Com tarifas baixas, Santiago vira coqueluche para o turismo de compras
Historicamente, quando se pensava em mercado de luxo na América do Sul, dois lugares sempre apareciam como referência: Buenos Aires e São Paulo. Mas agora uma terceira cidade sul-americana está disputando um lugar neste mercado: Santiago do Chile.
Nos últimos anos, a maioria das principais marcas de luxo do mundo desembarcaram na capital chilena, atraídas por bons indicadores econômicos, preferências tarifárias e crescimento na demanda por artigos de luxo.
Quem visita Santiago não está restrito apenas à tradicional avenida Alonso de Córdova – que concentra as lojas mais caras do país. Desde o mês passado, Santiago conta com o Distrito de Luxo, uma área especial dentro do shopping Parque Arauco.
Cristina Garrido Salazar, diretora do Portal Premium Chile – um site da internet dedicado a informações sobre marcas de luxo – disse à BBC que mais de nove empresas já se estabeleceram no local.
Segundo a Associação de Marcas de Luxo (AML), que representa diversos varejistas do setor, o setor cresceu em média 10% por ano – o dobro do ritmo da economia chilena nos últimos dois anos.
Em 2012, as vendas alcançaram US$ 472 milhões. Desta forma, o Chile superou a Argentina no segundo posto no mercado de luxo do Cone Sul, atrás apenas do Brasil.
Para Garrido Salazar, se trata de um feito "notável" para um país de apenas 18 milhões de pessoas – uma fração da população da Argentina (41 milhões) e do Brasil (198 milhões).
Turistas brasileiros
Um dos diretores da AML, Jorge Sandoval, disse à BBC que o crescimento de mercado de luxo no Chile ocorre – entre outros motivos – pelo aumento do poder aquisitivo da população e "mudanças regionais" que beneficiaram o Chile.
Uma destas mudanças regionais citadas por Sandoval é o fechamento de lojas de luxo na Argentina, devido à restrições de importação impostas pelo governo federal argentino.
Constanza Sierra, diretora da consultoria especializada em marcas de luxo Essentia Consulting, disse que o "êxodo de Buenos Aires" provocou um "vento muito favorável" ao setor em Santiago.
"Apesar de São Paulo ser um mercado bastante grande, a proximidade com a capital chilena atrai muitos consumidores argentinos", diz a especialista, que atende clientes no Chile, Argentina e Uruguai.
Ela diz que o Chile está se transformando em uma espécie de "nova Miami", um destino especial de compras. No entanto, o principal impulso à economia local ocorre devido ao grande fluxo de turistas brasileiros ricos.
"Hoje a maioria dos pacotes turísticos para a temporada de esqui incluem um ou dois dias de compras em Santiago", diz Sandoval.
Carlos Ferreirinha, diretor da empresa brasileira MCF Consultoria, afirma que os brasileiros são os "consumidores número um" tanto em Santiago, como em Buenos Aires e Miami. Ferreirinha diz que o Chile oferece uma vantagem em relação ao Brasil: baixas tarifas de importação.
"O Brasil é um dos países mais complicados e caros em termos de impostos e custos de importação. Por exemplo, pelo vinho importado se paga uma tarifa de 75%; para joias, perfumes e cosméticos, 50%; e para automóveis, 55%."
Por ser um dos países com o maior número de tratados de livre comércio do mundo, o Chile tem tarifas de importação baixas – às vezes inexistentes.
"Os carros dos Estados Unidos e Japão não pagam taxas de importação devido a acordos com esses países", diz Sandoval.
Os setores automotivo, de turismo e de negócios imobiliários são os que mais geram receita para o mercado de luxo no Chile.
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