Paris Fashion Week: A Fusão entre Luxo, Novos Designers e Tradição
Por Tamara Lorenzoni, Mestre em Gestão de Marcas de Luxo
A Paris Fashion Week, sendo o evento final do mês de moda, é inegavelmente um dos mais aguardados da temporada, e demonstrou nesta edição a fusão entre a tradição e a abertura a novidades, destacando-se tanto por suas maisons consagradas quanto pelos novos designers. Tradicionalmente dominada por marcas como Chanel, Dior e Hermès, esta temporada celebrou também a chegada de talentos emergentes, refletindo o desejo do mercado de luxo de se conectar com as novas gerações, sem abrir mão de seus pilares fundamentais: artesania, exclusividade e herança.
Novos Consumidores, Novos Designers
Um dos destaques foi a inclusão de novas marcas como Botter e Wales Bonner, que trouxeram narrativas culturais profundas e um compromisso com a sustentabilidade. Botter, ao explorar as origens caribenhas de seus designers, integra práticas ecológicas inovadoras em suas coleções, enquanto Wales Bonner mistura elementos da moda britânica e afro-caribenha, criando uma estética única e autêntica que celebra a herança multicultural com sofisticação. Essas marcas emergentes mostram que o luxo não está apenas nos materiais, mas também nas histórias e nos valores que representam.
A Vaquera, outra marca que chamou atenção nesta edição, trouxe uma proposta irreverente que desafia as normas tradicionais do luxo. Ao combinar o streetwear com a alta-costura, a marca rompe com os padrões de exclusividade clássicos, apresentando uma coleção que mistura exageros e proporções dramáticas com referências culturais urbanas. Essa abordagem de "luxo subversivo" é um reflexo do novo consumidor de luxo, que busca autenticidade e expressão individual.
A Atemporalidade da Tradição
Enquanto os novos talentos ganham espaço, as maisons tradicionais continuam a desempenhar um papel essencial. Chanel, Louis Vuitton, Dior e Hermès reafirmaram seu compromisso com a moda de luxo, preservando a ligação com o passado por meio de suas técnicas artesanais e oferecendo coleções que equilibram história e modernidade. Essas casas tradicionais também definem as tendências globais e continuam a inspirar a nova geração de designers, mostrando que o luxo é atemporal e que sua essência reside na combinação de estética impecável, qualidade incomparável e visão de futuro.
A Dior apresentou sua coleção Primavera/Verão 2025, que trouxe uma atmosfera de "princesa guerreira", com bodysuits e saias de franjas. O momento mais marcante foi a abertura do desfile pela arqueira Sagg Napoli, que, com flechas em mãos, definiu o tom de uma coleção que acertou em cheio no alvo da moda. Além disso, Bella Hadid fez seu aguardado retorno às passarelas desfilando para Saint Laurent, enquanto a marca Ganni se despediu da Copenhagen Fashion Week, fazendo sua tão esperada estreia em Paris.
A marca Chloé também trouxe sua marca registrada de feminilidade refinada, exibindo uma coleção que celebrou a leveza das mulheres modernas. Sob o comando de Gabriela Hearst, a Chloé reafirmou seu compromisso com a sustentabilidade, utilizando tecidos ecológicos e práticas de produção conscientes, sem comprometer o requinte que a define. A feminilidade elegante e contemporânea da Chloé se destacou ao mostrar que o luxo não precisa ser rígido, mas pode ser fluido e adaptável, mantendo o compromisso com a inovação sustentável.
Conexão Intercultural e Representatividade
A representatividade também ganhou força nas passarelas desta temporada com as participações marcantes de Anitta e Taís Araújo. Anitta, desfilando pela primeira vez para a icônica Mugler, trouxe uma energia vibrante e conectou o luxo à cultura pop, enquanto Taís Araújo representou no desfile da L'Oreal que celebrou a inclusão e o impacto global da moda, ao lado de outros nomes potentes como Cara Delevingne e Viola Davis. Essas participações reforçam o papel transformador da moda ao ampliar sua relevância cultural e social.
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A Mugler, um dos grandes destaques da edição, sob a direção de Casey Cadwallader, trouxe um desfile ousado e teatral, combinando a estética provocativa da marca com elementos futuristas e tecnológicos. A participação de Anitta no desfile ajudou a conectar o público jovem à marca, reforçando sua relevância no cenário global. A Mugler continua a ser um exemplo de como o luxo pode ser reinventado, sem perder sua essência, mantendo o equilíbrio entre tradição e inovação.
Paris Fashion Week 2024 reafirma sua posição como o palco definitivo para a moda de luxo, onde tradição e inovação se encontram de maneira singular. Nesta temporada, tanto as grandes maisons como Dior e Saint Laurent, quanto os novos talentos como Vaquera e Botter, demonstraram que o luxo coexiste e reflete os desejos de um consumidor global que busca autenticidade, exclusividade e representatividade. A presença de estrelas brasileiras como Anitta e Taís Araújo, e a estreia de marcas emergentes como Ganni, trouxeram diversidade e inovação às passarelas, mostrando que a moda de luxo vai além das roupas, e gera conexão cultural e emocional.
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