OPINIÃO
'Não há tempo que volte, amor' e a gente não tem controle sobre quase nada
Escrevo esse texto cruzando o Atlântico. No avião, sob um mar que parece um céu, e um céu que parece Deus, penso que geografia é também uma matemática. Sabe quando a distância te ajuda nas contas? Naquela lista invisível, e eventualmente opressora, de tudo que você ainda é, mesmo depois de anos tentando deixar de ser?
Meus anos são pessoas, é assim que marco o tempo. As saudades e as mudanças que só se apresentam com o ar de dezembro. Entre um panetone de frutas secas e uma compra de última hora, nada como uma semana com vista para dentro. Mesmo que seja para enxergar o óbvio. Aqui é febre, amor e questões com o relógio: essa sou eu, e pode ser que não tenha jeito.