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Indicado ao Oscar, 'Dois Estranhos' apresenta nova visão sobre racismo
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O filme 'Dois Estranhos', que entrou recentemente no catálogo da Netflix, ganhou notoriedade após ser indicado à categoria de "Melhor curta-metragem" do Oscar. Com 32 minutos de duração, a obra dirigida por Travon Free e Martin Desmond Roe é uma ótima oportunidade para debater violência policial e métodos para combater o racismo.
A história
'Dois Estranhos' repete o formato de ciclo temporal, mas apresenta uma história diferente do que estamos acostumados a ver em obras do tipo. No filme, o cartunista Carter, interpretado pelo rapper Joey Bada$, é morto por um policial assim que coloca os pés na rua. Ele só quer voltar para casa e passear com seu cachorro, mas acorda sempre no mesmo dia e é impedido pelo mesmo policial de cumprir a tarefa.
Para tentar escapar desse ciclo, Carter muda a sua forma de agir, as roupas que veste, o jeito de andar e até conversa com o policial. Porém, o plano dá errado em todas as ocasiões e ele é assassinado, sempre de uma forma diferente. A sequência frustrada do protagonista deixa claro que o problema não está nas pessoas negras que são alvo da violência policial, mas no sistema e nas pessoas racistas.
Conexão humana resolve tudo?
A repetição do ciclo temporal em Dois Estranhos também funciona para nos mostrar que o assassinato em massa de pessoas negras não é mero engano ou caso isolado. A prática é sistemática e escancara um problema grave e profundo nas corporações policiais. Negros ainda são vistos como uma ameaça.
Um fato que chama atenção no filme é a tentativa de Carter de sensibilizar o policial para não matá-lo. Ele apela para diversas coisas e o policial chega a ouvi-lo, mas de nada adianta. Estabelecer conexões humanas é uma estratégia que muitos defendem no combate ao racismo, mas será que é de fato eficaz? Será que uma pessoa racista é capaz de se sensibilizar com histórias e imagens de violência contra negros?
Histórias reais
'Dois Estranhos' conta uma história difícil de assimilar e assistir. É impossível não lembrar de casos reais como o de George Floyd. Inclusive, em todo o filme há referências sobre ele e outras vítimas de violência policial nos Estados Unidos.
Em dado momento, a crítica fica escancarada. Carter chega a dizer:
Vocês investigam nossos bairros demais e nos punem demais, nos prendem para sempre por bobagens que são brincadeira para os brancos.
O diálogo do filme com a realidade é uma qualidade, mas também pode ser um gatilho para pessoas negras. As cenas de violência são muito fortes e reais demais. Por isso, não recomendo para quem já é sensível a esses tipos de imagem.
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