Topo

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

10 curiosidades sobre The Handmaid's Tale - "O Conto da Aia"

10 curiosidades sobre The Handmaid"s Tale  - UOL Play
10 curiosidades sobre The Handmaid's Tale
Imagem: UOL Play

Colunista do UOL

02/06/2022 16h33

A série dramática, The Handmaid's Tale - "O Conto da Aia", dirigida por Bruce Miller conquistou muitos espectadores desde sua estreia em 2017. É baseada no livro de Margaret Atwood, publicado em 1985, e recebeu o título de "O conto da AIA", em tradução brasileira.

No enredo, Gilead é os Estados Unidos da América comandado por fundamentalistas religiosos, após grandes desastres e a queda de natalidade. As aias são a casta de mulheres férteis que servem aos comandantes e suas esposas estéreis.

Permeada por questões sociais, políticas e religiosas, a história traz muitos debates interessantes. Acompanhe ao longo desse conteúdo algumas das curiosidades sobre a série e saiba onde assistir.

Boa leitura!

A história e o enredo de The Handmaid's Tale - "O Conto da Aia"

Em um período do futuro os Estados Unidos sofre um golpe de estado após alguns desastres e a queda na taxa de natalidade. Comandado agora por religiosos em um regime totalitário, o país passou a se chamar Gilead.

A culpa de não haver novos cidadãos vem de uma doença que deixa a maioria infértil. Mulheres que ainda são capazes de engravidar são vistas como um recurso valioso e passível de escravidão.

Os Comandantes de Gilead recebem como sua propriedade uma aia para que sirva gerando filhos para sua família. Mesmo que o motivo da infertilidade não seja somente das mulheres, os homens não enxergam dessa forma e não admitem.

A concepção desses filhos é por meio do estupro que acontece no período fértil das aias. O ciclo segue até que os filhos nasçam.

É sob o olhar das aias que a história é contada, mais especificamente sob o olhar de Offred, que na série também é chamada de June. No passado ela tinha uma família e tentava fugir com eles para o Canadá. Porém, sua filha foi arrancada dos seus braços e ela foi obrigada a se tornar aia.

A série conta com inúmeras cenas de violência psicológica explícitas e implícitas, bem como outras formas de violência. June tem como objetivo em sua jornada, sobreviver nesse mundo em que as mulheres não possuem mais direitos e também encontrar sua filha.

Ficção vs Realidade

Na série, a obra passa por uma mudança, sendo a queda dos Estados Unidos em 2017, mais próxima da nossa atualidade. E mostrando que mesmo com elementos do passado e de ficção, a história é atual e pode acontecer em qualquer momento.

Já o livro, foi escrito durante a queda do Muro de Berlim, em 1984, e Atwood morava nesse período na Berlim Ocidental. Esse ambiente acabou inspirando a escrita dela, assim como outros momentos históricos.

Como os Estados Unidos do século 17, a poligamia da Romênia, onde o nascimento de novas crianças era obrigatório.

Além desses, também se inspirou na opressão dos movimentos femininos dos anos 70 e 80. E em 1976, na Argentina, mais de 500 crianças "desapareceram" durante o golpe militar.

Mesmo sendo canadense, Atwood escolheu os Estados Unidos como cenário, e o motivo dessa escolha é simples. O Canadá é sempre visto como refúgio para aqueles que querem fugir.

O conteúdo, mesmo sendo pesado, associa-se muito com os dias atuais e a luta das mulheres por direito, respeito e independência. Inclusive o livro foi banido de diversas escolas entre 1990 e 1999, o motivo era o "conteúdo sexual", "difamatório" e "vulgar".

Atualmente, mesmo com algumas ressalvas ele passou a ser usado, em escolas do ensino médio, para estudos literários.

O que torna ainda mais próximo da realidade a série é sua proximidade com o cenário político dos EUA. A série estreou exatamente três meses após a posse de Donald Trump, que apresentava tendências autoritárias, homofóbicas e contrárias aos direitos das mulheres.

Um exemplo de que a ficção e realidade andam lado a lado é a cena da marcha de mulheres da série. Ela foi gravada antes de Trump ser eleito, ou seja, muito antes da marcha feita pelas mulheres em Washington.

10 curiosidades que você não sabia sobre The Handmaid's Tale - "O Conto da Aia"

Apesar de ainda não ter data de estreia, a quinta temporada de The Handmaid's Tale - "O Conto da Aia" já está engatilhada. E enquanto ela não chega, preparamos algumas curiosidades para você.

Para quem leu o livro, talvez algumas informações já sejam conhecidas, mas outras talvez não.

Para abrir este tópico, uma curiosidade que merece ser mencionada é o fato de que Gilead está na Bíblia, no livro de Génesis. A história bíblica de Raquel que oferece sua aia ao marido, Jacob, para que concebam um filho, também é muito semelhante com a obra. Interessante, não é mesmo?

Confira abaixo mais 10 curiosidades sobre The Handmaid's Tale - "O Conto da Aia"!

  • 1. O nome de Offred

Ao longo da narrativa escrita no livro, Offred é apenas Offred, o nome verdadeiro da personagem se mantém escondido nas linhas. Margaret Atwood afirma que nunca foi de sua vontade revelar o nome e muito menos que seria June Osborne.

Mesmo que haja menção sobre este em uma passagem do livro, nunca foi algo confirmado pela autora. O ato de retirar o nome das aias é visto como uma desumanização, uma maneira de reforçar que elas são propriedades de seus Comandantes.

Offred recebe o nome de June logo no primeiro episódio da série, bem diferente do que acontece no livro. Escolher um nome para a personagem das telas é mais para provocar um sentimento de conexão com o público.

Geralmente o espectador se identifica mais com os personagens quando eles tem um nome além da história. Por isso fez sentido nomear June para Offred.

Na série, a personagem reforça sua própria identidade através do nome, o que faz sentido para adaptação. Ao contrário do livro que mantém um tom de mistério que envolve as memórias de Offred.

  • 2. Elizabeth Moss é uma das diretoras da série

Elizabeth Moss é a atriz protagonista da série, ela interpreta Offred/June. Mas o que poucos sabem é sobre seu papel como diretora.

Com uma criatividade excepcional, o diretor afirma que Moss cumpriu um papel muito importante na quarta temporada.

  • 3. A série não é a primeira adaptação do livro

Por mais que a maioria dos brasileiros só tenha conhecido a obra a partir da série em 2017. The Handmaid's Tale - "O Conto da Aia" já recebeu mais de cinco adaptações desde seu lançamento.

Em 1990, cinco anos após o lançamento oficial do livro, houve um filme dirigido por Volker Schlondorff. Porém, ele recebeu críticas severas quanto a superficialidade com a qual o tema foi abordado no longa. No Brasil, esse filme recebeu o nome de "A Decadência de uma Espécie".

O Conto da Aia também recebeu uma versão para a ópera e estreou em 2000, na Dinamarca.

Além disso, a companhia de balé Royal Winnipeg Ballet está adaptando o enredo para o palco e estará em cartaz no mês de outubro deste ano (2022), no Canadá.

Teatro e radionovela também tiveram sua vez nas adaptações do livro. É possível encontrar a obra em audiobooks e em podcasts também. Ainda assim, a série televisa é a primeira vez.

The Handmaid's Tale - "O Conto da Aia" já foi traduzido para 40 idiomas e atualmente está sendo adaptado para os quadrinhos.

  • 4. Personagens negros na série

Moira, interpretada por Samira Wiley, é a melhor amiga de June na série e de acordo com o livro ela seria uma personagem branca. Isso porque Gilead, além de ser uma nação preconceituosa e de soberania masculina, é racista.

Incluir personagens negros a trama das telas foi uma atitude feliz por parte da produção. E certamente uma série que trata de temas tão sérios não teria um bom funcionamento se o elenco todo fosse com atores brancos.

  • 5. A roupa das Esposas

Ao contrário da simbologia da roupa das aias, a roupa que as esposas utilizam é azul. Esse azul remete a Virgem Maria, e dá para as esposas um ar de pureza.

Pensando biblicamente, Maria concebeu um filho sem ter se deitado com seu companheiro, José.

De uma forma meio distorcida é o que acontece com as esposas dos Comandantes. Não há a virgindade incluída nessa parte e sim a infertilidade, fazendo com que os filhos sejam gerados por meio das aias.

  • 6. "Nolite te bastardes carborundorum"

"Não permita que os bastardos reduzam você a cinzas". A frase que Offred encontra em seu quarto nos primeiros episódios da primeira temporada é vista como representação da luta das mulheres.

Mesmo sendo possível ter uma tradução do latim para algumas palavras, Atwood se inspirou em trocadilhos ditos pelas crianças da sua época enquanto tinham aulas de latim.

Quando jogado no tradutor do Google, ele reconhece como sendo uma mensagem em latim e traduz como: "Não deixe os bastardos te esmagarem".

Ambas as possíveis traduções têm um significado forte na luta de Offred/June já que também é visto como um símbolo de esperança para todas as aias.

  • 7. O sentido dos nomes dados às mulheres

Como mencionado, o nome das aias era retirado para evidenciar que elas não pertenciam mais a si mesmas. Esse novo nome que receberam é proveniente do Comandante de suas casas, Offred, Ofglen, Oferic, etc.

Por exemplo, Offred, seu nome é basicamente "Of" + "Fred", ou seja, De Fred. A aia que é oferecida para o Comandante Fred. O mesmo acontece com as outras, o "of" empregado ao nome é para reforçar esse pertencimento.

Outro significado para Offred, é que este parece a palavra "offered", ou oferecida. Aqui, que é oferecida para o sacrifício, se for pensar no ambiente da história.

  • 8. Margaret Atwood participou do episódio-piloto

A autora teve uma pequena participação no episódio zero da série. Ela estava apenas de visita no set de filmagens, mas foi convidada para fazer uma aparição.

O momento proporcionou uma cena e tanto, já que Atwood interpretou uma das "tias" e foi justamente ela quem deu um tapa em Offred/June.

Margaret Atwood não ficou apenas nessa aparição, mesmo não estando nas telas, ela faz parte da produção. É uma consultora e fica analisando a adaptação para que seja fiel ao livro.

  • 9. A autora não considera que seu livro seja somente ficção

Atwood não enxerga sua obra como apenas mais uma história de ficção. Para ela, "O Conto da Aia" é o retrato de diversos acontecimentos reais, situações de comportamentos humanos que realmente aconteceram ou estavam acontecendo.

Ela acredita que algumas questões, mesmo aquelas que ainda não aconteceram, ainda têm chances de se tornarem reais.

  • 10. As roupas vermelhas das personagens

A roupa vermelha que as aias usam na história teve inspiração na era vitoriana, nas roupas usadas pelas freiras.

Mas outro significado também é associado com a cor vermelha, pois simboliza o sangue derramado durante os partos e também está ligado com Maria Madalena.

Portanto, as aias são vistas como pecadoras também e por isso usam essa roupa.

Onde assistir The Handmaid's Tale - "O Conto da Aia"?

Para aqueles que ainda não assistiram, ou que querem rever antes da próxima temporada, as quatro primeiras temporadas já estão disponíveis no Brasil.

É possível assistir O Conto da Aia através do UOL PLAY, em Paramount+!

Assinei nossos serviços, clicando aqui, e não perca mais nenhum episódio dessa série arrebatadora.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL