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Saul e Samuel Klein são 'gerações de predadores sexuais', diz advogada

Pedro Lopes, Camila Brandalise e Mariana Gonzalez

Do UOL, em São Paulo

29/03/2022 03h50

Saul Klein, o empresário investigado por comandar uma rede de exploração sexual de mulheres, não é o primeiro da família a ser denunciado por crimes sexuais. Seu pai, Samuel Klein, fundador das Casas Bahia que esteve à frente da empresa por quase 60 anos e morreu em 2014, também teve o nome envolvido em relatos que vieram à tona em 2021.

Durante mais de duas décadas, entre 1989 e 2010, Samuel teria cometido crimes como aliciamento, exploração sexual e estupro de diversas meninas entre nove e 17 anos, como mostra o documentário "Saul Klein e o Império do Abuso", produzido por MOV e Universa, do UOL.

"Ele [Saul] falava muito do pai. Uma vez, colocou um documentário sobre ele [Samuel] para a gente ver. Mas na época não sabia o que sei hoje", conta uma das vítimas do filho no terceiro episódio da série.

Karina Carvalhal, uma das mulheres que relatam ter sido abusadas por Samuel, conta que foi apresentada a ele por sua irmã mais velha, acreditando que daria apenas um "selinho" nele em troca de ajuda, como doação de cestas básicas.

"No começo, ele só passava a mão, dava um selinho, conversava um pouco com a gente, dava um dinheiro e a gente ia embora", conta. Depois de alguns encontros, no entanto, ele passou a convidá-la para ir a um hotel, onde ela sofreu abusos e estupros de Samuel, episódio que se repetiu diversas vezes entre os 12 e os 18 anos.

"É o que o pai fazia, então aprendeu assim. Esse aprendizado faz com que a gente consiga perceber uma família com gerações de predadores sexuais", afirma a advogada das vítimas de Saul, Gabriela Souza.

"Só queria que ele pagasse", diz Karina, sobre o empresário que morreu há oito anos. "Eu tive uma filha menina e, quando você passa a entender o que aconteceu, não quer que aconteça com outras meninas."

As mulheres que denunciam Saul, por sua vez, esperam que o milionário, que ainda está vivo, pague por seus crimes. "Quero justiça pela menina que eu fui, pela que eu poderia ter sido", diz uma delas. "Quero acreditar que a gente vai conseguir. Isso precisa ter um fim. Mesmo com medo, estou aqui", afirma outra.

O advogado de Saul, André Boiani e Azevedo, diz ao documentário que ele não comandava uma rede de prostituição e abuso, mas, na verdade, contratava uma agência que fazia a aproximação entre ele e as jovens. Por isso, é inocente em relação às acusações. "O que ele contratava eram moças que iam aos eventos dele", afirma Boiani.

A série documental "Saul Klein e o Império do Abuso", com três episódios, já está disponível no YouTube de MOV.doc.

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