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Aline Ramos

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Pantanal: Discurso militante de Guta destoa do restante da novela

Divulgação/Globo/João Miguel Júnior
Imagem: Divulgação/Globo/João Miguel Júnior

Colunista do UOL

04/05/2022 04h00

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Guta (Julia Dalavia) é uma personagem incômoda. Chegou ao Pantanal botando a banca e dando uma lição em Alcides (Juliano Cazarré), empregado da família. Com uma resposta sempre na ponta da língua, ela tem um papel importante na trama: ser o contraponto às declarações preconceituosas feitas pelas pessoas ao seu redor.

Porém, ao carregar a responsabilidade de ser a razão, Guta se transformou em uma personagem chata na maior parte do tempo. Seus discursos são feitos para agradar uma audiência que não tolera mais piadas discriminatórias, mas as falas nem sempre se encaixam na lógica de Pantanal.

Guta diz coisas sensatas, mas geralmente com uma linguagem inacessível para a sua família. Sua mãe, Maria Bruaca (Isabel Teixeira), é quem mais sofre por não entender nada e apenas nota que a filha voltou diferente de São Paulo. Já com o pai, Tenório (Murilo Benício), ela mais parece uma garota birrenta, por mais que esteja sempre com a razão.

A postura de Guta seria interessante se a proposta da personagem fosse ser uma crítica ao tipo de jovem que representa, mas essa não parece ser a intenção. Ela está sempre um tom acima, e isso não acrescenta muito à trama.

É uma pena que essa seja a abordagem. Tudo poderia ser dito com mais paciência e didática para não se perder a oportunidade de dialogar com um público mais abrangente sobre temas importantes. Em Pantanal, Guta tem muito a dizer, mas há pouca gente para ouvi-la.