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Parque no leste de Berlim atrai curiosos e interessados pela Alemanha dividida

Na foto, um dos brinquedos do Spreepark na área oriental de Berlim. Visitas guiadas atraem curiosos e saudosistas da RDA - BBC
Na foto, um dos brinquedos do Spreepark na área oriental de Berlim. Visitas guiadas atraem curiosos e saudosistas da RDA Imagem: BBC

Renata Miranda

Especial para a BBC Brasil, de Berlim

01/12/2013 13h05

No meio da floresta de Plänterwald, em um dos bairros esquecidos no leste de Berlim, está escondido um dos tesouros mais valiosos da época da Alemanha dividida: o Spreepark. Se deteriorando entre árvores e lama, dinossauros e barcos em formato de cisne são alguns dos poucos sobreviventes do que já foi um dos mais populares parques de diversão da Berlim Oriental. Fechado para visitantes desde o início dos anos 2000, o lugar hoje atrai um misto de curiosos e nostálgicos da época da Guerra Fria.

Aberto em 1969 pela família alemã Witte, o parque era um dos principais pontos de entretenimento do lado leste do muro que dividiu Berlim durante quase três décadas. Nos anos 1990, porém, enquanto a Alemanha trabalhava em sua reunificação e o lado ocidental apresentava um universo de opções de diversão antes inexistentes aos alemães orientais, o Spreepark entrou em decadência.

"O número de visitantes caiu e o dinheiro foi acabando", explicou à BBC Brasil o administrador do local, Gerd Emge. Como consequência, o parque acabou fechando em 2001, deixando suas atrações abandonadas a céu aberto. Pouco depois, a família dona do local foi envolvida em um episódio polêmico, quando o patriarca e um de seus filhos foram presos tentando contrabandear para a Alemanha 167 quilos de cocaína dentro de uma atração para o parque chamada "Tapete Voador".

Nostalgia

Quase 25 anos se passaram desde que o muro que dividia a capital alemã foi derrubado. A nostalgia pelos tempos da Alemanha Oriental, no entanto, é intensa entre a população, e pesquisas de opinião mostram que muita gente ainda sente falta daquela época. Esta foi a motivação de Emge quando, há oito anos, decidiu organizar um passeio guiado, de trem, pelo parque, pois atualmente, caminhar pelas ruas de pedra do Spreepark não é considerado seguro, já que muitos brinquedos têm suas estruturas apodrecidas e enferrujadas.

O passeio, que custa 15 euros (por pessoa), acontece duas vezes por dia apenas durante os finais de semana e tem atraído um público cada vez maior interessado em conhecer de perto as relíquias de um passado não tão distante assim. "Aqui é o último paraíso da RDA (República Democrática da Alemanha)", afrima Emge. De acordo com o administrador, cerca de 300 pessoas passam por ali todos os sábados e domingos.

Nos últimos anos, o futuro do parque vem sendo discutido junto às autoridades da cidade. Muitos investidores --entre eles um grupo que controla parques de diversão na Bélgica-- já manifestaram interesse em assumir as rédeas do Spreepark. No entanto, nenhum acordo prosperou. Muito é especulado sobre o que poderia ser feito no terreno onde hoje estão os brinquedos do "finado" Spreepark. Uma das hipóteses mais controversas seria o possível desenvolvimento de um projeto imobiliário no local.

Para Emge, a causa é política: "Se temos interessados em assumir o terreno para que o parque volte a funcionar, por que nada foi decidido ainda?". O Senado de Berlim, responsável pelo governo da cidade, não comenta o caso, e um pedido feito pelo Partido Pirata para revelar os detalhes do contrato não teve resposta.