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Gênesis abusa de licença poética e cansa com trama inexistente na Bíblia
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Desde o começo de fevereiro, o telespectador de Gênesis tem acompanhado a história de Ur dos Caldeus. Essa é a quarta fase da novela e, até o momento, a mais longa e cansativa.
Com objetivo de contar a história dos pais de Abraão e fazer uma ligação entre uma fase e outra da novela, Gênesis abusou da boa fé de seu público ao estender mais do que deveria a história da cidade de Ur.
Licença poética
O grande problema é que pouca coisa nessa fase é baseada na Bíblia, o que gera frustração em quem espera justamente uma novela bíblica. O personagem principal da trama, Terá, é apenas citado no livro sagrado, coisa de uma linha. Porém, como ele é pai de Abraão, optou-se por usar a licença poética e criar uma história para conectar os personagens e apresentar um contexto mais rico em detalhes.
É sempre um grande desafio adaptar obras literárias para filmes, séries ou novelas. Quando se trata da Bíblia, a dificuldade é ainda maior. Além de ser um livro sagrado, a Bíblia não é um livro como outro qualquer. O estilo de texto e narrativa é diferente do que estamos habituados, o que dificulta a adaptação.
Superprodução rica em detalhes
Os autores de Gênesis estão certos em aproveitar a licença poética para construir a novela, mas é importante ressaltar que nesse caso o recurso não significa um completo desprendimento da história real.
Para a fase de Ur dos Caldeus, a novela contou com consultoria de historiadores, antropólogos, teólogos e arqueólogos. Costumes, hierarquia social, vestimentas e arquitetura da sociedade de Ur foram reproduzidos nos mínimos detalhes. Disso não há do que reclamar. A superprodução de Gênesis não está apenas nos efeitos especiais.
Novela bíblica sem Bíblia
O problema mesmo está na duração dessa fase. O telespectador está acompanhando há mais de um mês uma história que não lembra um capítulo ou sequer um versículo da Bíblia. No momento, os dramas de Gênesis são de uma novela qualquer.
Ninguém precisa de Gênesis para assistir histórias de traição, vingança, inveja e assassinato. Ao deixar o público tanto tempo sem uma conexão direta com a Bíblia, a novela perde a sua principal vantagem e qualidade.
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