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Aline Ramos

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Ser branca ajudou Ewbank a defender filhos de ataques racistas

André Nicolau
Imagem: André Nicolau

Colunista do UOL

30/07/2022 23h24

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Giovanna Ewbank foi filmada chamando outra mulher de "racista nojenta". No vídeo que circula nas redes sociais, é visível o quanto a atriz está revoltada. Em comunicado à coluna do jornalista Lucas Pasin, a assessoria dela e do marido Bruno Gagliasso explicou que os filhos do casal, Titi e Bless, foram alvo de ofensas racistas em um restaurante em Portugal. Uma família de turistas angolanos que estava no local também passou pelo mesmo.

Além dos xingamentos que aparecem no vídeo, Giovanna deu dois tapas e cuspiu no rosto da mulher que cometeu as ofensas. Bruno chamou a polícia, que levou a criminosa detida. A história teve um final minimamente satisfatório porque não houve impunidade total como em muitos casos de racismo ocorridos no Brasil.

Privilégio branco

Diante dessa situação triste e revoltante, é impossível ignorar que Giovanna só conseguiu defender os filhos com tanta energia porque é uma mulher branca. Isso, obviamente, não é uma crítica, mas a constatação de que, até na hora de se indignar contra o racismo, brancos possuem privilégios.

Se um episódio semelhante acontecesse com Taís Araújo e ela desse tapas e cuspisse no rosto de uma mulher branca que ofendeu seus filhos, a reação nas redes sociais seria outra.

Em 2017, Taís, que tem dois filhos com Lázaro Ramos, participou do Tedx Talks e falou sobre o desafio de educar crianças negras em um país racista como o Brasil. Na ocasião, a palestra viralizou nas redes sociais e a atriz foi alvo de uma enxurrada de ataques, além de ser chamada de vitimista. Ou seja, ao denunciar situações racistas que seus filhos enfrentaram, ela também se tornou alvo.

Esse tipo de dinâmica não é novidade. Vítimas de racismo precisam provar que são vítimas. E quando fazem isso, são chamadas de vitimistas.

Educação pelo exemplo

Por isso, é interessante ver como Giovanna usa de seus privilégios para proteger os filhos de todas as formas possíveis. Desde cedo, as crianças estão aprendendo, pelo exemplo dos pais, que não devem aceitar qualquer tipo de ofensa e que quem deve sentir vergonha é quem é racista.

Entretanto, é muito triste perceber que essas crianças vão passar por esse tipo de situação mais vezes e em qualquer lugar do mundo. Ser negro é uma alegria, mas muitas vezes é um tormento.