Maju Trindade: 'Nunca disse que crente não precisa de terapia. Eu mesma faço'
Em janeiro de 2017, a influencer Maju Trindade tinha apenas 18 anos quando se envolveu em uma polêmica maior do que esperava. Após fazer uma publicação no Twitter relacionando a fé cristã ao potencial de cura de transtornos como ansiedade e depressão, recebeu uma enxurrada de críticas, a ponto de tornar o assunto notícia nos principais veículos de comunicação.
No oitavo episódio desta temporada do "E Aí, Beleza?" —que vai ao ar às quartas-feiras, às 17h— Maju, que ainda segue a religião evangélica, relembra a repercussão negativa do episódio e fala sobre os aprendizados que acumulou trabalhando no ambiente digital por quase uma década.
Em bate-papo com Fabi Gomes, maquiadora e colunista de Universa, ela explica: "Não falei que as pessoas têm depressão porque não têm Deus no coração, até porque uma coisa não tem a ver com a outra. Falaram até que eu não apoio que crente faça terapia. Quando isso? Até eu faço terapia. Acho essencial".
Mas por essas e outras repercussões negativas, sua postura na internet é muito mais reservada do que quando começou a usar as redes sociais, aos 12 anos. "Comecei me expondo, sendo eu. Hoje, não me exponho mais. Se algo dá muito pano para manga, eu preciso realmente dar a minha opinião? Vou me associar a um assunto sobre o qual não tenho muita convicção, sendo que as pessoas vão pegar só aquele trecho para o resto da minha vida e dizer que eu disse aquilo?", indaga.
Veja a seguir os principais trechos da entrevista:
Para quem está nascendo agora, quem é Maju Trindade na fila do pão?
Antes eu era muito como as meninas que vejo no TikTok, que são 'explodidas'. Era essa pessoa anos atrás. Sempre fui espontânea e natural, então comecei usando as redes por hobby. Agora, para a galera mais jovem, eu sou mais tia. Apesar de ser nova ainda, sou velha, das antigas.
Há quanto tempo você está vivendo na mídia social?
Comecei meu canal [no YouTube] com 12 anos. Oficialmente, comecei a trabalhar com 15 anos e hoje estou com 24. Então, ano que vem, completo dez anos de carreira.
Como foi para você esse começo na mídia social? Era zoação, diversão?
Bastante. Era um espaço no qual eu me sentia à vontade com as pessoas que me seguiam, que gostavam de mim. Meninas e meninos da minha idade. Falávamos a nossa linguagem ali, por diversão mesmo. Conforme foi virando trabalho, fui me desenvolvendo mais, mudando o conteúdo. Foram muitos anos até eu chegar aqui, hoje.
É verdade que você já fez publicidade em troca de um shampoo?
Na verdade foi uma permuta, eu não fui paga para fazer. Aconteceu logo no início: eu tinha o cabelo na cintura e uma marca me procurou, dizendo que importava shampoo e perguntando se eu topava uma parceria. Na época, era um produto caríssimo, então topei na hora. Recebi o kit, lavei o cabelo, fiz uma escova e tirei a foto segurando o tal do shampoo, porque não tinha muitas referências de como fazer uma publicidade. Mas aí deu muito certo. Eu encontrava as pessoas na rua e elas falavam que tinham comprado o produto que indiquei. A partir disso, fui convidada para conhecer uma agência. Lá, eles me explicaram que eu poderia trabalhar com isso.
Pedimos para você separar uma foto especial, na qual estivesse se sentindo poderosa, linda. O que essa imagem te diz?
Gosto dela primeiro porque estou com uma maquiagem bonita. Gosto do jeito que está a minha pele, mas, ao mesmo tempo, a foto está muito nítida, então dá para ver ao estado real dela. Outro detalhe é que está em preto e branco, algo que eu amo. Estou me achando poderosa. Minha sobrancelha está bonita e bem penteada, e o meu cabelo está com um bom corte.
Falando em beleza, o que é beleza para você?
Acho que a beleza tem a ver com coisas que não são externas --apesar de a estética ser uma consequência.
Muitos dos seus posts têm a ver com aceitação, né?
Vou dar um exemplo: eu tinha uma questão com as minhas sardas. Quando conhecia alguém que também tinha, o mais comum é que a pessoa também não gostasse das dela. A ideia era ter uma pele lisa, sem mancha, sem nada. Então tentei tratar isso da raiz em vez de ficar camuflando. Passei um tempo sem maquiagem, para entender até que ponto aquilo me incomodava. Preferia ir por esse caminho, que é mais difícil, do que já buscar uma aprovação das pessoas na internet.
Quais as diferenças da Maju digital para a Maju real?
Não comecei com uma persona, comecei sendo eu mesma, de uma forma muito natural. Isso fez com que muitas pessoas se identificassem com meu jeito. O que eu tinha na cabeça, eu falava, compartilhava. Mas como isso virou um trabalho e eu amadureci, de uma certa forma criei uma persona --mas eu sou o que eu mostro. Só não mostro tudo.
Vou usar uma expressão que você mesma já usou nas redes: como é hoje sua relação com a "crentaiada" e com a fé?
Faço parte da "crentaiada" porque me converti com 18 anos, por escolha própria. Era evangélica, mas não fazia muito parte [da igreja], até porque não entendia tudo. Aos 18 anos, não estava em uma fase muito boa, então escolhi [seguir a religião]. Quis trabalhar a minha fé, ter uma comunidade para ir toda semana. Fui buscar por conta própria e vi que fazia sentido para mim.
Se não me engano, uma vez você disse que a religião poderia curar a depressão e a ansiedade. Ainda acredita nisso?
Eu falei isso no Twitter, mas não com essas palavras. Fazia parte de um grupo no WhatsApp através do qual eu e meus amigos recebíamos pedidos de oração. Às vezes, diante de alguns casos, chamávamos as pessoas para conversar, tentar ajudar. Uma noite, estava em casa e postei um versículo. Mas a frase que postei junto foi para a galera que acredita na mesma coisa, não generalizando.
Não falei que, se a pessoa está com depressão, é porque não tem Deus no coração. Até porque não tem nada a ver uma coisa com a outra. Depois disso, disseram até que eu não apoio que crente faça terapia. Onde isso? Até eu faço terapia, acho essencial. Então, foi uma coisa mal interpretada.
Entendo que, apesar de o Brasil ser um país cristão, existe muita revolta [contra a religião evangélica]. Eu entendo, realmente. Uma época, não quis saber de crente e pensava que essa galera da igreja era nada a ver. Mas defendo que existe uma forma de você estar na religião e crer naquilo sem achar que todo mundo está errado.
O que faz hoje em dia para se proteger dos cancelamentos?
Já aconteceu muito isso, principalmente no início, quando a gente não tinha muita noção. Por exemplo: uma pessoa que começa hoje, se ela quer ser uma influenciadora de moda, pode gerar conteúdo sem se expor tanto, porque já existem muitas referências nesse estilo. Eu não, comecei realmente sendo eu. No início, foi muito estranho. Eu estava ali com a minha galera --ou pelo menos as pessoas que eu acreditava que eram a 'minha galera'-- falando a linguagem dela.
Hoje não me exponho mais. Penso: 'Isso aqui dá muito pano pra manga, eu preciso realmente dar opinião? Vou me associar a um assunto sobre o qual não tenho muita convicção? Se fizer isso, vão pegar esse trecho e o resto da minha vida vão falar que eu disse aquilo'. Precisamos lembrar que as pessoas mudam para melhor ou para pior, mas todos temos o direito de mudar, evoluir e pensar diferente.
Para mim, o que importa mais é estar em paz com a situação, resolver as situações da minha vida pessoal sem dar satisfação, até porque eu não preciso. Quem dá muita satisfação, dá abertura para que os outros se metam na sua vida. Privacidade é luxo hoje em dia.
Já tive a fase de me expor muito: minhas opiniões, vontades, o que eu gostava e não gostava, tudo isso na adolescência. Mas a privacidade precisa ser repensada urgentemente. Muita gente me pergunta: 'Você começou se expondo e hoje não faz mais isso. As pessoas ainda gostam de você? Por que elas te acompanham ainda?'. Com certeza muitas saíram do meu Instagram porque eu não estava entregando o que elas queriam.
Sexo feminino, vida e morte e eleições
Agora, um bate-bola. Uma dúvida para a qual você nunca achou resposta?
Vida e morte, acho que são as duas principais.
Uma pessoa que você cancelaria?
Muita gente, porque às vezes é difícil viver em sociedade e dividir o mundo. Mas não sei especificamente quem eu cancelaria, nunca pensei nisso.
Um sonho para o Brasil em 2022?
Ter uma boa eleição, um bom resultado.
Justo e democrático?
Sim, justo e democrático.
O sexo mais louco?
O feminino [risos].
"Preguiça de máscara de cílios": o que tem na nécessaire de Maju Trindade?
No topo dos produtos preferidos de beleza da influencer estão os perfumes. "Desde novinha tenho isso. Levava até para a escola. Geralmente compro os de bolsa, pequenos. Além de serem mais baratos, são ótimos para carregar", opina. Outro produto que sempre está presente é o corretivo. "Antes eu nem usava base, só ele. Agora me desenvolvi mais na maquiagem e já uso", conta.
Entre os blushes, ela prefere os líquidos. Já para os lábios, gosta dos gloss e lip balms. Por fim, carrega sempre um creme de mãos, porque tem a região ressecada. Quando questionada sobre máscara para os cílios, Maju confessa que tem preguiça de passar e tirar, por isso só usa em ocasiões mais especiais.
Toque de verão: veja como fazer uma make iluminada para os dias frios
No "Make Sem Drama", Fabi Gomes ensina uma maquiagem perfeita para tirar o ar de cansaço do dia a dia, que costuma ser acentuado no inverno, devido ao ressecamento da pele. Veja o resumo a seguir.
Você vai precisar de:
. Hidratante
. Base
. Corretivo
. Iluminador cremoso
. Blush alaranjado
. Sombras laranja e dourada
. Máscara de cílios
. Batom de longa duração
. Hidratante labial
. Iluminador em pó
. Pincéis, algodão e demaquilante
Confira o passo a passo:
. Comece hidratando a pele até sentir que o aspecto opaco diminuiu.
. Aplique a base, que pode ser até dois tons acima da sua cor de pele, caso sinta que o produto
desbota ao longo das horas. Comece pelo centro do rosto e vá expandindo para as laterais e
para o colo.
. Passe o corretivo abaixo dos olhos, dando batidinhas. Se notar uma vermelhidão ao redor do
nariz por causa do frio, passe na região também.
. Espalhe um pouco do iluminador cremoso no dorso da mão. Depois, usando os dedos,
espalhe nos planos mais altos do rosto, no ponto mais alto da sobrancelha, ao longo do nariz e
no queixo.
. Use um pincel largo para espalhar o blush e faça a aplicação na horizontal, chegando até o
nariz.
. Aplique a sombra laranja nas pálpebras, expandindo a cor para toda a região dos olhos. Faça
isso com um pincel fofinho, ou usando o dedo indicador.
. Passe a mesma sombra rente a raiz dos cílios inferiores, com um pincel chato ou usando o
mindinho.
. Use a sombra dourada para iluminar o canto interno dos olhos.
. Aplique uma camada generosa de máscara de cílios.
. Passe o batom de longa duração, depois, usando um algodão embebido em demaquilante,
retire o excesso do produto.
. Termine aplicando hidratante nos lábios, por cima do batom e nos olhos, por cima da
sombra.
. Finalize com iluminador em pó no plano mais alto do rosto e do nariz.