In-Edit: vai Começar a Festa dos Documentários Musicais
Começa quarta-feira, dia 9, e vai até 20 de setembro, a nova edição do meu festival favorito de filmes, o In-Edit, dedicado a documentários musicais.
Devido à pandemia, a edição de 2020 será totalmente virtual. O aluguel de cada filme custa a bagatela de três reais, e há vários filmes gratuitos.
A lista completa de filmes está no site oficial do festival In-Edit.
A programação de 2020, como sempre, é muito eclética e traz filmes sobre gêneros variados. São cerca de 60 títulos, entre longas e curtas.
Recebi os links há poucos dias e não tive tempo de ver a maioria dos filmes. Destaco a seguir alguns títulos a que já assisti e fiz uma lista de filmes que planejo ver. Mas sugiro que você pesquise o catálogo e assista ao maior número de filmes que puder. Alguns desses títulos não são facilmente encontráveis fora do In-Edit.
Até o fim do festival, postarei em minha conta de Twitter (@andre_barcinski) dicas sobre outros filmes do festival.
JÁ VI:
The Men's Room (Petter Sommer, Jo Vermund Svendsen, Noruega, 2018)
Esse é imperdível: um coral masculino de uma pequena cidade da Noruega está se preparando para o show mais importante de sua existência, abrindo para o Black Sabbath, quando descobre que seu regente está condenado por um câncer incurável. É um doc lindíssimo e comovente que, sem apelar a fórmulas fáceis de sentimentalismo, fala sobre o poder que a música tem para unir pessoas e melhorar suas vidas. A primeira metade é engraçada e divertida; a segunda metade é das coisas mais emocionantes que vi em muito tempo.
Swans: Where Does a Body End? (Marco Porsia, Canadá, 2019)
Liderada há quatro décadas por Michael Gira, o Swans passou por várias fases e estilos, da "no wave" ao "noise", até se tornar uma das bandas mais cultuadas da cena industrial, influência de Ministry, Nine Inch Nails e muitas outras. Esse doc tem excelentes cenas de arquivo e depoimentos de Gira.
Batida de Lisboa (Rita Maia e Vasco Viana, Portugal, 2019)
Excelente doc sobre como DJs, MCs e produtores de famílias vindas de Angola, São Tomé, Cabo Verde e Guiné Bissau tomaram a cena eletrônica de Lisboa e criaram uma sonoridade nova e vibrante, misturando ritmos e sons africanos. A música é sensacional.
The El Duce Tapes (Rodney Ascher, David Lawrence, EUA, 2019)
Eldon Hoke (1958-1997), mais conhecido por El Duce, era o líder do grupo Mentors, uma das maiores podreiras sonoras da história, com letras grotescas sobre violência e misoginia. Duce ficou conhecido ao afirmar, sem nenhum tipo de comprovação, que Courtney Love o havia contratado para matar Kurt Cobain. Era figurinha fácil em "talk shows" sensacionalistas da TV americana, onde invariavelmente chocava as plateias com frases de efeito (vi o Mentors ao vivo algumas vezes e achava uma tremenda palhaçada; nunca entendi como alguém podia se chocar com algo tão obviamente encenado). Esse filme, tirado de shows gravados por um fã, é muito simples e nada brilhante, mas vale se você quer conhecer esse acidente ambulante chamado El Duce.
Stiv - No Compromises, no Regrets (Danny Garcia, Espanha, 2019)
Outro filme simples e sem firulas sobre um personagem de extremos: Stiv Bators (1949-1990), pioneiro do punk americano com os Dead Boys e depois pioneiro do som gótico com o Lords of the New Church. O filme é focado nos últimos anos da vida de Bators, em Paris, onde morou - e morreu - com a namorada, Caroline, sua alma gêmea no quesito insanidade.
Ibiza - The Silent Movie (Julian Temple, Reino Unido, 2019)
Temple, um dos grandes documentaristas do punk, autor de filmes importantes sobre Sex Pistols, Joe Strummer e Dr. Feelgood, conta, sem diálogos, a história fascinante da ilha de Ibiza, da chegada dos fenícios às gigantescas discotecas que atraem milhares de pessoas todo ano. O filme tem algumas animações de gosto um tanto duvidoso, mas as cenas de arquivo, especialmente as das chegadas de hippies e beats ao local, nos anos 1960, são demais.
Dom Salvador & The Abolition (Arthur Ratton e Lika Hara, EUA, 2020)
O filme é americano, mas o tema é brasileiríssimo: a vida de Dom Salvador, o octogenário pianista, um dos pais do samba jazz e da soul music brasileira. Salvador gravou discos clássicos de Elis Regina, Elza Soares, Jorge Ben e Roberto Carlos. No início dos anos 1970, montou o Abolição, um dos grandes grupos da black music brasileira, e logo depois mudou para os Estados Unidos, onde mora e trabalha até hoje. Além de contar sua vida e obra, o filme mostra a comovente história de amor de Salvador e a esposa, Mariá, que foi diagnosticada com demência.
Garoto - Vivo Sonhando (Rafael Veríssimo, Brasil, 2019)
Com depoimentos e imagens de arquivo de Paulinho da Viola, Baden-Powell, Yamandu Costa, Tom Jobim e outros grandes instrumentistas, o filme presta homenagem a Annibal Augusto Sardinha (1915-1955), mais conhecido por Garoto, um mestre dos instrumentos de corda, influência em todos os violonistas e bandolinistas que vieram depois.
QUERO VER (sinopses tiradas do catálogo do festival):
Aleluia, O Canto Infinito do Tincoã (Tenille Bezerra, Brasil, 2020)
O artista baiano Mateus Aleluia, ex-integrante da banda Os Tincoãs, conta sobre sua vida, seu trabalho e sua espiritualidade.
Elton Medeiros - O Sol Nascerá (Pedro Murad, Brasil, 2020)
Linda homenagem ao compositor Elton Medeiros. Junto com seu filho, ele canta, conta histórias e emociona.
Matriz.Doc (Otávio Souza, Brasil, 2020)
Pitty a olho nu. O diretor Otávio Souza, que há anos trabalha com a artista, aproveita seus momentos de invisibilidade para registar o processo criativo do álbum Matriz, um disco que marca uma reviravolta na carreira da cantora.
Sambalanço - A Bossa Que Dança (Fabiano Maciel, Brasil, 2019)
Samba com jazz? Samba com Soul? Samba com outros instrumentos? Mas afinal, o que é Sambalanço? O jornalista, crítico musical e roteirista Tárik de Souza desenvolveu uma ampla pesquisa para contar essa história fácil de entender e irresistível para dançar.
Ventos que Sopram - Pará (Renato Barbieri, Brasil,2020)
Felipe Cordeiro nos leva a um passeio musical pelo seu Pará natal. Entre conversas e sessões musicais sobrevoamos ritmos diversos e uma riqueza cultural que orna com a beleza de seu entorno natural.
Nada Pode Parar Os Autoramas (Bruno Vouzella, Manoel Magalhães, Brasil,2020)
O ano era 2003. Sem grana, sem gravadora e com a ajuda de bons amigos, uma das mais emblemáticas bandas do rock no Brasil, os Autoramas, gravou seu terceiro álbum, "Nada Pode Parar os Autoramas". Tudo fica mais engraçado quando Gabriel Thomaz conta seus incríveis "causos".
Viva Alfredinho! (Roberto Berliner, Brasil, 2019)
O bar Bip Bip é uma instituição no samba carioca. Pilotado durante décadas por Alfredinho, os boêmios se acumulavam na calçada para ouvir a banda que fica dentro do minúsculo bar.
Aznavour by Charles (Marc di Domenico, Charles Aznavour, França, 2019)
Em 1948, Charles Aznavour ganha de Edith Piaf uma câmera Paillard-Bolex e passa a filmar suas viagens, as pessoas com quem convive e momentos de sua intimidade. A partir dessas imagens, e com a ajuda do diretor Marc di Domenico, o próprio cantor constrói suas memórias.
My Darling Vivian (Matt Riddlehoover, Estados Unidos, 2020)
Depois do sucesso do filme "Johnny and June", as filhas do primeiro casamento de Johnny Cash decidem contar sua versão dos fatos e fazer justiça ao papel de sua mãe Vivian, que sempre viveu à sombra do cantor.
Sarajevo: State In Time - A Story Of Laibach & NSK (Benjamin Jung, Théo Meurisse, França, 2019)
Durante a guerra da Iugoslávia, a banda eslovena Laibach decidiu fazer uma apresentação em Sarajevo e dar continuidade ao projeto NSK (Nova Arte Eslovena).
The Quiet One (Julia Parnell, Rob Curry, Nova Zelândia, 2019)
Bill Wyman, baixista original dos Rolling Stones, abre seu arquivo pessoal e seu coração. Entre lembranças e imagens inéditas, o Stone quieto dá sua versão da história.
Uma ótima semana a todos.
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