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Riquezas arquitetônicas e gastronômicas cativam visitantes de Oaxaca, no México

Freda Moon

New York Times Syndicate

19/04/2012 07h00

Com suas imponentes igrejas barrocas, pátios cheios de plantas e praças arborizadas perfeitas para observar pessoas, é tentador ver a cidade de Oaxaca como uma relíquia fotogênica do passado colonial do México. Mas a capital de um dos Estados mais pobres do país e uma cidade universitária repleta de estudantes, não é exótica e nem estagnada; ela é uma cidade pequena, porém dinâmica, ainda emergindo economicamente dos distúrbios sociais que a colocaram sob os holofotes internacionais e que afetaram seu setor de turismo em 2006.

Aquele levante – um protesto de professores em greve que foi respondido com violência policial e levou a um conflito prolongado – agora é história, mas seu legado está por toda parte, em uma paisagem de grafite politicamente inspirado, que transformou paredes de adobe e calçadas de concreto em uma galeria pública. Somado à cena de estúdios de arte, cultura vibrante de cafés, uma vida noturna alimentada por mescal e uma das culinárias regionais mais empolgantes do México, Oaxaca é tão cosmopolita quanto arquiteturalmente deslumbrante.

Sexta-feira

15h - Carnes e fumaça
Comece pelo coração culinário da cidade, o Mercado 20 de Noviembre, que ocupa uma quadra inteira no sul de Aldama (entre a 20 de Noviembre e Cabrera), onde as fondas – barracas de comidas com placas coloridas, balcões longos e banquinhos – vendem alimentos básicos oaxacanos como frango com mole (40 pesos, ou US$ 2,90, com o dólar cotado a 13,50 pesos) para camponeses, funcionários de escritório e mochileiros. Ao lado do prédio principal, uma rua coberta repleta de fumaça está margeada por vendedores de carne grelhada, que vendem uma variedade de cortes frescos – bifes finos de carne bovina ou chouriço picante (100 pesos o quilo). Sua escolha é colocada em uma grelha acompanhada pelos produtos das barracas vizinhas de vegetais, onde você encontrará cebolas e pimentas para adicionar ao fogo, assim como pratos de acompanhamento (12 pesos por um prato pequeno), como rabanetes fatiados, guacamole, tiras de nopal (cacto) ou tortillas de milho caseiras.

17h - Hora da cultura
Batizado com o nome do herói revolucionário do México, o Espacio Zapata (Porfirio Díaz 509; espaciozapata.blogspot.com) leva para um espaço fechado a arte de rua radical de Oaxaca, com grafites em papel e telas. Ele também realiza oficinas, sessões de leitura e música. Virando a esquina, em uma série de salas com pé direito elevado ao redor de um pátio com lago, o Centro Fotografico Manuel Álvarez Bravo (M. Bravo 116; 52-951-516-9800; cfmab.blogspot.com) realiza exposições de foto e exibição de filmes. Fundado pelo pintor Francisco Toledo, o Instituto de Artes Gráficas de Oaxaca (Alcalá 507; institutodeartesgraficasdeoaxaca.blogspot.com; 52-951-516-6980) tem uma biblioteca dedicada às artes gráficas. O espaço de exposição do instituto mostra o trabalho de designers influentes como o artista e ativista Rini Templeton.

19h - Slow food
Em um país onde as refeições sem pressa são a regra, La Biznaga (García Vigil 512; 52-951-516-1800; labiznaga.com.mx) vai além, rotulando a si mesmo como um estabelecimento de “very slow food” e avisando que os pratos demoram. Mas com o pátio tranquilo e multicolorido do La Biznaga, trilha sonora eclética e extensa carta de vinhos por taça, a espera é um prazer. O cardápio, rabiscado em uma grande lousa verde, inclui uma seleção de sopas incomuns, como a chamada La Silvestre, com cogumelos, bacon e cebolas cambray (36 pesos) – servidas com todos os acompanhamentos (cebola picada, coentro, abacate, jalapeño e limão); flor de abobrinha frita em molho de pimenta poblano (63 pesos); e camarão com alho, pimentas e mole de tamarindo (206 pesos).

22h - Vida noturna boêmia
Do outro lado da rua, La Zandunga (García Virgil com J. Carranza; 52-951-516-2265) é um pequeno lugar pintado em vermelho e azul e decorado com lâmpadas penduradas. Ele vende comida mais adequada para ser acompanhada com mescal e dividida entre amigos – empanadas fritas (55 pesos) e molotes de plátano (croquetes de banana frita e queijo, 55 pesos). As mesas brilhantes e envernizadas são perfeitas para permanecer com uma garrafa aberta antes de seguir para a pista de dança. Para isto, vá ao Café Central (Hidalgo 302; 52-951-516-8505; cafecentraloaxaca.blogspot.com), um ponto de fim de noite com uma estética de velha Havana estilizada – um marlim empalhado acima da porta, bar com azulejos brancos e pretos, cortinas de palco vermelhas – e música ao vivo ou festas dançantes com D.J.s nos fins de semana.

  • Adriana Zehbrauskas/The New York Times

    A receita do mole de fiesta conta com 17 ingredientes, incorporando pimentas, condimentos e chocolate, e sorvete de pétalas de rosa

Sábado

8h - Passeio integral
Para um café da manhã rápido, volte ao mercado para o pan de yema (pão doce de ovo) e o famoso chocolate quente de Oaxaca. Então, vislumbre o interior com a Fundación En Vía (Instituto Cultural Oaxaca; Avenida Juarez 909; 52-951-515-2424; envia.org), uma organização local de microfinanciamento, sem fins lucrativos, que ajuda as mulheres rurais a desenvolverem pequenos negócios. O passeio funciona como um intercâmbio cultural entre os turistas e os tomadores de empréstimo – frequentemente artesãos indígenas zapotecas. O passeio (650 pesos, ou US$ 50, incluindo almoço) financia o programa. Para outro tipo de imersão cultural, experimente as aulas de culinária de quatro horas (10h da manhã; US$ 65) na Casa Crespo (Allende 107; 52-951-516-0918; casacrespo.com), em uma casa colonial convertida, onde você aprenderá a preparar especialidades locais como o mole de fiesta com 17 ingredientes, incorporando pimentas, condimentos e chocolate, e sorvete de pétalas de rosa.

15h30 - Café com arte
Para um café torrado na casa e bagels surpreendentemente autênticos, visite o Café Brújula (García Vigil 409-D; 52-951-516-7255; cafebrujula.com). Mas passe primeiro na Amate Books (Alcalá 507A; 52-951-516-6960; amatebooks.com), uma excelente livraria de língua inglesa, para seu material de leitura no café. Então suba a colina até o desativado aqueduto da cidade e o Instituto Oaxaqueño de las Artesanías, conhecido como ARIPO (García Vigil 809), um empório de artesanato, incluindo joias com filigranas em prata, bolsas em couro gravado e cerâmica preta.

17h - Artesanato colorido
Os brilhantes trabalhos têxteis de Teotitlán del Valle, em Oaxaca, estão entre os mais célebres do artesanato mexicano. O Museo Textil de Oaxaca (Hidalgo 917; 52-951-501-1104; museutextildeoaxaca.org.mx) é dedicado totalmente a trabalhos têxteis. Ele conta com uma loja excelente e sua própria oficina de conservação. A loja familiar Galeria Fe y Lola (5 de Mayo 408, No. 1; 52-951-524-4078) vende uma bela seleção de tapetes de lã feitos com corantes orgânicos. Para as pessoas profundamente interessadas no assunto, o site Oaxaca Cultural Navigator (oaxacaculture.com) é um recurso maravilhoso e vende um mapa para download (US$ 10) dos estúdios têxteis em Teotitlán del Valle.

19h - Jantar ‘de autor’
Ele tem paredes puramente brancas e garçons um tanto indiferentes, mas diferente de muitos restaurantes, o Pitiona (5 de Mayo 311; 52-951-514-4707; pitiona.com) evita extravagância culinária. Em vez disso, ele serve pratos com inspiração regional bem feitos – como o amuse bouche de língua de boi e os bolinhos de carne de trigo fino com molho chintextle (alho, vinagre e pimenta guajillo), carne de veado com mole amarelo (245 pesos) e tacos de manga com mousse de pera (85 pesos) – que ficam surpreendentemente próximos da tradição. Para uma experiência completa, peça o cardápio de degustação com seis pratos, que muda constantemente (470 pesos).

21h - Mais mescal
A melhor forma de entender a tradição do mescal do México é visitando uma das muitas pelanques (destilarias de mescal), como a La Destilería Los Danzantes (Calle Pino Suárez s/n, Santiago Matatlán, Tlacolula; 52-951-501-1184; losdanzantes.com), fora da cidade de Oaxaca, apesar dela tipicamente só abrir nos dias úteis. Na cidade, La Mezcaloteca (Reforma 506; 52-951-514-0082; mezcaloteca.com), com um ano de idade, é uma alternativa maravilhosa. Dirigida por uma dupla de ex-moradores da Cidade do México obcecados por piteiras, esta bar de mescal escuro, estilo bar sem placa da época da lei seca, parece uma biblioteca dedicada ao estudo da principal bebida de Oaxaca. Experimente as variedades incomuns como a rara tobalá de agave silvestre, como parte de uma rodada de degustação com três bebidas (100 pesos). Do outro lado da cidade, Cuish (Diaz Ordaz 712; 52-951-516-8791; mezcalcuish.net) é menos estudiosa, mas igualmente passional.

  • Adriana Zehbrauskas/The New York Times

    É tentador ver a cidade de Oaxaca como uma relíquia fotogênica do passado colonial do México

Domingo

10h - Café da manhã
Em um trecho fora do caminho batido da rua residencial do bairro Reforma, a Casa Oaxaca Café (Jazmines 518; 52-951-502-6017; casaoaxacacafe.com), uma filial do recém reformado e reaberto restaurante no centro de mesmo nome, é o destino para brunch da elite da cidade. Este restaurante com pátio conta com móveis de madeira, árvores com vinhedos e um dossel de bambu. Garçons vestindo guayabera circulam entre as mesas e a cozinha aberta servindo chilaquiles com guajilo (55 pesos), omeletes com huitlacoche (fungo de milho, 75 pesos) e empanadas de mole (49 pesos). Os sucos de frutas frescas e o café são excelentes.

Meio-dia - Devolver ao remetente
O novo museu de selos da cidade, o Museo de Filatelia de Oaxaca (Reforma 504, 52-951- 516-8028; mufi.org.mx) é um encerramento adequado. Uma exposição recente exibia selos com temas de bicicleta de todo o mundo, usando aros de bicicletas como molduras improvisadas para arte postal internacional. Para uma última parada, peça um nieve (neve), uma palavra genérica para sobremesas congeladas, em outra espécie de museu, o Museo de Nieves Manolo (Alcalá 706; 52-951-143-9253). Os sabores incluem pistache, queijo com manjericão e mescal (a partir de 25 pesos). Desfrute sua casquinha ao lado de uma das fontes gêmeas na Paseo Juárez, uma praça arborizada com árvores de flores alaranjadas e um carvalho branco doado pela cidade irmã de Oaxaca, Palo Alto, Califórnia.

O básico

O Diablo y La Sandia (Libres 205; 52-951-514-4095; eldiabloylasandia.com), aberto há um ano, tem toques criativos como mesas com tampo de vidro feitas de grelhas de churrasco mexicanas convertidas, uma cozinha com azulejos azuis no pátio e um terraço na cobertura cercado de plantas em vasos. Cinco quartos, a partir de US$ 75.

Os 21 quartos modernos e elegantes (a partir de US$ 130) no novo Hotel Azul (Abasolo 313; hotelazuloaxaca.com; 52-951-501-0016) cercam um pátio de pedras e cactos e uma fonte projetada por um dos artistas mais conhecidos de Oaxaca, Francisco Toledo. (Tradução: George El Khouri Andolfato)