Anticoncepcionais: como escolher a melhor opção para transar sem riscos
Priscila Carvalho
Colaboração para Universa
31/08/2021 08h00
Assim como muitas mulheres em algum momento da vida, Rita passa por uma situação de nervosismo ao pensar que pode estar grávida. Depois do resultado negativo, chega o alívio. Para não passar por isso novamente, então, segue por um passeio por uma loja de departamentos a fim de conhecer os métodos contraceptivos disponíveis no mercado.
No terceiro episódio da série "A Pepeca tá ON", com Maria Bopp, a personagem entende que evitar uma gestação indesejada é importante, mas pensar nas infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) também.
Se assim como ela, você ainda tem dúvidas, recapitule as opções, lembrando que nenhuma garante uma eficácia de 100%, mas chega bem pertinho se bem utilizada. Vale ainda lembrar que toda escolha deve ser discutida com um ginecologista de sua confiança — os hormonais, por exemplo, são contraindicados para mulheres com histórico ou risco de trombose. É importante que um profissional avalie o seu caso.
Independente da eleita, ainda é importante a associação com a camisinha, única capaz de prevenir também as doenças.
Métodos hormonais
Pílula
O método mais usado pelas brasileiras, de acordo com o Ministério da Saúde. Dentro da categoria existem as pílulas combinadas (com estrogênio e progesterona) e as que possuem somente progesterona. Nesta última, a mulher pode tomar todos os comprimidos sem dar pausa na cartela.
O medicamento combinado é a base de dois hormônios e é contraindicado para quem já sofreu ou tem risco de desenvolver coágulos sanguíneos. Embora tenha benefícios como melhora da acne, regulação do ciclo menstrual e diminuição da cólica, ela pode causar efeitos colaterais, como dor de cabeça, mudanças na libido, indisposição, alterações no peso, problemas gastrointestinais e aumento de varizes. Essa pílula não é indicada para tabagistas e lactantes. "O estrógeno pode bloquear a amamentação", diz Ana Paula Aquino, especialista em ginecologia e obstetrícia pela Febrasgo e médica especialista em reprodução humana na Huntington Medicina Reprodutiva, em São Paulo.
Ambas são muito eficazes, mas é necessário administrá-las todos os dias e em horários corretos. Por isso, o método contraceptivo não é recomendado para quem tem uma rotina estressante ou esquece de tomar o remédio com frequência.
Anel vaginal
O dispositivo libera hormônios que são absorvidos localmente pela vagina durante três semanas. Após o período, a mulher deve retirá-lo e dar uma pausa de sete dias. Depois, é necessário colocá-lo novamente para continuar com a proteção e não correr o risco de engravidar. Entre os efeitos colaterais desse anticoncepcional estão dores de cabeça, enjoo, inchaço e, em alguns casos, aumento da secreção vaginal.
A vantagem do anel é que ele é indicado para mulheres que não conseguem seguir uma rotina rígida para tomar um medicamento em horários específicos.
Adesivo
Esse anticoncepcional libera estrogênio na pele e é necessário trocá-lo semanalmente. Depois de três semanas, é preciso dar uma pausa de sete dias para colocar um novo adesivo.
Algumas mulheres podem notar vermelhidão no local aplicado. Mais uma vez, ele é contraindicado para quem tem risco de desenvolver trombose, já que possui uma grande quantidade de hormônio em sua composição.
Injetável
O método é dividido em dois tipos: o trimestral e o mensal. Nas injeções que são aplicadas todos os meses, a mulher precisa iniciar a aplicação no primeiro dia da menstruação e depois seguir uma data fixa -- sempre respeitando o intervalo de 30 dias. Dessa forma, garante proteção até a nova dose. "Deve-se cumprir o período de cada mês e respeitar o máximo de três dias de atraso", alerta Laís Yamakami, ginecologista da Clínica VidaBemVinda e membro da International Society of Gynecological Endocrinology (ISGE).
Neste tipo de proteção, alguns efeitos colaterais possíveis: são aumento da pressão arterial, ganho de peso e risco de trombose.
Já as injeções trimestrais, como o nome já indica, devem ser aplicadas a cada três meses. O método só é composto por progesterona e, segundo a ginecologista, é pouco recomendado pelos médicos, justamente por ser considerado muito forte e com efeitos colaterais diversos.
Entre eles, está o aumento do fluxo menstrual, eventos trombóticos, ganho de peso e interferências no organismo em relação a futuras gestações. "A mulher pode demorar uns quatro meses para voltar a ter um ciclo normal, caso queira engravidar", explica Aquino.
DIU Mirena
O anticoncepcional libera progesterona somente no útero e na região pélvica, impedindo a gravidez. Geralmente, ao colocar o dispositivo, algumas mulheres param de menstruar ou ficam com pequenos escapes.
Uma das vantagens do método é que não é necessário lembrar de trocá-lo diariamente ou semanalmente, como os outros anticoncepcionais. No entanto, é preciso fazer exames anuais para ver se o DIU está no lugar certo e trocá-lo no prazo indicado — ele tem validade de cinco anos.
Implante subdérmico
Ao contrário do Mirena, que libera hormônio de forma localizada, esse método distribui progesterona pelo corpo todo. O implante solta o hormônio na corrente sanguínea, inibindo o eixo hormonal da mulher e, com isso, ela não engravida. "É considerado o mais seguro entre todos os métodos", ressalta Yamakami.
Alguns dos efeitos colaterais são sangramentos irregulares, ganho de peso e também queda na libido. Contudo, não são todas as pacientes que apresentam esses sintomas. Para colocá-lo, é necessário realizar o procedimento em consultório médico e o prazo de validade é de três anos.
Contraceptivos não hormonais
DIU de cobre
O dispositivo é o que tem o maior prazo de validade entre todos os métodos contraceptivos: dez anos. Ele provoca uma alteração química que danifica o esperma e o óvulo, impedindo a implantação do embrião.
Ele é indicado para mulheres que preferem ou não podem usar hormônios. Porém, um dos efeitos mais comuns do DIU de cobre é o aumento do fluxo menstrual e cólica.
É necessário ainda fazer exames anuais para checar se o dispositivo não está fora de lugar e oferecendo a proteção adequada. Quando ele não está bem posicionado, aumenta o risco de falhas e há chances de a mulher ter uma gestação.
DIU de prata
Ele também possui cobre, mas combina prata em sua composição. Por causa do elemento, ajuda na diminuição do fluxo menstrual. A única diferença para o de cobre é o tempo de eficácia, que corresponde a cinco anos. Esse método deve ser monitorado por meio de exames de ultrassom para garantir a ação no local. Eficácia
Camisinha feminina
Menos popular do que a masculina, ela evita a gravidez indesejada e garante proteção contra ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis). A proteção deve ser colocada antes da relação sexual. "Ela é relativamente grande, com dois anéis que vão fechar o colo do útero para não engravidar. O outro tem um plástico para forrar a vagina", ressalta Aquino.
Tabelinha
É um "método" bem antigo, mas muito arriscado. Ele baseia-se no ciclo menstrual da mulher para saber quando ela está em seu período fértil. No entanto, podem ocorrer falhas, já que não é todo mês que pode haver mudanças no organismo. Não é indicado pelos médicos.
Em caso de emergência...
Há a pílula do dia seguinte. Ela não deve ser considerada um método contraceptivo, mas emergencial. O remédio deve ser usado em até três dias após o sexo sem preservativo — ainda assim, há risco de falhas. O uso indiscriminado pode desregular o ciclo menstrual e também reduzir a eficácia de proteção.
Mas e o meu parceiro?
É importantíssimo que ele use preservativo. Em uma relação sexual, não se trata apenas do risco de gestação, mas de transmissão de doenças. Por isso, a associação de dois métodos, sendo um deles de barreira, é sempre o caminho mais interessante.
Sobre a série "A Pepeca tá ON"
Os episódios vão ao ar às terças-feiras, no Instagram, YouTube e site de Universa. No próximo, que será publicado em 6 de setembro, Rita vai experimentar um orgasmo. No último, Menstrualândia, ela já conheceu o próprio ciclo menstrual.
Para aquecer a conversa, também fazem parte do especial uma série de 16 reportagens, algumas já disponíveis na seção Papo de Vagina, sobre saúde íntima, sexo, autoconhecimento e autoestima. Destaque para a tendência do PPKare, o mercado do bem-estar íntimo e sexual care que chegou com força ao Brasil durante a pandemia, e os detalhes do lançamento do livro "Nossos Corpos por Nós Mesmas", considerado a Bíblia da saúde sexual feminina e um clássico feminista, que demorou 50 anos para ter tradução brasileira.