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Em Mérida, no México, folclore e casarões históricos levam turistas de volta ao passado

Elisabeth Malkin

New York Times Syndicate

13/01/2012 07h00

A população de Yucatán tem muito orgulho de sua cultura, salpicando seu espanhol com palavras maias e no modo como recontam as histórias de resistência e revolução que diferenciam essa região do restante do México há séculos. De alguma forma, essas lendas agora parecem distantes na capital do Estado, Mérida, uma cidade lânguida de mansões em tons pastel e passeios. A cidade, hoje uma das mais seguras do México, é uma joia arquitetônica e possui um dos maiores centros históricos fora da Cidade do México. Quarteirões inteiros de casarões do século 19 ou mais antigos estão passando por um boom de restauração e as cenas cultural e gastronômica da cidade estão florescendo.

Sexta-feira

 
15h - Banquete de Yucatán
Prove a culinária de Yucatán na Hacienda Teya (Estrada Mérida-Cancún, quilômetro 12,5; 52-999-988-0800; haciendateya.com), uma fazenda do século 17 que trocou o gado pelo sisal, usado para fazer corda, no final do século 19, e que fica a apenas 15 minutos de carro do centro. Da sala de jantar colonial, cujas paredes estão repletas de fotos de Mérida no início dos anos 1900, é possível ver os belos flamboyants que cercam a vasta propriedade. Prove os clássicos: sopa de lima, uma sopa fragrante de frango, tortilla e suco de lima (54 pesos ou aproximadamente US$ 4, com o dólar cotado a 13,7 pesos); cochinita pibil, um pernil assado marinado em frutas cítricas e uma massa feita de sementes de urucum; ou poc chuc, carne de porco grelhada, marinada em suco de laranja-azeda (ambos 124 pesos).
 
17h - Caminhando na praça
No final da tarde, parece que a cidade inteira se reúne na arborizada Plaza Grande, sob as torres da austera Catedral de San Ildefonso, do século 16. Experimente o sorbet (sorvete feito apenas com suco de fruta e açúcar) da Sorbetería Colón (na Rua 61) e então vá ao Palácio do Governo vizinho, para ver as imensas pinturas que reproduzem a história violenta de Yucatán, de autoria de Fernando Castro Pacheco, um artista do século 20 nascido em Mérida. A Casa Montejo (Rua 63, 506, 52-999-923-0633; museocasamontejo.com), do lado sul, atualmente um museu e centro cultural, é a construção mais antiga da cidade, tendo sido construída por dom Francisco Montejo, o conquistador de Yucatán, nos anos 1540. Atenção para os entalhes de dois conquistadores espanhóis pisando sobre as cabeças dos índios na fachada. As quatro salas da frente foram suntuosamente reformadas para recuperar seu esplendor do final do século 19. A loja de presentes vende excelentes peças de artesanato. Ao entardecer, vá até a capela de La Tercera Orden, na esquina das ruas 59 e 60, construída pelos jesuítas em 1618. Se tiver sorte, pode até assistir a um casamento ou missa.
 
21h - Mojitos sob as estrelas
O bar ao ar livre do hotel Piedra de Agua (Rua 60, 498, 52-999-924-2300; piedradeagua.com) oferece uma vista espetacular das torres brilhantemente iluminadas da catedral. Bandas locais tocam jazz e blues às sextas. As especialidades são os mojitos (48 pesos) e os daiquiris de limão com manjericão (55 pesos). Experimente a pizza de huitlacoche, o famoso fungo do milho do México (120 pesos).
 

Sábado

 
9h - Café da manhã na calçada
A família Loría administra a barraca Wayan’e há 20 anos (92E da Rua 20 com Rua 15, Colonia Itzimná, 52-999-927-4160). Durante a manhã toda, eles servem tortas e tacos saborosos, recheados com fajitas de frango defumado ou ovos mexidos com acelga saídos de panelas de barro, aos clientes sentados no balcão de aço inoxidável. Todos os pratos variam de 8 a 12 pesos.
  • Adriana Zehbrauskas/The New York Times

    Apresentação de dança folclórica mexicana num palco ao ar livre, em Mérida

 
11h - Congelado no tempo
Durante o boom do sisal, quando o agave era transformado em corda e exportado para o resto do mundo, os aristocráticos proprietários de terras de Yucatán construíram casas magníficas, muitas delas hoje transformadas em hotéis de luxo. Mas a Hacienda Yaxcopoil (Rodovia Federal 261, quilômetro 186; 52-999-900-1193; yaxcopoil.com), a cerca de 30 quilômetros de Mérida, parece que foi preservada em âmbar, uma quase ruína nobre onde fotos amareladas da família que foi dona dela por cinco gerações estão nas paredes pintadas a fresco. Por 50 pesos você pode explorar os cômodos silenciosos que oferecem um vislumbre do passado, desde a imagem de São Jerônimo na capela, usando um chapéu de palha de Yucatán, até as peças de porcelana francesa cobertas de pó no banheiro. Mario Alberto Huchín Tun, 65 anos, é o guia do passeio em espanhol. Ele faz parte da terceira geração de sua família a trabalhar na hacienda. Pegue um táxi ou contrate um serviço de carro com motorista bilíngue. Experimente Ralf Hollmann da Lawson's Yucatán (521-999-947-7599, lawsonsdriving.blogspot.com).
 
14h - Uma refeição de Yucatán
No Chaya Maya (Rua 62, 481, na altura da Rua 57, 52-999-928-4780), uma mulher vestida com roupas tradicionais maias faz tortillas de milho diante de uma fila de famílias. Experimente a especialidade da casa, o Los Tres Mosqueteros, que combina três pratos típicos locais: o relleno negro (um molho escuro feito de pimentas queimadas e especiarias) sobre carne de porco; papadzul (um prato feito de ovos); e pipian (um molho à base de sementes de abóbora) sobre carne de peru, tudo por 70 pesos.
 
15h - Bens para relaxar
O El Aguacate (Rua 58, 604, 52-999-928-6429; hamacaselaguacate.com.mx) vende redes para todos os bolsos. As tecidas em algodão ou náilon, que demoram dois meses para ficar prontas, custam cerca de US$ 175, mas a mais barata custa cerca de US$ 20. (A loja fica na minúscula zona meretrícia de Mérida, mas é segura durante o dia.) Perto do centro, compre uma guayabera, a tradicional camisa masculina larga cubana, muito popular no início do século 20 entre a elite de Yucatán, que ia até Cuba para comprá-las. Depois da Revolução Cubana, os mexicanos passaram a fabricar suas próprias peças. A de algodão e poliéster da Guayaberas Jack (Rua 59, 507A, 52-999-928-6002; guayaberasjack.com.mx) custa por volta de US$ 30; já a de linho bordado, favorita dos presidentes mexicanos, custa cerca de US$ 170.
 
19h - Folclore refinado
Todo sábado, a prefeitura organiza um show gratuito tanto para os turistas quanto para a população local, com danças folclóricas, humor, mariachis, marimba e trova romântica (Paseo de Montejo, 1, na altura da Rua 49, 52-999-928-1800; hotelcasasanangel.com). Você pode assistir na rua ou bebendo na varanda do Hotel Casa San Angel. Para maiores informações sobre os eventos culturais, dê uma olhada no “Yucatán Today”, o guia turístico mensal bilíngue e gratuito da cidade, yucatantoday.com.
 
21h - Delícias de chocolate
No restaurante do mais novo hotel butique de Mérida, Rosas & Xocolate (Paseo de Montejo 480, na altura da Rua 41, 52-999-924-2992; rosasandxocolate.com), experimente o peixe do dia preparado em uma tortilla frita e acompanhado de salada de figo da Índia (180 pesos) ou o pato servido com milho grelhado, linguiça local, compota de melão e molho de passas (220 pesos).
 
23h - Irlandês sorridente
Pode parecer que um pub irlandês estaria deslocado aqui, mas o Hennessy’s Irish Pub (Paseo de Montejo, 486A, 52-999-923-8993; hennessysirishpub.com) é a casa noturna mais badalada de Mérida. As fotos do interior da Irlanda e os clássicos dos anos 80 da trilha sonora podem parecer meio fora de moda, mas a varanda ao ar livre na Paseo de Montejo fica lotada.
  • Adriana Zehbrauskas/The New York Times

    Nos domingos, a Paseo de Montejo fica fechada para dar lugar aos ciclistas, em Mérida

 

Domingo

 
9h - Pedalando pela avenida
Tome um café no Café la Habana (esquina das Ruas 59 e 62, 52-999-928-0608) e então saia para explorar a Paseo de Montejo, margeada por mansões no estilo Belas-Artes, a maioria construída com o dinheiro do sisal. A mais vistosa é o Palacio Cantón, que abriga o Museu Regional de Antropologia (Paseo de Montejo, 485, 52-999-923-0469; entrada: 41 pesos). Nos domingos, a rua fica fechada das 8h da manhã às 12h30 para dar lugar aos ciclistas. Bicicletas estão disponíveis por 15 pesos por hora nos postos da prefeitura ma esquina das Ruas 62 com 63 ou ao longo da avenida. O mapa está disponível no endereço merida.gob.mx/biciruta.
 
Meio-dia - Dois passos de volta no tempo
Os dançarinos da velha guarda de Mérida podem se divertir no palco temporário do Parque Santa Lucía, nas ruas 60 e 55, onde podem praticar o danzón mexicano e o cha-cha-cha sob as árvores e com música ao vivo. Os passos dos dançarinos lembram uma era passada de salões de dança esfumaçados e eles se vestem a caráter.
 

O básico

 
Rosas & Xocolate (Paseo de Montejo, 480, na altura da Rua 41, 52-999-924-2992; rosasandxocolate.com) é um hotel butique com 17 quartos de luxo em duas mansões reformadas dos anos 30, decorado com cores vivas tropicais. Até mesmo o spa oferece tratamentos com chocolate. Diária a partir de US$ 215 mais impostos, com café da manhã completo incluído.
 
Los Arcos (Rua 66, 448B, 52-999-928-0214; losarcosmerida.com) é uma pensão de três quartos numa casa reformada dos anos 1890, repleta de bricabraques colecionados pelo dono, David Reed, tem uma coleção de quinquilharias considerável e serve o café da manhã no belo jardim. Diárias a partir de US$ 85.
 
O Hotel Eclipse (Rua 57, 491, 52-999-923-1600; eclipsehotel.com.mx) tem 14 quartos temáticos (lava, disco, zen). A diária é relativamente barata a 900 pesos (aproximadamente US$ 65) ou até menos, com uma das promoções frequentes do hotel. (Tradução de George El Khouri Andolfato)