Clima jovem e neve levam os turistas a Innsbruck, na Áustria

A grande atração dos Alpes é o esqui, mas esse "centro" austríaco nas montanhas vive para tudo o que for pós-esqui, ou "après-ski", como se diz por aqui – comida, bebida, compras e festas. Apesar de ter sido fundada como capital do Tirol na Idade Média, a cidade às margens do rio Inn mantém um espírito jovial graças, em parte, aos trinta mil universitários numa população de apenas 120 mil habitantes e ao interesse renovado na arquitetura moderna de David Chipperfield, Dominique Perrault e Zaha Hadid, que já começa a disputar a atenção com as construções renascentistas e com o labirinto de vielas da Cidade Velha. Divirta-se nas encostas da Geleira Stubai, claro, mas não se surpreenda se os teleféricos mais interessantes forem aqueles que o levam aos melhores bares, restaurantes e casas noturnas locais.

Sexta

16h - Concurso de confeitarias
Os moradores vivem discutindo para saber qual é a melhor konditorei (confeitaria) da cidade; há quem prefira a moderna Valier (Maximilianstrasse 27; www.konditorei-innsbruck.at), ao sul do centro; já os puristas preferem a Munding (Kiebachgasse 16, na Mundingplatz; munding.at), na Cidade Velha, que se gaba de servir strudels de maçã e stollen desde 1803. O melhor a fazer é escolher um deles e degustar o lanche da tarde como os locais; depois, é só ir ao outro para repetir a dose.

17h - Cervejas locais
Com seus gruner veltliners translúcidos, gelber muskatellers frutados e rieslings suaves, a invejável cultura do vinho austríaca rouba (quase) toda a cena que, do contrário, seria o cenário incipiente – e praticamente ignorado – das cervejas artesanais. Em Innsbruck, o bar mais badalado da versão 2012 do guia de Conrad Seidl é o Café Sowieso (Kapuzinergasse 8; 43-650 553-0506), um pub rústico que oferece de quatro a seis versões especiais na torneira e cerca de 40 garrafas, incluindo raridades como a excelente Styrian Ale da Gerhard Forstner, variedade da região de Steiermark (4,60 euros). Não, os seus amigos fãs de cerveja nunca ouviram falar.

20h - Uma refeição, uma bela vista
Embora o Rathausgalerien dê a impressão de ser apenas um shopping center moderno e coberto de vidro, os gourmets mais descolados o frequentam por causa do restaurante que há no terraço, o Lichtblick (Maria-Theresien-Strasse 18; restaurant-lichtblick.at), um espaço aberto e bem iluminado que oferece uma belíssima vista da cidade do sétimo andar de uma torre na Maria-Theresien-Strasse. Dá para ver Alto Adige, logo depois da fronteira - a influência culinária certamente sai da Áustria e vai parar na Itália - graças a pratos como a delicada sopa de cherívia servida com filés de atum fresco ou a carne de carneiro, macia, acompanhada de polenta com molho de tomate e queijo de cabra. Jantar médio para duas pessoas, sem vinho: 100 euros.

22h30 - Paradas pós-jantar
Se você for muito preguiçoso, pode terminar a noite da maneira mais fácil: caminhando seis metros da porta do restaurante até o 360 degrees (Maria-Theresien-Strasse 18; 360-grad.at), um salão estiloso, de vidro, com vista para a cidade inteira. Peça um vinho local como o cuvée branco, produzido para o bar pela vinícola Hiedler, em Kamptal (32 euros/garrafa). De lá, pode partir para a saideira (e os melhores coquetéis da cidade) bem pertinho, no 5th Floor, bar que fica na cobertura do Hotel Penz (Adolf-Pichler-Platz 3; the-penz.com). Confira um dos cem uísques raros (como o Wemyss Honey Pot, cuja produção se limita a 299 garrafas) ou experimente um dos clássicos reinventados, como o gim e tônica feito com gim Monkey 47 (da Floresta Negra) e a tônica Thomas Henry, de Berlim (os coquetéis saem por volta de 11 euros).

Sábado

10h - Ponto alto da cerâmica
A influência da Áustria no movimento mundial de cerâmica de estúdio inclui o Wiener Werkstatte e a londrina Lucie Rie. O ponto alto da louça de qualidade é o Töpferstudio Kathrein (Viaduktbogen 1; toepferstudio.at), que há vinte anos está situado no arco de um viaduto na Viaduktbogen; ali, Hansjorg Kathrein faz e vende peças estilosas, mas funcionais, como xícaras, tigelas, pratos e jarros (cada xícara sai por 8 euros; jarras, por volta de 60 euros).

13h - Império doce
A casa que deu origem à famosa torta Sacher já faz parte de um pequenino império: além do hotel original de Viena, há filiais em Graz, Salzburgo e na Cidade Velha de Innsbruck, cujo Café Sacher (Rennweg 1; sacher.com/en-cafe-innsbruck.htm) reabriu depois de passar por uma grande reforma em 2011. Embora a grande atração seja mesmo o doce, as opções de pratos salgados – desde o clássico tafelspitz à cozinha contemporânea – não devem ser ignoradas. A decoração fin-de-siècle e o serviço requintado criam um cenário bem Velho Mundo, perfeito para equilibrar os pratos ultramodernos do chef Florian Prelog, como a truta em conserva com ricota doce de maçã e raiz forte. Almoço para dois sem vinho: 70 euros.

15h - Facetas múltiplas
Finja contemplar a arte enquanto compra as peças bem acabadas da loja de cristais Swarovski (Herzog-Friedrich-Strasse 39; innsbruck.swarovski.com), reaberta em meados de 2011 depois de uma longa reforma. Produzidos a apenas meia hora da cidade, os cristais decoram a exposição de sapatos de salto alto de oito designers diferentes do térreo, além de uma instalação multimídia gigantesca, a "Im Facettenreich" de Thomas Feuerstein. No andar superior, os cristais se acendem com música sincronizada numa wunderkammer (câmara de maravilhas) escura e você pode se preparar experimentando o espumante (5,60 euros) do bar antes de arrematar a pulseira de cristal preto da Christopher Kane (250 euros).

16h - Estilo tirolês
Meio austríaca, meio italiana, só mesmo os moradores do Tirol entendem a região. Você pode ter uma ideia visual no Museu de Arte Popular Tirolesa (Universitatstrasse 2; www.tiroler-landesmuseen.at/html.php/en), na Universitatstrasse, que exibe peças de artesanato como pentes e colheres entalhadas, roupas tradicionais e até salas de estar inteiras, decoradas com móveis entalhados com os motivos exuberantes locais típicos. A seguir, confira a Hofkirche, ou Igreja do Pátio, onde o túmulo decorado do Imperador Romano Maximiliano I é vigiado por estátuas renascentistas de reis, rainhas, damas, cavaleiros e membros da corte e onde repousa o herói da região, Andreas Hofer.

20h - Sente-se direitinho (e coma tudo)
Conte que você tem uma reserva no Sitzwohl (Gilmstrasse 4; restaurantsitzwohl.at) e os moradores vão olhá-lo com espanto, impressionados com o fato de que você vai comer no melhor restaurante da cidade. Localizada numa antiga escola primária na Gilmstrasse, a casa inclui uma delicatessen e um bar no térreo. No clima aconchegante do grande salão do primeiro andar os clientes saboreiam pratos regionais com um toque de modernidade - como a versão moderna do queijo de porco, servido com bolinhas minúsculas de milho, ou o peito de faisão enrolado em presunto de Parma acompanhado de repolho roxo apimentado e bolinhos de batata crocantes por fora e macios por dentro. Ah, se toda escola servisse uma merenda dessas! Jantar para dois sem vinho: 120 euros.

23h - Balada na madrugada
Com uma grande população universitária, a vida noturna de Innsbruck é animada e a balada vai até o sol raiar. Em casas noturnas como a Weekender (Tschamlerstrasse 3; weekender.at), o forte é a variedade de gêneros musicais que, dependendo da noite, oferece uma banda de heavy metal ou punk ao vivo, techno ou apresentações de DJs. Às margens do rio Inn, o Aftershave (Herzog-Otto-Strasse 8; club-aftershave.at) só começa a lotar depois da uma da manhã.

Domingo

9h - Em pleno ar
É difícil dizer o que é mais fotogênico: a vista do vale a partir do bondinho Hungerburgbahn ou as próprias estações, com cara e jeito de naves espaciais. Projetadas por Zaha Hadid (que também criou a pista Bergisel, ali perto) e inauguradas em 2007, as quatro paradas estranhamente belas começam na estação Congress, perto da Cidade Velha, e vão até Hungerburg, na metade do percurso ao topo, a 860 metros. Tire uma foto da vista, outra da estação e vá repetindo a operação quantas vezes forem necessárias.

Se você for

O que não falta em Innsbruck são hotéis tradicionais com motivos alpinos antigos; os que oferecem decoração moderna são mais raros. Um dos melhores é o Penz (Adolf-Pichler-Platz 3; 43-512-57-56-57; the-penz.com), que tem 94 quartos e um ambiente clean, inspirado nos anos 50, situado numa praça não muito distante da Maria-Theresien-Strasse, principal centro de comércio e entretenimento da cidade. Diária dos quartos duplos entre 180 e 260 euros.

Quem não pode gastar muito também tem ótimas opções, como o popular Basic (Innrain 16; 43-512-58-63-85; basic-hotel.at), da família Perger. Com 24 quartos decorados com graça e simplicidade, as diárias dos quartos duplos começam em 110 euros.