Di Ferrero sobre carreira solo: 'Eu ficava pensando, será que eu tô me achando?'
Sucesso à frente da banda que marcou a geração dos anos 2000, Di Ferrero, vocalista da banda NX Zero, fortaleceu, inspirou e deu espaço ao gênero musical e estilo emocore no Brasil.
Após quase duas décadas como líder do grupo que movimentou milhares de jovens, o músico expressa sua opinião de como enxerga o movimento emo. "Você vê que tem várias releituras. Não é só vestir preto, porque a gente está em outra fase, agora você pode ser quem você é", comenta.
No terceiro episódio de "E Aí, Beleza?", programa transmitido toda quarta-feira, às 17h, no UOL Play, Di Ferrero conta à maquiadora e colunista de Universa Fabi Gomes sobre lançamento do primeiro álbum, alter ego e seu casamento com Isabeli Fontana, uma das top models mais famosas do mundo.
Realizado com o lançamento de "Uma Bad Uma Farra", ele compartilha a experiência do que está vivendo em carreira solo. "Foi um dos melhores shows que já fiz na vida, cada vez mais eu posso dizer que eu sei o que eu quero", afirma.
Confira o bate-papo:
Quem é Di Ferrero na fila do pão?
Eu sou geminiano, mas vou tentar resumir. Sou sonhador, inquieto, gosto muito de coisas novas. Adoro me arriscar e odeio receio. Nunca tive medo de me arriscar. Para ser sincero, na fila do pão eu até esqueço que sou um cara conhecido.
Como foi a experiência de ter um alter ego?
Depois que o NX Zero deu uma pausa, eu não sabia exatamente o que ia fazer, se seguiria uma carreira solo, mas me perguntava "qual é o meu som?". Então, criei meu alter ego, José, e comecei a gravar como se quisesse só me divertir. Gravava bêbado, ficava no estúdio até altas horas e aí acabei fazendo um álbum com dez músicas, inclusive, chamei Emicida, Mahmundi, Rael, entre outros cantores.
Gravei até clipe no Japão como José, onde ele enterra o Di e vira o José. Acabou que foi muito bom para me tirar de um lugar que eu estava, entrando em um buraco e meio triste na época. Fiz o que eu queria na hora e acabei fazendo um som mais pop.
Não lancei, mas foi terapêutico e importante para u conseguir ver o que precisava, porque é estranho estar muito tempo em uma banda. Depois, eu lembro do meu primeiro show quando ouvi meu nome sozinho, eu ficava pensando 'será que estou me achando?'. O José nessa transição foi muito importante.
Quando e como a música entrou na sua vida?
Meus pais eram da igreja e quando eu tinha 6 ou 7 anos, cantava no coral. Depois, comecei a me destacar e criamos uma banda, era com uma galera mais velha, chamava Mensageiros. Gravei até clipe e fiz tour até sair da igreja.
E você se encontrou?
Não sei se me encontrei. Não tive muito tempo para pensar. Uma coisa que posso te dizer é que quando subi no palco falei: "É isso!".
Pedimos para você escolher uma foto em que estivesse se sentindo potente, bonito, poderoso. Por que escolheu essa?
Essa foto foi do lançamento do meu álbum "Uma Bad Uma Farra", em São Paulo, gosto desse microfone e da mão para cima. Foi um dos melhores shows que já fiz, porque cada vez me sinto mais seguro, cada vez mais posso dizer que sei o que quero; consegui fazer todos os detalhes de palco, de roupa e colocar as minhas músicas solos em destaque. E o visual está legal, tinha um stylist por trás, o Thiago Ferraz. Gostei muito de representar isso. O visual dentro do som faz a mensagem chegar muito mais longe.
O que é beleza para Di Ferrero?
Para mim, beleza tem a ver principalmente com a segurança. Minha esposa, por exemplo, tem uma coisa clássica, mas o que eu gosto dela é a segurança. As pessoas que têm uma segurança no olhar, que tem o seu espaço geralmente me chamam a atenção. Ela é uma entidade. Tem pessoas que você sente na energia.
Em uma sociedade onde padrão de beleza é um assunto tão importante, como é ser casado com uma das maiores top models do mundo?
É muito louco! Primeiro, achei que não me casaria com ela nunca. A gente se conheceu em um programa de TV, numa época em que eu estava em um momento de altos e baixos. Cumprimentei, mas nem reparei nada, eu estava viajando. Mas ela se interessou por mim de alguma forma, não sei como (risos). E foi atrás de um amigo para pedir uma camiseta autografada, achei estranho e falei para mandar a camiseta, mas ele disse que ela queria falar alguma coisa comigo.
Ela arranjou um jantar pra gente se conhecer, e cheguei duas horas atrasado. Não sabia onde enfiar a cara. Quando ela me viu, me achou muito moleque, ficou um clima horrível. Mas teve uma hora em que encostei nela e deu um choque. Foi aí que a gente começou a se olhar diferente, trocamos telefone e começamos a sair.
Moramos em um motel por três dias. Não dava para ir para a casa dela por causa dos filhos, o meu apartamento estava reformando e eu estava mudando. A gente viveu uma vida muito doida, juntos somos engraçados, eu gosto do jeito que ela é. Ela não pensa muito, eu penso demais. Esse equilíbrio que é legal.
Você tem ciúmes?
Não tenho, inclusive, às vezes me pergunto se deveria ter porque quem dá em cima da Isabeli é a galera de Hollywood. Lembro uma vez que um cara mandou alguns Rolex, vinho caro. Tem gente que faz propostas do tipo "vem aqui, te pago um jato para jantar comigo na Itália". Mas eu não tenho ciúme disso porque eu a conheço. Já fui muito machista nesse sentido, pensava "o que eu vou dar de presente para ela?", como se ela precisasse que eu desse algo caro. Ela falava: "Não quero nada disso, se quiser, eu compro". Nesse sentido, ela quebrou minhas pernas e foi isso que me fez apaixonar por ela.
Você se considera emo hoje em dia? O que é ser emo?
Sabe que uma característica do emo é falar que não se considera emo, né? Eu não tenho esse aval para falar o que é ser emo para todo mundo que se considera emo. Vou falar o que eu acho que é emo. Antes não tinha nem esse nome, era só uma galera que estava junto, meio excluída, mais introspectiva e enfrentando novas questões no mundo, até de gênero, e que não podiam ser faladas. Era mais fácil se vestir de preto, colocar o cabelo no rosto e encontrar alguém que fosse parecido com você.
Essa galera começou, sem querer, a se encontrar e o emo começou a surgir no mundo e no Brasil, que é um estilo de som lá dos anos 1990, como se fosse um rock um pouco mais emocional. Dentro do rock ele sempre foi respeitado por quem estava no dia a dia dos shows, de quem vivia disso. Hoje, está incrustado na nossa geração.
O que você leva dentro da sua nécessaire?
Álcool gel, creme para a mão, perfume, soro [para fazer inalação] para cantar, corretivo que passo às vezes, quando estou com olheiras. Tem fone de ouvido, porque eu durmo com ele e em algum momento eu coloco um som binaural, que tem as frequências. Chocolate para comer um docinho à noite.
Você e Isabeli são adeptos a brinquedos sexuais?
Já tentamos vários. Já comprei um vibrador que tem a penetração junto, mas a gente não pirou. Também já tivemos um vibrador normal [rabbit], que tentamos usar como brinquedo, mas sempre acabávamos deixando de lado. Somo muito passionais, gostamos de fazer amor em lugares malucos.
Como vocês fazem sendo pessoas públicas?
Uma vez fomos para Itália, ela tinha um trabalho em Capri, e fomos fazer uma trilha. Deu vontade e não tinha ninguém no lugar. O problema é que era um penhasco, muito alto, eu quase morri. A gente estava em cima de um muro, um rala e rola delícia e quase fui. Deu aquela tontura depois de gozar e ela me segurou.
É sempre um lugar perigoso?
Não precisa ser perigoso, nem público. Somos um casal que nunca fica se beijando, mas quando se beija quer transar. Tem essa coisa. Já tentamos sexo tântrico e tudo experimentamos junto, isso que é legal.
Vamos para um bate-bola:
Um arrependimento?
Deixar de tentar.
Uma mania bizarra?
De levar o violão na hora de ir ao banheiro para fazer cocô. Eu fico tocando, já fiz até música e saiu hit.
Uma música para transar?
Qualquer uma do Barry White.
Uma peça de roupa que você nunca usaria?
Sapatênis não dá para usar.
O que você espera para o Brasil em 2022?
Eu espero que o Brasil consiga tomar um calmante para a gente conseguir conversar um pouco. Eu espero um pouco mais de diálogo.