"Manchester à Beira-Mar" seria o primeiro trabalho como diretor de Matt Damon, ator popular em Hollywood pela franquia Bourne.
Porém, ele desistiu da ideia momentos antes do projeto tomar forma.
Na figura de produtor, Damon acabou ficando em segundo plano e perdeu a oportunidade de ganhar seis indicações ao Oscar pelo longa, incluindo o de Melhor Filme.
Sob a direção de Kenneth Lonergan, "Manchester à Beira-Mar" segue Lee Chandler (Casey Affleck), um homem marcado pelo trauma e pela perda.
Após a morte prematura de seu irmão (Kyle Chandler), Lee é forçado a retornar à sua cidade natal para cuidar de seu sobrinho adolescente.
Esse retorno é carregado de angústia, pois Lee deve confrontar os fantasmas do passado que o fizeram abandonar sua família anos antes.
Casey Affleck entrega uma atuação magistral, digna de nota e reconhecimento - sua atuação lhe rendeu a vitória no Oscar de Melhor Ator.
Seu personagem, Lee, é uma figura complexa e reprimida, cujas emoções são transmitidas de maneira sutil e poderosa através de olhares e pequenos gestos.
Affleck já havia demonstrado seu talento em filmes como "O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford", mas é em "Manchester à Beira-Mar" que ele atinge um novo patamar de excelência.
A cidade de Manchester, renomeada oficialmente para Manchester by the Sea em 1989 após uma controversa campanha liderada pelo residente Edward Corley, serve de pano de fundo perfeito para a história.
O contraste entre os flashbacks coloridos e cheios de vida e a fria realidade do presente sublinha a ideia de que a tragédia mudou irrevogavelmente a vida dos personagens.
A narrativa é construída com uma mistura habilidosa de passado e presente, mostrando como o evento traumático que Lee enfrenta no passado continua a afetar todos ao seu redor.
"Manchester à Beira-Mar" não é apenas um filme sobre perda e luto, mas também sobre a possibilidade de redenção e a dificuldade de seguir em frente.