'Toparia com Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert', revela Ana Cañas sobre ménage

Falar de sexo abertamente tem um preço —e Ana Cañas sabe bem disso. Mas depois de passar anos sofrendo os impactos do silêncio sobre este e outros assuntos que considera importantes, a cantora aprendeu a deixar os sentimentos transbordarem em vez de contê-los.

No quinto episódio do "E Aí, Beleza?" —transmitido toda quarta-feira, às 17h, no UOL Play— a artista aborda a sexualidade de uma forma visceral, como está acostumada. "Eu sempre fui essa mulher no sexo? Lógico que não. Há 15 anos nem conseguia gozar. Mas descobri o prazer pelo autoconhecimento. Me masturbando, indicando e pedindo para meus parceiros fazerem as coisas que achava que poderia gostar", declara em conversa com a maquiadora e colunista de Universa Fabi Gomes.

Apesar da abertura para novas experiências, ela confessa que já recebeu muitos convites para participar de ménages, mas até hoje não aceitou nenhum. Os únicos para quem abriria uma exceção? Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert. "Eu sonho com eles", brinca. E enquanto não realiza essa fantasia, a realidade exige que ela tome iniciativa nas relações. "Os homens morrem de medo de mim. Faz tempo que não recebo uma cantada", recorda.

E com a mesma naturalidade que fala sobre sexo, Ana Cañas também toca nas feridas, relembrando apertos financeiros, assédio, o alcoolismo do pai e a relação conturbada com a mãe, com quem passou dez anos sem conversar. Veja a seguir os principais trechos da entrevista.

UNIVERSA - Existe diferença entre a Ana Cañas digital e a real?
ANA CAÑAS - Tem, mas eu tento fazer com isso não exista. Procuro ser o mais real possível. Faço posts pegando busão na estrada, com horas e horas sem comer. Conto da minha vida, das minhas experiências. Digo que saí de casa cedo, fiquei sem falar com a minha mãe por dez anos. Que fiquei sem ter o que comer, fui morar em um pensionato onde dormia com os ratos em cima do teto e as baratas na minha cama. Falo do alcoolismo do meu pai, até do momento em que eu comecei a beber desenfreadamente. Faço isso porque às vezes as pessoas olham para a sua cara e não imaginam o que você passou.

Você já teve fotos banidas nas redes sociais. Por que acha que ainda acontece isso: algo ser censurado no corpo feminino enquanto é muito bem-vindo no masculino?
Porque existe um projeto de controle do corpo feminino. Não é só do Estado, é das empresas de beleza, por exemplo. Impor um padrão significa deixar as pessoas dependentes de produtos --e qual é a narrativa que você vai inventar para que elas continuem consumindo?

Basicamente, quando falamos sobre o Free the Nipple [movimento de igualdade de gênero, que significa "liberte o mamilo?", temos primeiro que trazer a interseção da discussão. Corpos de mulheres pretas não têm as mesmas questões que os das mulheres brancas, nem das gordas, nem das trans e de outras derivações, como aquelas com deficiência física. Mas, no fundo, é sobre o controle do corpo. É não querer lidar com a sexualidade.

O homem tem a liberdade de andar sem camiseta, sempre teve. Eu tenho quatro irmãos que viviam de sunga, cueca, só de shorts ou de bermuda no calor. E eu de camiseta ou top, porque nem de sutiã você pode ficar. Desde pequenas, entendemos o recado: meninos podem um monte de coisa. Meninas não.

Mas é importante dizer que nudez não é empoderamento. Muitas mulheres ainda confundem isso e temos que bater nessa tecla para ficar claro. Ela é uma experiência para autoestima, é uma experiência importante. Mas empoderamento pressupõe o coletivo, pressupõe alterações nas posições de poder. Ninguém vai derrubar o patriarcado com a bunda. Então a gente destitui o patriarcado do poder de outras maneiras.

Você compartilhou também um caso de assédio que sofreu. O que te levou a falar sobre isso?
Resolvi expor porque estava muito imbuída do feminismo, discutindo abertamente tudo. Lendo, trocando, falando. Senti que precisava exorcizar essa sombra. Era uma sombra enorme, a maior delas. Então eu precisei olhar pra ela. Decidi fazer uma música e falar sobre isso. Foi quando escrevi o ?Respeita?, um single que lancei em 2017 e tem a participação de 90 mulheres no clipe. Nesse dia, diversas mulheres vieram me contar suas histórias de violência e de assédio também.

Todas as mulheres têm uma história de assédio na rua, no busão, em casa. Algumas, como o estupro parental, são de deixar o cabelo em pé. Para você ter ideia, quando sofri o assédio, com uns 17 anos, eu comecei a desenvolver uma bulimia. Foi louco isso, porque eu não conseguia falar. Tinha que falar e não conseguia. Então comia e vomitava —e passei alguns anos assim, até o transtorno desaparecer.

No meu primeiro casamento, vi que eu não era realizada no sexo, era cheia de travas por causa do assédio que sofri, que não chegou a ser um estupro. Ele teve uma reverberação profunda na minha sexualidade.

A gente pediu para você selecionar uma foto em que você estivesse se sentindo poderosa. Por que essa?

Ela foi tirada para o projeto do Belchior [o álbum "Ana Cañas Canta Belchior", lançado no ano passado] e ele mexe muito com meu profundo sexual. O Belchior tinha seis planetas em Escorpião, eu tenho quatro. Ela transmite o mergulho que fiz para o projeto. Talvez, quando eu esteja com tesão, eu faça essa expressão aí. É esse estado de espírito de entrega. Eu amo a situação da paixão, do tesão, da loucura, do gozo, do delírio, porque é o momento em que você se "despertence". É obrigado a mergulhar no outro, nem que for para se f****, chorar e sofrer (ou para amar e ser feliz).

Quem você é a fim de pegar, mas nunca pegou?
Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert. Se for pra pegar, seria um ménage, eu sonho com eles dois. Apesar de ter tido muitos convites para fazer ménage, nunca fiz. Conversei com o Ney Matogrosso essa semana sobre isso. A gente só fala desse assunto e um pouco de música [risos]. Ele fala que é perigoso você desejar mais uma pessoa do que a outra, precisa prestar atenção pra não descompensar isso na hora.

Qual seu aplicativo de pegação favorito?
Inbox do Instagram.

Uma cantada infalível?
Estou até em crise com isso porque os homens morrem de medo de mim. Geralmente eu é que tenho que fazer. Faz tempo que não recebo uma cantada. Acho que a última legal e que funcionou foi um ?Vamos ali ver o pôr do sol e fumar um?.

Já que você faz a cantada, qual é a sua preferida?Engraçado que sou essa pessoa aberta, que fala de sexo e tudo mais, mas na hora do flerte, vou para um caminho meio da arte, tipo: ?O que você gosta de ouvir??. E
às vezes é só um olhar. Tem vezes que o sexo já está no olhar.

Esparadrapo para o umbigo: o que tem na nécessaire da Ana Cañas?

Até a nécessaire de Ana foge do convencional. ?Trouxe aquela que eu uso na estrada. Ela é grande porque precisa conter as coisas do show. Sou eu quem me maquio e faço meu cabelo?, explica. Quando o assunto é maquiagem, ela elege a base como o seu produto preferido. Mas entre os itens que não podem faltar estão suas lentes de contato, para acompanhar algumas letras extensas de música, e esparadrapo, para "tampar o umbigo" e preservar as energias. "Uso sempre que faço um show", conta.

Aprenda a fazer o delineado da Amy Winehouse

Inspirado na artista, Fabi Gomes ensinou a fazer uma maquiagem artística, marcante e rebelde: o delineado grosso da Amy Winehouse. Para reproduzir, você vai precisar de:

. Caneta iluminadora

. Delineador em gel

. Pincel chanfrado grosso

. Hidratante para os olhos à base de silicone

Agora, siga os passos a seguir:

. Aplique a caneta iluminadora em alguns pontos da pálpebra e espalhe dando batidinhas.

. Molhe o pincel chanfrado em um delineador à base de gel. Na hora de fazer o traço, na parte externa do olho, deixe o pincel na diagonal.

. Feche o olho e posicione o dedo indicador no canto interno, a fim de deixar a pálpebra bem estabilizada. Ligue o final do traço com o meio do olho. Com os olhos abertos, faça os ajustes.

. Coloque o dedo indicador na têmpora e puxe o canto externo do olho. Então, aplique o delineador no canto interno, juntando com a parte do desenho que já está feita.

. Para o acabamento, use um pincel chanfrado limpo umedecido em hidratante. Passe nas regiões em que achar que o traço ainda precisa ficar mais fino e limpe o excesso do creme com um cotonete. Repita do início no outro lado.