"Todos sabiam": como a lei do silêncio permitiu os abusos de João de Deus em Abadiânia
Do UOL, em São Paulo
25/11/2020 04h00
Condenado a 63 anos de prisão por crimes sexuais e porte ilegal de arma de fogo, João de Deus é o responsável pela ascensão e declínio da cidade de Abadiânia, no interior de Goiás. O documentário "João de Deus", inspirado no livro "A Casa", de Chico Felitti (editora Todavia), discute como poder e fé andaram juntos por tantos anos, fazendo de João Teixeira de Faria um líder famoso no Brasil e no mundo.
Em seu auge, Abadiânia, que tem pouco mais de 20 mil habitantes, chegou a receber até 10 mil pessoas por mês, entre brasileiros e estrangeiros. Mas, em 2018, com uma denúncia veiculada pelo programa "Conversa com Bial", da Rede Globo, o império começou a ruir. Segundo balanço mais recente do Ministério Público de Goiás, mais de 300 mulheres fizeram queixa de estupro ou abuso sexual contra João de Deus.
Chico Felitti, autor do livro "A Casa", explica que Abadiânia minguou rapidamente após o escândalo. "De um dia pro outro, a cada viagem que eu fazia, tinha muito menos gente, e os negócios iam fechando" conta. João Teixeira de Faria cumpre prisão domiciliar desde março de 2020, devido à pandemia de coronavírus. Atualmente, está internado em um hospital de Brasília sem previsão de alta.
Além de Chico Felitti, o documentário"João de Deus", de MOV.doc, ouviu também Paulo Sampaio, jornalista e colunista do UOL; Vera Iaconelli, psicanalista; Ana Paula São Tiago, vítima de João de Deus; e Clodoaldo Turcato, ex-contador da Casa Dom Inácio de Loyola.