Paulo Vieira fala de arte, boteco, racismo e "tática" para entrar na Globo
Bruno Calixto
Colaboração para Nossa
29/10/2021 11h00
Ator, comediante, roteirista e compositor. Paulo Vieira é um showman, disso ninguém duvida. O que poucas pessoas sabem, no entanto, é que ele sempre jogou nas onze, já fez tudo que é curso, até operador de empilhadeira. Era sua tática, sempre mirando na Vênus platinada:
"Eu pensava: no dia que a Globo caçar um ator que sabe operar empilhadeira, só vai ter eu. Cadê que Cauã sabe?", brinca o artista, convidado da vez do Botequim da Teresa, exibido por Nossa, a plataforma de lifestyle do UOL.
Paulo e Teresa Cristina trocam palavras sobre arte, racismo, ídolos e comida de boteco, uma das paixões da anfitriã, que escalou como prato do dia para o episódio o "porquinho de quimono" — um harumaki de costelinha suína desfiada com requeijão e ervas.
"Eu adoro este nome, porquinho de quimono. A folha de harumaki tem que ficar envolta num pano úmido, envelopadinha. Imperdível!", explica Teresa, enquanto ensina a receita.
Essa massa com a costela é o casamento perfeito, e ainda faz um barulhinho bom de causar inveja em quem está do lado"
Bate-papo com Paulo
Antes de fazer a passagem da parte gastronômica para a entrevista, Teresa canta "Rosa", de Pinxinguinha, canção que Paulo Vieira sempre menciona nas redes sociais. Uma música enorme e que serve de gatilho emocional na cabeça dele. Em seguida, ela emenda com "Alvorada", de Cartola.
Aos 28 anos, o multitalento Paulo Vieira é do Tocantins e ingressou cedo no mundo das artes.
Comecei a fazer teatro aos 8 anos, quando a gente mudou para o Tocantins. Fugi para tocar numa escola de samba e deixei um bilhete para minha mãe: 'é meu futuro'."
Num momento auge da entrevista, Vieira confessa que sempre teve consciência do que queria. "Era de um grupo de Brasília que precisava de um ator e me selecionaram para o papel porque achavam engraçado um menino gordinho na peça, 'Como educar os pais'. Uma temporada com eles foi minha estreia profissional."
O estalo para iniciar a carreira profissional, porém, não teve hora nem lugar. São muitas as histórias. Do teatro amador no quintal na casa da avó a uma quase pós-graduação em Roma, baseada em artes, sobre a história da igreja.
Foi só para fazer parte da cobertura da Globo quando o papa morresse. Um belo dia, acordei e pensei: e se escolherem outro? Perdi três anos da vida"
Uma benção ou maldição?
Para Paulo Vieira, saber o que quer da sua vida é uma benção e uma maldição ao mesmo tempo. "Primeiro porque você começa cedo a correr atrás, mas por outro lado, uma maldição, por que não existirá felicidade fora disso, nada além daquilo que você possa fazer", diz.
Ele também lembra de quando fez a primeira música. Também aos 8 anos.
"Me lembro de uma música que eu fiz ainda muito criança. Meu avô tinha morrido e um senhor chamou minha avó para conversar. Cismei que era ex-namorado dela, a música veio dali: 'Ah quantas vezes eu passei? Amor com amor se paga, isso é regra'."
A composição, então, passou a ser uma linguagem e sua trajetória. Tanto que colecionou ídolos que vão de Cartola a Tom Jobim e Caetano.
Paulo acredita que são eles que ajudarão o brasileiro a recuperar sua autoestima:
A gente não tem autoestima mais. Quem vai cuidar dela é Carmem Miranda, Caetano, Gil. Quem vai tirar a gente desse buraco e salvar nossa autoestima são nossos ídolos. Não tem saída sem eles"
Samba, série e Teresa
O "Botequim da Teresa" vai ao ar todas as sextas-feiras, às 11 horas, no Canal UOL e no YouTube de Nossa (inscreva-se já para receber os lembretes). Em cada episódio, Teresa Cristina recebe um convidado especial e ensina a fazer os petiscos clássicos de alguns do botequins mais famosos do Rio de Janeiro. O programa é uma coprodução de Nossa e MOV, a plataforma de vídeo do UOL.