Chef cria prato "Salve o Pantanal" em homenagem a bioma devastado pelo fogo
No programa Brasil com Zeca, o apresentado Zeca Camargo recebeu a chef de cozinha Ariani Malouf, que criou um prato inspirado nas últimas notícias sobre essa região atingida por um dos incêndios de maior alcance na história desse bioma, entre o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul, e sua mãe, a banqueteira Leila Malouf.
Em sua homenagem gastronômica, que a chef cuiabana chamou de 'Salve o Pantanal', Ariani leva para a mesa um pintado com ingredientes de produtores locais, como o requeijão pantaneiro feito em comunidades de São Pedro de Joselândia, distrito de Barão de Melgaço, no Pantanal Norte, no Mato Grosso.
Comer é unir as energias e misturar essas coisas todas na mesa. Compartilhar é sempre uma ação linda e esse momento pede isso, de pensar mais no outro"
Mais do que uma criação "pelo amor que sente pelo Pantanal", como ela mesma lembra, seu prato é feito de lembranças da infância.
Suas primeiras memórias do bioma começaram quando Ariani tinha quatro anos e ia para a fazenda dos tios, próximo a Barão de Melgaço. A viagem era uma verdadeira odisseia pois só era possível chegar na propriedade de avião ou barco.
Foi ali que aprendeu não só o valor da natureza, mas também das artes. "A fazenda é um museu de artes no Mato Grosso, meus tios são muito conectados", conta Ariani, em referência aos inúmeros trabalhos artísticos usados na decoração da propriedade.
A chef, que já trabalhou na cozinha de hotéis de São Paulo e tem formação pela escola Le Cordon Bleu de Paris, sempre procura respeitar a sazonalidade dos ingredientes usados.
Por isso, em plena piracema, quando peixes sobem rios para reprodução e sua pesca é proibida, Ariani só trabalha com insumos de manejo sustentável. "O cliente ia questionar se eu chegasse com um peixe de rio [como o pintado de sua receita], em plena piracema".
O prato que Ariani vai fazer com Zeca faz parte do projeto "Boa Lembrança". Anualmente, essa associação da serra fluminense, que conta com 100 restaurantes em todo o Brasil, convida seus associados a criarem uma receita que, posteriormente, é servida em um prato de cerâmica colecionável.
Na edição deste ano, a chef convidou o artista Rafael Johnier, que fez a arte em Cuiabá para que fosse pintada no distrito de Itaipava, em Petrópolis.
Achei que esse momento pedia algo mais moderno. Ele é jovem e a arte dele é mais alegre"
Cozinha afetiva
De família libanesa e com currículo que inclui passagens pelas cozinhas do premiado chef Christian Le Squer, Ariani leva o mundo para a mesa.
Embora tenha formação e referências internacionais, sua cozinha não tem regra.
Para ela, a gastronomia do seu restaurante Mahalo, na capital mato-grossense, é uma mistura de técnicas da cozinha francesa (pelos estudos feitos na Europa), sabores da cozinha árabe (pela herança familiar) e, claro, ingredientes brasileiros do Mato Grosso, "pelo amor à região".
Sua cozinha é voltada para dentro, "para o regional", e o que importa é o repertório que foi armazenando ao longo dos anos. "Mas tive que adaptar tudo isso para os clientes em Cuiabá. Não faria sentido importar uma cozinha que não se conectasse com a cultura do nosso povo", faz questão de avisar.
De sua viagem ao Líbano, a chef lembra da fartura da cozinha árabe e da habilidade dos libaneses em receber visitas.
"O visitante é convidado para diversas refeições, e nunca é com poucos pratos na mesa. Lá, me dei conta de que a famosa hospitalidade brasileira ainda tem muito a aprender com os libaneses", compara Ariani.
Outra experiência que a marcou no Líbano foi a variedade de opções de comida de rua, como mexilhões, frutos do mar e cordeiro.
Seu passaporte gastronômico inclui também a Turquia, "mistura de sabores e de temperos". "Eu gosto muito do perfume da cozinha turca", define.
"A Turquia faz parte do mundo árabe sem estar propriamente nele, é uma mistura dos mundos árabe e europeu", descreve a chef que, entre suas preferências daquele país entre a Europa e a Ásia, destaca o kebab, espécie de espetinho de carne assada ou grelhada.
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