Nelson Wilians - Que rei é esse?

A expressão "Vida Longa ao Rei", que vem lá da Idade Média, é uma forma de demonstrar lealdade, respeito e desejar longevidade ao monarca reinante, além da estabilidade política e continuidade do governo.

Atualmente, há mais de 20 monarquias no mundo, embora nem todas sejam governadas por um rei. E a expressão "Vida Longa ao Rei" é frequentemente usada em cerimônias e eventos oficiais, especialmente durante a coroação ou a celebração de um aniversário importante do monarca.

Obviamente que estou puxando esse assunto ainda no calor da coroação do rei Charles III. Embora o poder político do monarca tenha diminuído ao longo dos anos, a instituição da monarquia continua a desempenhar um papel importante na vida britânica, especialmente no que se refere a questões cerimoniais e culturais. E Charles representa um símbolo notório da identidade nacional e cultural do Reino Unido.

Frequentemente, recebo em meu escritório empresários que buscam nossos serviços jurídicos. Quando se trata de um primeiro encontro, busco me preparar com todas as informações possíveis sobre esse empresário para conhecer a sua postura e entender as nuances do negócio dele e a cultura da sua empresa.
E digo com satisfação que, na maioria das vezes, me deparo com exemplos de uma realeza empresarial surpreendente. Empresários que exercem uma liderança colaborativa e inclusiva em seus negócios e que não se furtam a prestar contas de suas decisões e ações. Sobretudo, escutam e valorizam as opiniões dos seus parceiros e colaboradores, sempre pensando na perpetuação do negócio.

Mas, vez ou outra, também me deparo com a mesquinhez real, empresários agarrados ao trono, avessos a ouvir e muito afeitos a dar ordens, ávidos por processos que atendam tão somente às suas expectativas.

Como advogado, além de garantir que esteja agindo de acordo com as leis e regulamentações aplicáveis, e que esteja operando de forma ética e legal, busco auxiliar na estruturação da empresa de forma a garantir que o empresário não esteja acumulando poder demais e que haja controles adequados em vigor para avalizar a prestação de contas e transparência. Mas, acima de tudo, me empenho para fazê-lo ver que "o poder não é um jogo de soma zero. Quanto mais compartilhamos, mais temos" (Leymah Gbowee).

De fato, o poder pode ser expandido e compartilhado de maneira que todas as partes envolvidas sejam beneficiadas, e levar a uma maior cooperação e colaboração; e isso também me ajuda a resolver possíveis questões jurídicas de forma mais eficaz e eficiente. O benefício dessa postura empresarial, portanto, é amplo e diverso. Porém, para compartilhar o poder é preciso ser capaz de deixar o ego de lado. Essa é uma das principais habilidades para uma boa e verdadeira liderança.

Por isso, não à toa, toda vez que me deparo com um empresário pela primeira vez, me pergunto: que rei é esse?

Artigo por Nelson Wilians