Polêmica

Por que a diversidade nas obras de Tim Burton virou polêmica?

Por Laysa Zanetti

Eternamente associado a obras como "Edward Mãos de Tesoura" e "A Noiva-Cadáver", Tim Burton está envolvido com "Wandinha", da Netflix. Apesar de não ser roteirista ou criador, ele é produtor-executivo e dirige a primeira metade da temporada.
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Com a série, um debate antigo sobre Burton voltou à tona: afinal, onde estão os personagens negros de seu universo excêntrico? A resposta dele veio em 2016, ao lançar "O Lar das Crianças Peculiares", em entrevista ao portal Bustle.
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"Ou as coisas clamam por isso, ou não. Quando criança, lembro de ver 'The Brady Bunch' e eles começaram a ficar politicamente corretos (...) Eu cresci vendo filmes de blaxploitation, e isso era ótimo. Eu não ficava falando que deveria ter personagens brancos ali."

Tim Burton, em entrevista ao site Bustle
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A fala foi criticada. No filme de 2016, Samuel L. Jackson foi escalado para o vilão -- primeiro personagem negro em papel protagonista de Burton. "Não acho que seja culpa dele ou o método de narrativa, é só como acontece", minimizou o ator. "Tim é um cara ótimo."
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Nas redes sociais, o debate é mais acirrado. "Wandinha", embora criada para a série por Alfred Gough e Miles Millar ("Smallville"), também tem sido criticada por falta de representatividade.
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É verdade que a escolha de Jenna Ortega para o papel principal faz jus às raízes latinas da personagem, pelo lado de seu pai, Gómez (Luis Guzmán). Mas a falta de personagens negros centrais, ou que não sejam vilões, evidencia que o problema persiste.
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Espectadores apontam que os únicos personagens negros da série são estereotipados, e que é a segunda vez que Burton dirige uma obra com negros apenas em papéis de vilões.
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Quando citou o Blaxploitation, Burton falava sobre um movimento cinematográfico dos anos 70, que visava combater o racismo e dar visibilidade a histórias e personagens negros.
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Para o jornal The Washington Post, compará-lo a um arco narrativo da série "The Brady Bunch" não faz sentido, pois são dois elementos completamente desiguais.
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Mesmo assim, opiniões se dividem. Enquanto alguns enxergam racismo, outros acreditam que Burton está simplesmente retratando um mundo hiper-realista, e que as críticas não cabem, pois a maioria de suas obras é adaptação de literaturas pré-existentes.
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Publicado em 30 de novembro de 2022.

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