Onde está o violão do João Gilberto?

Sempre falei que João Gilberto foi uma das aparições mais importantes no meu programa. Primeiro porque não falava publicamente há 10 anos e não falou com mais ninguém nos seguintes 10 anos do nosso encontro. Ao morrer no seu flat de aluguel no Leblon, foi encontrada uma gaveta cheia de pijamas, um exemplar do LP 'Chega de Saudade' de 1959 e um carro sem gasolina na garagem. Mas, deixou seus violões, um deles o Tarrega que a Di Giorgia fabricou só para ele. Violão único, e logo de João Gilberto, já pensou? Houve uma briga judicial de seus herdeiros, mas para onde foi o violão não se teve notícia. Nem Ruy Castro, o maior investigador dessas coisas, ficou sabendo. O violão deveria mesmo é estar em um museu.

O piano que Cole Porter manteve em seu apartamento no Waldorf Astoria em Nova York, onde morava ao morrer em 1964, foi para o lobby do hotel. Não para enfeitar, mas para ser tocado nos fins de tarde - e tocar, claro, a música de Cole Porter. O Hotel, só por isso, ficou ainda mais desejável e faturou alto.
Esse violão poderia exercer o mesmo papel do piano de Cole. Não me perguntem como, mas procurem o Ruy Castro que ele terá uma bela ideia que não seja as pessoas pagarem para uma dedilhada. Onde quer que fosse exposto, seria lembrado, admirado e reverenciado, pois foi nele e dele que foram gestadas músicas e composições que até hoje emocionam plateias do mundo inteiro.