook, além da imagem de celebridades, como Lady Gaga.
A cantora enviou uma carta de agradecimento após ter participado de um show beneficente da MTV no Japão. Ela recomenda que todo mundo deveria visitar "o maravilhoso lugar" que é o Japão.
O estilista Tommy Hilfiger a atriz inglesa Jane Birkin também contribuíram na campanha ao dar dicas no "Guia de Turismo para Ajudar o Japão", numa tradução livre.
A mensagem de que o país está preparado para receber os visitantes está clara. No entanto, o problema agora é outro. O iene valorizado e a crise econômica na Europa também afastam os turistas, que são obrigados a pagar muito mais por passagens aéreas e hospedagem, num país que já é visto como uma opção cara de turismo.
No final de 2011, o Ministério do Turismo divulgou um plano de dar 10 mil passagens para estrangeiros visitarem o país, mas o orçamento não foi aprovado.
Agora, as autoridades buscam outras saídas para atrair os visitantes, já que os números mostram que nem as flores de cerejeira serão capazes de fazer o turismo desabrochar novamente.
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