A série "Hitler e o Nazismo -- Começo, Meio e Fim" começa pela encenação do suicídio de Adolf Hitler no bunker onde passou os últimos meses na Alemanha.
O áudio que se escuta, em inglês, é a gravação da transmissão de uma rádio americana que noticia a rendição da Alemanha em ruínas, em 1945, a partir desse fato.
A guerra havia terminado, diz o locutor, e há uma festa na redação, nos EUA. Estima-se 60 milhões de mortos nos 2.319 dias que durou a Segunda Guerra Mundial.
Nos nada palatáveis seis episódios de mais de uma hora, se vê toda sorte de crueldade na batalha.
São soldados desfigurados, miséria, destruição, fome, filas de judeus empurrados para o abate e aquela insistente dúvida de como foi que chegamos nesse nível de crueldade.
O assustador, entretanto, é que no vai e vem da história, que começa no início do século 20, antes da Primeira Guerra, e volta para o Julgamento de Nuremberg, entre 1945 e 1946.
Há muitos dados tirados dos diários de William Shirer, jornalista que passou as décadas anteriores à Guerra na Europa como correspondente para jornais de Nova Iorque e Chicago.
Durante o trabalho, ele anotava aquilo que não poderia mandar para os periódicos.
Em 1940, conseguiu voltar aos EUA e publicar os "Diários de Berlim", que contavam o que ele viu na cidade de 1934 a 1941.
No fim da Guerra, Shirer volta ao continente para os julgamentos de Nuremberg -- 400 jornalistas do mundo acompanharam os 10 meses no tribunal e há 35 horas de vídeo e 1.200 horas de áudio de tudo que se passou lá.
Parte desses arquivos costura a série. A biografia de Shirer, "The Nightmare Years" (Os Anos de Pesadelo), também é um dos fios condutores dos episódios da Netflix.
Há trechos impressionantes de como os líderes abasteciam os soldados de álcool para que suportassem horas de extermínio aos judeus -- pré-criação dos Campos de Concentração.
Estarrecida diante das imagens sangrentas dos últimos episódios da série da Netflix, do noticiário internacional e do pessoal que defende chacinas, eu fico pensando onde é que vamos parar.