Sexoterapia #80: Chemsex está na moda. Quais os riscos de misturar sexo e drogas?
Você já ouviu falar em chemsex? O nome vem da junção das palavras "sexo" e "química" em inglês (sexo químico, em tradução livre) e se refere ao ato de transar sob a influência de drogas psicoativas com o objetivo de diminuir a inibição e/ou aumentar a performance e a intensidade do prazer. (Você pode conferir o programa na íntegra no arquivo acima.)
O termo surgiu na Europa, onde a prática se tornou comum em festas frequentadas, principalmente, por homens que fazem sexo com homens, mas já chegou por aqui também em uma versão que abrange pessoas de outras orientações sexuais e, além de drogas sintéticas, também inclui maconha.
A sexóloga Ana Canosa diz que tem sido comum receber em seu consultório pacientes viciados nessa associação entre sexo e substâncias psicoativas. "A gente sabe que sempre houve o 'vinhozinho para relaxar a tensão antes do sexo', é quase um ritual. As substâncias psicoativas acabam também entrando numa ritualística do sexo". (confira no vídeo a partir do minuto 1:39)
Os limites entre ampliação e restrição do prazer
Os potenciais benefícios e malefícios e os limites desse ritual do sexo são o tema do quinto episódio do podcast Sexoterapia. Para falar sobre o assunto, a sexóloga Ana Canosa e a editora de Universa Bárbara dos Anjos Lima recebem a psiquiatra Maria Carolina Pedalino Pinheiro, especialista em dependência química pela Unifesp.
"Hoje em dia, a gente usa uma droga para acordar, uma droga para dormir, por que não uma droga para fazer sexo? E aí a grande questão é o quanto isso é uma ampliação da nossa liberdade ou quanto isso é um restrito da nossa liberdade", diz Maria Carolina. (veja no vídeo a partir do minuto 5:10)
A psiquiatra explica que a diferença entre ter saúde ou doença mental é a liberdade existencial. "O que difere uma pessoa que bebe de uma pessoa que tem uma dependência de álcool é que quem tem dependência perdeu a sua liberdade de fazer escolhas", exemplifica. (veja no vídeo a partir do minuto 5:26)
E isso vale também para o uso de drogas como aditivo do sexo. Segundo Maria Carolina, é preciso refletir sobre os limites entre a ampliação do prazer, que é válida como uma escolha, e a restrição sexual, caracterizada quando, por exemplo, a pessoa só consegue transar sob o efeito de alguma substância psicoativa.
Mas dá para saber qual é esse limite e como não ultrapassá-lo? A psiquiatra explica que pessoas com histórico de dependência química na família e que tenham alguma doença psiquiátrica estão mais vulneráveis à dependência. (veja no vídeo a partir do minuto 9:44).
"A gente fala muito em redução de danos quando se trata de chemsex, que é justamente essa compreensão de você saber o que a droga faz, quais são as substâncias que não são legais misturar - têm algumas muito perigosas, inclusive. E, sobretudo, você se conhecer e conhecer os seus limites", conclui Maria Carolina.
Confira as dicas culturais deste episódio
Nove Desconhecidos - nesta série disponível na Amazon Prime, nove pessoas problemáticas se hospedam em um retiro de bem-estar que promete uma transformação por meio de um tratamento que inclui o uso substâncias psicoativas.
Bela Vingança - no filme lançado no Brasil em 2021, Cassie (Carey Mulligan) é uma mulher que frequenta bares todas as noites e finge estar bêbada para se vingar de homens que tentam abusar dela sexualmente.
Como Mudar sua Mente - a série documental disponível na Netlix explora a história e o uso de psicodélicos como LSD, psilocibina, MDMA e mescalina.
Paraísos Artificiais - O filme brasileiro lançado em 2012 conta a história de Érika e Lara, duas jovens que vão a festival de música eletrônica e conhecem Nando em uma noite com drogas, álcool e experiências que marcarão a vida dos três.
Sexoterapia é o espaço criado por UOL/Universa para falar de sexo e relacionamento. Você pode conferir o programa em plataformas de áudio como Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e Amazon Music. No Youtube de Universa, o programa também está disponível em vídeo.