Amigos homens, vejam 'I May Destroy You'
Parece clichê, mas eu realmente gostaria que meus amigos homens tirassem um tempo da sua vida para ver a obra de Michaela Coel. Ela usou relatos tão pessoais que tornou "I May Destroy You" uma obra dolorosa e necessária.
Michaela contou que escreveu várias versões do roteiro antes de chegar no final da série que co-dirigiu, escreveu e protagonizou. Ela viveu Arabella, uma jovem escritora londrina de ascendência ganesa de um bom humor millennial.
Bom, sem muito rodeio: a história é que Arebella está no processo de um segundo livro. Quando sai para relaxar com amigos, ela acaba sendo drogada e abusada sexualmente.
Sim! É isso que acontece logo de cara no primeiro episódio e você, junto com ela, vai acompanhar frame a frame a situação.
Sou muito crítica quanto a violência sexual como recurso narrativo. Eu sempre me pergunto: "será que precisamos mesmo que fulana sofra um estupro para crescer como personagem?"
Mas não é o caso de "I May Destroy You".
A série te joga na cara comportamentos masculinos destrutivos, e sei que de primeira você vai pensar que devo estar falando apenas do abusador em questão, mas não é por aí.
Todos os homens em volta de Michaela tem uma lição para ensinar sobre comportamentos machistas e destrutivos.
A cultura do estupro é uma realidade! E se aprende na série que não acontece só com mulheres e também pode rolar com homens.
O que ilustra bem uma das coisas mais importantes que você, amigo homem, pode aprender assistindo: consentimento, limites e que o termo ESTUPRO é amplo.
A série também aborda uma discussão aberta e ampla sobre o que é um estupro através da cena que acontece um "stealthing", termo que infelizmente não tem tradução exata para língua portuguesa. Mas basicamente consiste na prática de se retirar a camisinha sem o consentimento durante o ato sexual.
Queria sentar numa mesa de bar e ouvir meus amigos homens falando sobre qual parte da série se identificou. Eu tenho certeza que, principalmente as mulheres, se viram em muito dos abusos que a protagonista sofreu, não só sexual, mas o comportamento predatório e acobertamento dos homens.
Gostaria de encerrar falando coisas positivas, sobre como crescemos em quanto sociedade com uma obra do tipo. Mas a real é que fico triste por Michaela roteirizar sobre um abuso vivido, para que principalmente os homens entendam o que significam limites quando se trata do corpo do outro.
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