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Mauro Cezar Pereira entrevista personagens de destaque do universo esportivo


Inter corta custos e não quer "ganhar a qualquer preço", diz CEO

Do UOL, em São Paulo

02/09/2021 15h00

CEO do Internacional, Giovane Zanardo é o entrevistado de Mauro Cezar Pereira no programa Dividida, do Canal UOL, e fala sobre o processo de reestruturação pelo qual passa o clube e a necessidade de não tomar medidas irresponsáveis visando apenas o resultado esportivo dentro de campo, sem pensar nas consequências em relação ao futuro financeiro, problema que hoje é vivido por outros tradicionais clubes do futebol brasileiro.

Zanardo afirma que o objetivo do Inter hoje é contar com um time que possa ser competitivo dentro de campo, buscando o protagonismo e a conquista de títulos, mas sem o risco de comprometer as finanças.

"Nós precisamos ter um futebol responsável. Todos nós sabemos que a torcida, os sócios do clube, todos nós apaixonados, e eu sou um apaixonado pelo futebol, como qualquer brasileiro, sou um colorado apaixonado, nós queremos títulos, nós queremos ser protagonistas nas competições que a gente participa, nós queremos ganhar sempre, mas isso não significa fazer isto a qualquer preço", afirma Zanardo.

"Eu acho que esse é o divisor de águas. O clube precisa entender o tamanho que tem do ponto de vista econômico e financeiro, do ponto de vista de capacidade de investimento, e a partir desta realidade, deste tamanho, construir o seu projeto esportivo. Você não pode ser o contrário, eu tenho que ganhar e aí, para ganhar, eu faço qualquer coisas eu endivido o clube, eu gasto além da conta, apostando que lá na frente, se vier o título, se eu vender o jogador, aí eu vou resolver a vida financeira, a vida econômica, a vida de gestão do clube. Eu acho que é justamente o contrário", completa.

O gestor pontua a necessidade de entender as receitas do clube e a sua capacidade de gerar novas fontes, além de ressaltar a necessidade de eficiência em relação ao valor investido.

"Eu preciso entender o tamanho que eu tenho, buscar de forma criativa novas alternativas de receitas, por exemplo, se eu entendo que eu tenho um tamanho insuficiente de receitas, eu preciso ir atrás de mais receitas. Se eu tenho uma estrutura de custos e de despesas não adequadas, não eficientes, eu preciso melhorar essa estrutura. E a partir disto ter um time competitivo, ser protagonista e buscar os títulos, eu acho que essa é a inversão e o cair na real, é não buscar título a qualquer preço", afirma Zanardo.

"O grande desafio, é fazer uma redução de estrutura buscando eficiência e não simplesmente uma redução de custo e despesa, mas reduzir custo e despesa em prol da eficiência, em prol de fazer mais com menos, em prol de sobrar recursos para atacar sim o endividamento, reduzi-lo a patamares ainda melhores, mais aceitáveis, reduzir hoje o que nós temos de compromissos de curto prazo, alongando essa dívida, e sobrando recursos para investimento no futebol", completa.

Zanardo afirma que um dos pontos principais no projeto de gestão do Internacional é o aproveitamento das categorias de base e o investimento para obter retorno técnico e financeiro a partir dos jovens atletas, mas também destaca o perfil de contratações do clube, que tem um elenco mais jovem na temporada atual.

"Em termos de grupo de atletas, o Internacional neste ano, a média de idade das contratações que nós estamos fazendo, ela é a menor dos últimos anos. As contratações que têm sido feitas, elas têm atendido a critérios muito pontuais. Após uma avaliação rigorosa do elenco, lá do pessoal do futebol, com perfil muito estabelecido, muito específico, que tem uma estratégia por trás, então você vai ver que a gente tem trazido como investimento jovens valores, que permitam agregar desempenho esportivo nesse momento, para suprir algumas carências do clube, mas também uma possibilidade de desempenho econômico ali na frente", afirma o CEO do Inter.

"As contratações que fizemos, por exemplo, pontuais, que não tiveram essas características, de jovens valores promissores, foram contratações pontuais, muito específicas para atender carências do elenco, em um número reduzido e de acordo com as condições do clube, dentro dos parâmetros financeiros e econômicos traçados pelo clube", completa.

Em relação à mudança no comando técnico, com a demissão do espanhol Miguel Ángel Ramírez, que chegou ao clube no início da temporada e durou poucos meses no cargo, sendo substituído pelo uruguaio Diego Aguirre, Zanardo diz que foi necessária uma correção de rota.

"Em um dado momento, as partes entenderam que os resultados não estavam a contento e isso é um conjunto de fatores. A gente precisou corrigir rota, isso também faz parte do processo, temos um entendimento de que não vamos acertar sempre, a gente tem que mitigar o risco, tem que diminuir a quantidade de erros, mas a gente corre riscos quando toma decisão de contratação, isso vale para o jogador, isso vale para um treinador e isso vale para um profissional qualquer", diz o CEO.

"O que a gente fez foi essa correção de rota no projeto, mas se manteve a lógica que se tinha. Então se você me disser, claro, eu gostaria de ter acertado lá atrás, que tivesse dado certo e que as coisas não tivessem dado, mas isso não foi possível, então a gente corrige a rota, a gente arruma, realinha, mantém a lógica, mantém o processo e vida que segue, vamos em frente. O importante é que tenha um projeto e a gente tem que seguir naquilo que é a nossa convicção", conclui.

O Dividida vai ao ar às quintas-feiras, às 14h, sempre com transmissão em vídeo pela home do UOL e no canal do UOL Esporte no Youtube. Você também pode ouvir o Dividida no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e Amazon Music.

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