Anticoncepcionais: como escolher a melhor opção para transar sem riscos
Assim como muitas mulheres em algum momento da vida, Rita passa por uma situação de nervosismo ao pensar que pode estar grávida. Depois do resultado negativo, chega o alívio. Para não passar por isso novamente, então, segue por um passeio por uma loja de departamentos a fim de conhecer os métodos contraceptivos disponíveis no mercado.
No terceiro episódio da série "A Pepeca tá ON", com Maria Bopp, a personagem entende que evitar uma gestação indesejada é importante, mas pensar nas infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) também.
Se assim como ela, você ainda tem dúvidas, recapitule as opções, lembrando que nenhuma garante uma eficácia de 100%, mas chega bem pertinho se bem utilizada. Vale ainda lembrar que toda escolha deve ser discutida com um ginecologista de sua confiança — os hormonais, por exemplo, são contraindicados para mulheres com histórico ou risco de trombose. É importante que um profissional avalie o seu caso.
Independente da eleita, ainda é importante a associação com a camisinha, única capaz de prevenir também as doenças.
Métodos hormonais
Pílula
O método mais usado pelas brasileiras, de acordo com o Ministério da Saúde. Dentro da categoria existem as pílulas combinadas (com estrogênio e progesterona) e as que possuem somente progesterona. Nesta última, a mulher pode tomar todos os comprimidos sem dar pausa na cartela.
O medicamento combinado é a base de dois hormônios e é contraindicado para quem já sofreu ou tem risco de desenvolver coágulos sanguíneos. Embora tenha benefícios como melhora da acne, regulação do ciclo menstrual e diminuição da cólica, ela pode causar efeitos colaterais, como dor de cabeça, mudanças na libido, indisposição, alterações no peso, problemas gastrointestinais e aumento de varizes. Essa pílula não é indicada para tabagistas e lactantes. "O estrógeno pode bloquear a amamentação", diz Ana Paula Aquino, especialista em ginecologia e obstetrícia pela Febrasgo e médica especialista em reprodução humana na Huntington Medicina Reprodutiva, em São Paulo.
Ambas são muito eficazes, mas é necessário administrá-las todos os dias e em horários corretos. Por isso, o método contraceptivo não é recomendado para quem tem uma rotina estressante ou esquece de tomar o remédio com frequência.
Anel vaginal
O dispositivo libera hormônios que são absorvidos localmente pela vagina durante três semanas. Após o período, a mulher deve retirá-lo e dar uma pausa de sete dias. Depois, é necessário colocá-lo novamente para continuar com a proteção e não correr o risco de engravidar. Entre os efeitos colaterais desse anticoncepcional estão dores de cabeça, enjoo, inchaço e, em alguns casos, aumento da secreção vaginal.
A vantagem do anel é que ele é indicado para mulheres que não conseguem seguir uma rotina rígida para tomar um medicamento em horários específicos.
Adesivo
Esse anticoncepcional libera estrogênio na pele e é necessário trocá-lo semanalmente. Depois de três semanas, é preciso dar uma pausa de sete dias para colocar um novo adesivo.
Algumas mulheres podem notar vermelhidão no local aplicado. Mais uma vez, ele é contraindicado para quem tem risco de desenvolver trombose, já que possui uma grande quantidade de hormônio em sua composição.
Injetável
O método é dividido em dois tipos: o trimestral e o mensal. Nas injeções que são aplicadas todos os meses, a mulher precisa iniciar a aplicação no primeiro dia da menstruação e depois seguir uma data fixa -- sempre respeitando o intervalo de 30 dias. Dessa forma, garante proteção até a nova dose. "Deve-se cumprir o período de cada mês e respeitar o máximo de três dias de atraso", alerta Laís Yamakami, ginecologista da Clínica VidaBemVinda e membro da International Society of Gynecological Endocrinology (ISGE).
Neste tipo de proteção, alguns efeitos colaterais possíveis: são aumento da pressão arterial, ganho de peso e risco de trombose.
Já as injeções trimestrais, como o nome já indica, devem ser aplicadas a cada três meses. O método só é composto por progesterona e, segundo a ginecologista, é pouco recomendado pelos médicos, justamente por ser considerado muito forte e com efeitos colaterais diversos.
Entre eles, está o aumento do fluxo menstrual, eventos trombóticos, ganho de peso e interferências no organismo em relação a futuras gestações. "A mulher pode demorar uns quatro meses para voltar a ter um ciclo normal, caso queira engravidar", explica Aquino.
DIU Mirena
O anticoncepcional libera progesterona somente no útero e na região pélvica, impedindo a gravidez. Geralmente, ao colocar o dispositivo, algumas mulheres param de menstruar ou ficam com pequenos escapes.
Uma das vantagens do método é que não é necessário lembrar de trocá-lo diariamente ou semanalmente, como os outros anticoncepcionais. No entanto, é preciso fazer exames anuais para ver se o DIU está no lugar certo e trocá-lo no prazo indicado — ele tem validade de cinco anos.
Implante subdérmico
Ao contrário do Mirena, que libera hormônio de forma localizada, esse método distribui progesterona pelo corpo todo. O implante solta o hormônio na corrente sanguínea, inibindo o eixo hormonal da mulher e, com isso, ela não engravida. "É considerado o mais seguro entre todos os métodos", ressalta Yamakami.
Alguns dos efeitos colaterais são sangramentos irregulares, ganho de peso e também queda na libido. Contudo, não são todas as pacientes que apresentam esses sintomas. Para colocá-lo, é necessário realizar o procedimento em consultório médico e o prazo de validade é de três anos.
Contraceptivos não hormonais
DIU de cobre
O dispositivo é o que tem o maior prazo de validade entre todos os métodos contraceptivos: dez anos. Ele provoca uma alteração química que danifica o esperma e o óvulo, impedindo a implantação do embrião.
Ele é indicado para mulheres que preferem ou não podem usar hormônios. Porém, um dos efeitos mais comuns do DIU de cobre é o aumento do fluxo menstrual e cólica.
É necessário ainda fazer exames anuais para checar se o dispositivo não está fora de lugar e oferecendo a proteção adequada. Quando ele não está bem posicionado, aumenta o risco de falhas e há chances de a mulher ter uma gestação.
DIU de prata
Ele também possui cobre, mas combina prata em sua composição. Por causa do elemento, ajuda na diminuição do fluxo menstrual. A única diferença para o de cobre é o tempo de eficácia, que corresponde a cinco anos. Esse método deve ser monitorado por meio de exames de ultrassom para garantir a ação no local. Eficácia
Camisinha feminina
Menos popular do que a masculina, ela evita a gravidez indesejada e garante proteção contra ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis). A proteção deve ser colocada antes da relação sexual. "Ela é relativamente grande, com dois anéis que vão fechar o colo do útero para não engravidar. O outro tem um plástico para forrar a vagina", ressalta Aquino.
Tabelinha
É um "método" bem antigo, mas muito arriscado. Ele baseia-se no ciclo menstrual da mulher para saber quando ela está em seu período fértil. No entanto, podem ocorrer falhas, já que não é todo mês que pode haver mudanças no organismo. Não é indicado pelos médicos.
Em caso de emergência...
Há a pílula do dia seguinte. Ela não deve ser considerada um método contraceptivo, mas emergencial. O remédio deve ser usado em até três dias após o sexo sem preservativo — ainda assim, há risco de falhas. O uso indiscriminado pode desregular o ciclo menstrual e também reduzir a eficácia de proteção.
Mas e o meu parceiro?
É importantíssimo que ele use preservativo. Em uma relação sexual, não se trata apenas do risco de gestação, mas de transmissão de doenças. Por isso, a associação de dois métodos, sendo um deles de barreira, é sempre o caminho mais interessante.
Sobre a série "A Pepeca tá ON"
Os episódios vão ao ar às terças-feiras, no Instagram, YouTube e site de Universa. No próximo, que será publicado em 6 de setembro, Rita vai experimentar um orgasmo. No último, Menstrualândia, ela já conheceu o próprio ciclo menstrual.
Para aquecer a conversa, também fazem parte do especial uma série de 16 reportagens, algumas já disponíveis na seção Papo de Vagina, sobre saúde íntima, sexo, autoconhecimento e autoestima. Destaque para a tendência do PPKare, o mercado do bem-estar íntimo e sexual care que chegou com força ao Brasil durante a pandemia, e os detalhes do lançamento do livro "Nossos Corpos por Nós Mesmas", considerado a Bíblia da saúde sexual feminina e um clássico feminista, que demorou 50 anos para ter tradução brasileira.