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Liane Maya em Hairspray: vilã cômica que provoca reflexões sociais

Por: Flávia Viana

Em cartaz com o musical "Hairspray" no Teatro Renault, Liane Maya interpreta Velma Von Tussle, uma personagem carregada de intolerância, vaidade e insegurança. Em entrevista ao Blog Amaury Jr., a atriz compartilhou detalhes de sua construção cênica e como utiliza o humor e nuances emocionais para provocar reflexões sobre preconceito e mudanças geracionais.

Liane Maya
Liane Maya Imagem: José de Holanda/Divulgação

Velma, descrita por Liane como "intolerante e cruel", é também humanizada através de suas fragilidades. "A falta de amor e a frustração interior foi onde eu consegui humanizá-la, para que não se tornasse apenas uma caricatura", explica. Inspirando-se em mulheres narcisistas e temerosas do envelhecimento, Liane utiliza a linguagem cômica para reforçar o desequilíbrio da personagem, alternando entre simpatia cínica e crueldade, criando um impacto profundo no público.

A caracterização em cores vibrantes é outro pilar essencial para sua Velma. Figurinos inspirados no glamour de "O Diabo Veste Prada", combinados com uma peruca loira platinada e maquiagem robótica, ajudaram Liane a mergulhar no arquétipo das vilãs icônicas. "Foi uma construção coletiva com profissionais brilhantes, que moldaram a essência visual da personagem", elogia.

Além do entretenimento, "Hairspray" tem um papel transformador. A trama ambientada na segregação racial dos anos 60 ressoa com questões contemporâneas, especialmente para o público jovem. "É uma vitória saber que estamos conseguindo fazer essa reflexão com as novas gerações", celebra a atriz, reforçando a relevância do espetáculo no cenário atual e provando que, mesmo no papel de vilã, é possível abrir diálogos importantes e, com humor e talento, convidar o público a refletir sobre os desafios de ontem e de hoje.

E para além do palco, Liane mantém estreita a sua conexão com a música, refletida em toda a sua trajetória, tanto na experiência com o grupo feminino As Frenéticas, que integrou durante oito anos, quanto no seu novo projeto musical, Rosa Chock, ainda a ser lançado, e que será feito essencialmente por mulheres.

"Esse grupo (As Frenéticas) mudou a atitude e o comportamento feminino de sua geração e continua sendo referência de mulheres à frente do seu tempo. Eu venho de uma experiência musical como cantora onde sempre valorizei a liberdade e a atitude forte das mulheres. E é interessante hoje fazer esse oposto no palco, mostrando uma mulher que vive do passado. Talvez se Velma tivesse conhecido As Frenéticas, ela 'abriria suas asas e soltaria suas feras'", brinca.

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Imagem: Divulgação

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do BOL

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